A audiência percebe que estou nervoso?

A audiência percebe que estou nervoso?

Antes de uma apresentação, uma palestra ou qualquer outra situação em que falamos em público, será que a audiência nota o nosso nervosismo? Quais são os sinais que nos denunciam? E de que forma podemos usar a empatia a nosso favor para tentarmos minimizar esses sinais?

No que toca à comunicação não verbal, há sinais de alerta que, de certa forma, passam uma mensagem inconsciente do nosso nervosismo, como por exemplo mexer muito nas mãos, ter uma caneta na mão e passá-la de um lado para o outro, mexer nos anéis, no cabelo, em objetos… Isto são tiques de auto-acalmia. É uma tentativa de passar o nervosismo para os objetos para nos conseguirmos acalmar. O problema é que a audiência vai sentir esse desconforto.

Esta questão de desconforto está ligada ao facto de termos uns neurónios chamados “neurónios-espelho”: simplificando, são os neurónios responsáveis pela imitação subconsciente de certos comportamentos. Isto não significa que se levantarmos o braço toda a gente vai levantar o braço; significa, sim, que, por exemplo, se estivermos visivelmente desconfortáveis, o público vai sentir aquilo a que comummente chamamos “vergonha alheia”. E qual a melhor maneira de travar essa vergonha alheia? Desviando o olhar. Mas quais as consequências de desviar o olhar? Enquanto oradores, perdemos por completo a atenção do público e, a partir do momento em que a perdemos, é muito difícil reganhá-la. Daí ser tão importante estarmos confortáveis.

O neurónio-espelho funciona pelo lado negativo, ou seja, se estamos desconfortáveis passamos uma mensagem de desconforto, mas também funciona pelo lado positivo, isto é, se estivermos confortáveis transmitimos uma imagem de conforto, o que, por sua vez, gera, automaticamente, mais empatia.

Será que para criarmos empatia temos de manter um sorriso falso?

A empatia é um enorme fator de influência. Isto não quer dizer que tenhamos de manter um “sorriso amarelo” quando falamos com as pessoas mas sim que não devemos ter uma postura fechada, uma cara fechada. Quando subimos para palco, vale a pena olharmos para o público – o facto de criarmos contacto visual vai fazer com que a própria audiência se sinta mais à vontade.

Na maioria dos cenários, o público nota que é um sorriso falso e isto cria imediatamente uma barreira na comunicação. Há, de facto, pessoas que não têm tanta facilidade em sorrir, é algo que não lhes é tão natural. E quando é o caso, há outras ferramentas não verbais a que podemos recorrer.

Dentro da nossa linguagem não verbal, para criarmos empatia e como já referido, o contacto visual é mais importante para criar ligação com o outro lado do que propriamente o sorriso.

Uma gesticulação mais aberta também compensa a ausência do sorriso. Naturalmente, tendemos a ser vistos como mais empáticos, mesmo que não tenhamos tanta tendência para sorrir.

Outro comportamento não verbal que pode substituir o sorriso é, quando estamos a falar com alguém, virarmos o tronco na direção da pessoa e não apenas a cabeça, o que mostra mais interesse e disponibilidade.


Se falar em público é algo que faz parte do seu dia-a-dia e sente que precisa de dominar técnicas que o vão fazer sentir-se mais confortável, mais seguro de si mesmo e com uma comunicação mais fluída, saiba mais sobre o tema no episódio 2 “A Arte de Bem Falar em Público” do Speakcast – veja o vídeo aqui.

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