Persuasão ou Manipulação?

Seja num debate ou numa simples troca de ideias, é possível lidarmos com os argumentos contrários, reconhecer-lhes a validade e, muitas vezes, até virá-los contra a oposição.

Já no que toca a manipulação, a única forma de a contrariarmos é conseguindo justificar melhor do que quem nos tenta manipular.

Mas qual é a grande diferença entre persuasão e manipulação?

Quer para persuadir, quer para manipular, podem usar-se quase todas as mesmas ferramentas. É perfeitamente possível manipular através da verdade, assim como persuadir através da verdade. Mas com a mentira apenas é possível persuadir se não soubermos que é mentira – pois o que separa a persuasão da manipulação é a ética.

As ferramentas, quase transversais, são utilizadas de forma muito mais intensa durante a manipulação: cria-se urgência, urgência essa que leva o outro lado a não ter espaço de manobra nem sequer para pensar sobre o assunto. O mais comum nestes cenários é o lado manipulado aperceber-se disso a posteriori e não no momento.

Mas a grande diferença entre persuasão e manipulação reside, de facto, na ética. Se estivermos a convencer alguém a agir porque sabemos que essa ação irá trazer benefícios para a pessoa e para nós é, precisamente, persuasão – e está tudo bem com isso. Em contrapartida, se tentarmos convencer alguém a fazer alguma coisa que sabemos que não será benéfica para esse alguém mas sim apenas para nós, temos manipulação – e o que nos impede de o fazer é a nossa consciência.

Já ouviu (ou, até mesmo, disse), decerto, a frase “Eu não consigo vender algo em que não acredito!”. Não é em vão que isto acontece – até a nossa linguagem não verbal nos sabota quando não acreditamos naquilo que estamos a dizer. Existe ética, existe consciência e o nosso próprio comportamento e postura deixam de ser convincentes.

Sabemos que existem pessoas mais fáceis de manipular e não podemos mudar essa característica em si. Mas é possível prevenir a manipulação dotando os indivíduos de ferramentas de espírito crítico para que consigam identificar o que é verdade e o que é mentira. Se nos abstivermos de usar estratégias de argumentação que provam a verdade, vamos abrir a porta à mentira que vem do outro lado.

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