Back to basics – Inteligência humana na era da inteligência artificial
Nos últimos meses, tenho me dedicado bastante a consumir conteúdos sobre estratégia. Depois de um longo ciclo investindo nos conhecimentos de gestão de produtos digitais, gestão de dados e é claro, a inevitável inteligência artificial, fiquei com a sensação de que, na prática mesmo, os problemas são todos muito simples.
Simples não quer dizer fácil, acho até que pelo contrário, o simples é muito difícil. É simples dizer que o usuário “só quer” o seu problema resolvido, na hora que precisa, com a disponibilidade que precisa. Isso tudo é muito simples.
É simples dizer que uma empresa precisa ser capaz de atender as necessidades do seu cliente, e que os times precisam estar motivados e empenhados nisso. Nenhuma novidade sob o sol, mas vai fazer!
A verdade é que a inteligência artificial chega como uma ferramenta disruptiva para as empresas, e quanto mais a gente estuda, mais nítido fica que será uma das maiores revoluções tecnológicas dos últimos tempos. Não faltam conteúdos sobre isso. Mas o que tem me feito refletir ultimamente está ligado a como vamos conseguir aproveitar isso em escala. Afinal, mesmo com IA (ou ainda mais com ela), precisamos de inteligência humana para extrair resultados de qualquer tecnologia. E como se adquiri inteligência?
Ano passado vivi a difícil tarefa de procurar escola para minha filha, que está iniciando na primeira série. Não tenho dúvidas que eu quero que ela seja uma pessoa inteligente, além de tantos outros valores essenciais. Também não tenho dúvidas do meu papel principal, como família, nessa construção. Ainda assim, eu queria buscar uma escola que pudesse contribuir nessa formação. E fui estudar.
O que eu descobri é que o processo de “aquisição de inteligência”, se assim podemos chamar, funciona muito mais na velocidade analógica do que digital. O cérebro armazena informação pela repetição, escrita manual e principalmente, pela experiência, vivência e motivação. Viemos com esse instinto “de fábrica”, e não precisamos de muitos estímulos positivos para buscar aprender sobre aquilo que gostamos. Na verdade, a ausência de estímulos negativos já seria um grande avanço, já que, ainda mais no mundo de hoje, aprender a “gostar de aprender” me parece ter muito mais importância que o aprendizado em si.
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Fomos capazes de construir máquinas que respondem na velocidade do digital e nos acostumamos com essa velocidade de respostas. Mas a grande verdade é que nosso cérebro não funciona dessa forma. A velocidade em que a Alexa nos responde, sobre a variedade de perguntas possíveis, não é a mesma que uma pessoa poderia fazer. Mas quando não existem respostas prontas, ou quando se quer sabemos o que perguntar, a única inteligência capaz de chegar a uma nova resposta, é a humana.
Se você perguntar para grandes executivos quais os maiores desafios que seus negócios enfrentam, mesmo nesta era de transformação digital, há uma enorme chance de a resposta ser gente (e não tecnologia).
Achei uma grande ironia... Ironia estar estudando com tanto afinco inteligência artificial, quando o que mais precisamos para resolver os problemas (que são simples) do mundo são pessoas. E quando vemos que, mesmo para trabalhar com inteligência artificial, a inteligência humana é tão requerida.
Sem desprezar por sequer um instante os benefícios que a IA traz e ainda trará para o mundo dos negócios e para as pessoas - economizando tempo, ampliando capacidades, aumentando a produtividade; e sem negar a necessidade de estudá-la e aplicá-la em diferentes contextos, preciso dizer, que eu ainda sou uma entusiasta e profunda admiradora da inteligência humana. E mesmo hoje, me parece que os desafios do futuro (e do presente), estão muito mais ligados a ela.
Não se trata de uma questão de competição, já que não haveria sequer espaço para falarmos de inteligência artificial sem uma razão (sempre humana) por traz. Os problemas são humanos, e vai ser a gente mesmo que vai ter que lidar com eles, tomando para si a responsabilidade e fazendo o que precisa ser feito.
Por isso, abra você também um word em branco. É difícil, mas olha só, é simples. Compre uma caneta e um caderno, folheie um livro físico, exercite. Tem algo muito valioso e inovador bem aí na sua capacidade (analógica) de processar informação, algo que nem a melhor IA consegue imitar. Coloque sua inteligência humana para trabalhar para o mundo, para os negócios e para você.
Head of Design & Consumer Insights
6 mMe ganhou no momento em que escreve do coração e da mente, e sem aquela IA que só deixa todos os textos iguais! Adoro ouvir a sua escrita - porque ao ler consigo te ouvir falando! Obrigada por compartilhar! :)