Banco de Portugal revê em baixa crescimento da economia
O Banco de Portugal (BdP) reviu hoje em baixa a sua previsão de crescimento para a economia portuguesa este ano e também para os próximos dois anos.
Para 2015, a revisão foi de uma décima, apontando-se agora para que o PIB aumente 1,6%. O BdP mantém-se uma das instituições mais optimistas face à evolução da economia este ano, numa altura em que, perante a inesperada desaceleração no terceiro trimestre, a maioria das projecções não vai além de 1,5%.
O maior corte nas previsões do boletim económico de inverno prende-se com o investimento, que deverá crescer 4,8%, quando no boletim de Outubro se apontava para 6,2%. Mas o consumo privado e as exportações líquidas também foram revistos em baixa - no último caso, a quebra para Angola merece destaque, anulando inclusive alguns ganhos de quota de mercado conseguidos este ano.
Num quadro de maior incerteza do que o habitual, devido ao facto de ainda não ser conhecido o OE/16, o BdP espera que a economia cresça 1,7% no próximo ano e 1,8% em 2017. Perante a ausência do Orçamento, o supervisor baseia as previsões em pressupostos que poderão ser alterados entretanto, como a devolução de apenas 20% dos cortes salariais aplicados em 2011, por exemplo.
Com a recuperação gradual da economia a manter-se nos próximos dois anos, o BdP acredita que só no final de 2017 os níveis de riqueza do país vão igualar os que se registavam em 2008, no início da crise financeira.
Défice pode ficar no limite das regras de Bruxelas
O BdP não faz previsões orçamentais, mas a crença do supervisor é de que Portugal ainda é capaz de alcançar um valor de 3% do PIB, ou um pouco abaixo, que lhe permita iniciar o processo de saída do Procedimento por Défices Excessivos (PDE) da Comissão Europeia.
No boletim de Outono, já se levantavam dúvidas sobre a meta de 2,7% do PIB, afirmando-se que, na melhor das avaliações, valores mais próximos de 3% ainda eram possíveis, mas seria um desafio exigente. Os dados das últimas semanas vieram reforçar essa convicção.