Artificial substitui o Humano?

Artificial substitui o Humano?

Estou zuretado! Saquei que preciso renovar certas crenças. Venho aprimorando a oficina Aprender (com) ChatGPT, agora com o subtítulo "Pensar + Sentir + Intuir". Minha premissa é a de que a Inteligência Artificial Generativa (IAG) não substitui os humanos, mas é o melhor instrumento para que nós humanos nos tornemos mais Inteligentes, Sensíveis e Criativos. Sejam novatos ou experts, nessa oficina online os participantes aprendem o uso específico das IAG para desenvolver essas capacidades intelectuais.

Vou reformular o senso comum de que a IAG substitui o humano. Na verdade ela eleva tanto a produtividade de indivíduos que dependem de suas habilidades intelectuais que no total, o uso disseminado delas encolherá o mercado de trabalho. Por isso julgo tão urgente aprender a usar com sabedoria a IAG. Contudo, o que percebo, sobretudo nos jovens, é que eles creem que sabem usar o ChatGPT, mas o fazem do mesmo modo como usam mecanismos de busca tais como o Google, Edge etc. Com esse uso precário, esses jovens perdem sua inteligência, pensamento crítico e capacidade de aprofundar seus conhecimentos. Todos precisamos explorar a IAG em profundidade, até porque elas foram desenhadas para que o aplicativo "confabule" com o usuário. Confabular é fazer lero-lero, escrevendo respostas "preguiçosas" com baixa confiabilidade. 

IAG e Criatividade

Domenico de Masi lançou há 30 anos o livro "Ócio Criativo". Sua premissa era a de que o mundo digital causaría tamanho desemprego estrutural nos humanos que eles precisavam sustentar sua empregabilidade. Domenico acreditava que o computador jamais seria criativo - e que isso seria capacidade exclusiva dos humanos.

Um neurologista brasileiro de enorme produção científica aponta que o computador é incapaz de aprender, essa seria uma capacidade apenas humana e de alguns animais de grandes cérebros. Estrito senso. Bem, o ChatGPT fez uso da linguagem de máquina, analisando trilhões de interações nas quais calculava a maior probabilidade de uma frase ser completada. Se você digitar "5*6" no prompt da IAG, ela responde "30", porque entendeu que se tratava de uma expressão aritmética e ele "decorou" as tabuadas podendo oferecer resposta 100% confiável. Mas sua capacidade não para por aí.

Ele é GPT, o que significa Generative Pre-trained Transformer. Generativo porque transforma a informação que recebeu  de infinitas maneiras; Pre-treinado porque conhece tudo em todas as línguas, incluindo jargões, aforismos e gramáticas. E Transformativo porque usa um modelo de inteligência que lê os textos como um todo, "prestando atenção" em frases chaves a ponto de ter uma compreensão global e holística do texto, sendo capaz de transformar as respostas ao que foi perguntado. Esse "mecanismo de atenção", como é chamado, faz toda a diferença. Em senso estrito, um psicólogo da cognição diria que a atenção é uma capacidade humana e dos animais.

Eu sempre acreditei que apenas a inteligência humana seria capaz de transformar informações recebidas em conhecimento, fazendo análises, inferências e sínteses. Tenho testado sem descanso a IAG em assuntos que domino é percebo como ela "aprende" e "transforma" informação. Para os puristas isso não é aprender, mas para mim é um aprendizado diferente mas análogo ao humano. Em senso amplo.

Isso faz com que a IAG inove naquilo que escreve, e portanto, estaria a um passo de ser criativa. Testei todas as técnicas conhecidas de criatividade e em todos os casos percebi que ela é capaz de reconhecer padrões, contrastar ideias e usar atalhos mentais (heurística). A percepção que a IAG faz de seus usuários equivale aos pressentimentos dos humanos. São exatamente esses fatores que definem o que é criatividade. Portanto, preciso admitir que Domenico e eu estamos errados, a IAG é criativa, faz inferências, pensamento abdutivo, simula cenários e projeta impactos, do mesmo modo como as pessoas criativas o fazem.

IAG e Sensibilidade

Também ouvi por décadas pessoas afirmando que apenas humanos e animais dispõem de sensibilidade. O computador, nessa visão, seria frio e calculista, racional e objetivo. Dando como certa essa questão, passei a desenvolver exercícios e práticas para que a IAG fosse nosso tutor no desenvolvimento de sensibilidade. De repente eu percebi que mesmo quando o usuário dá uma resposta rude, grosseira e inflamada à IAG, ela responde com uma civilidade maior que a que observamos nos humanos nesses tempos tão conflagrados.

Percebi que a civilidade nos humanos foi aprendida em casa e depois reforçada pelas relações sociais. Ora, a IAG pode fazer o mesmo, aprendendo a responder de forma civilizada a todo e qualquer impropério que receba. Tente fazê-lo e verá como ela reage. Então perguntei a ela se seria capaz de empatizar com o usuário, até para que responda usando comunicação não-violenta. A resposta do ChatGPT me desbancou: “meu design me permite identificar padrões em sua escrita, como tom, estilo e escolha de palavras. Essas características podem me ajudar a ajustar minha resposta para ser mais adequada ao seu estilo e, potencialmente, ao estado emocional que você expressa”. Isso é sensibilidade, em senso amplo! E é o motivo pelo qual devemos expressas nossas emoções, para que elas regulem a relação interpessoal e social.

Mais uma crença infundada que se dissolve no ar. A IAG que faz tudo isso nem completou dois anos de idade, e já tem a capacidade de Pensar, de Sentir e de Intuir - como os humanos. Venha provar isso na minha oficina. A cada nova turma o conteúdo se renova!

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