Biossurfactantes
No campo da biotecnologia, o cultivo de micro-organismos tem diversas aplicações, dentre as quais, as mais conhecidas são a produção de vacinas, alimentos, bebidas fermentadas e biocombustíveis. Mas existem micro-organismos que produzem substâncias que ajudam também na despoluição de águas contaminadas. Estas substâncias são chamadas de Biossurfactantes.
Surfactantes são moléculas que diminuem a tensão interfacial entre água e óleos, envolvendo assim a fase oleosa e facilitando sua remoção da fase aquosa, por isso são amplamente utilizados em detergentes e produtos de limpeza em geral. Os BIOssurfactantes possuem o mesmo potencial de aplicação, porém sua origem é de um ser vivo, podendo ser extraídos de plantas ou produzidos por micro-organismos.
Na natureza, os micro-organismos produzem estas substâncias para ajudar na descontaminação da água onde eles e outros seres vivos dependem para sobreviver. Porém, por mais precavida que seja, a natureza, em algumas situações, não está preparada para a ação desenfreada do homem, e os micro-organismos presentes naquele bioma não conseguem, sozinhos, amenizar os efeitos provocados por um desastre ambiental.
Neste momento entra a ação dos homens também, porém, daqueles que trabalham com a pesquisa destes micro-organismos com o objetivo de remediar estas contaminações. Nosso exemplo aqui é o grupo de pesquisa do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI), em parceria com a Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), ambos sediados em Recife.
Este grupo buscou, em uma área já contaminada do Porto de Suape, Ipojuca – PE, por micro-organismos com capacidade de produzir biossurfactantes, coletaram eles de amostras desta área, isolaram em laboratório e selecionaram aqueles que apresentaram o melhor rendimento na produção destas biomoléculas.
Todo este processo de estudo, seleção de potenciais linhagens e otimização do rendimento do bioproduto ocorre dentro de um biorreator, onde se pode criar um ambiente isolado sem competição com outros micro-organismos, além de um controle mais efetivo das condições de pH, gases dissolvidos, pressão, temperatura e agitação. Assim, os pesquisadores do IATI puderam estudar o comportamento destes micro-organismos e avaliar as aplicações das substâncias produzidas.
Uma destas aplicações é exatamente a descontaminação de águas onde houve derramamento de contaminantes oleosos, porém existem ainda aplicações pouco exploradas no Brasil, como produtos para desinfecção dentro de hospitais e clínicas médicas, produtos utilizados como matéria-prima na indústria de cosméticos e até mesmo em alimentos. Para os produtos destinados a estes últimos, se tem o cuidado de trabalhar com micro-organismos não patogênicos.
Além das vantagens apresentadas pelos biossurfactantes, como alta biodegradabilidade, baixa toxicidade, maior resistência sob condições ambientais adversas (pH e temperatura extremos, alta salinidade), estas biomoléculas podem ser produzidas a partir de resíduos industriais, como melaço – resíduo da produção do açúcar, milhocina – resíduo do beneficiamento do milho, manipueira – resíduo do processamento da mandioca, bem como da borra da soja – um resíduo da indústria de óleo deste grão, que normalmente têm pouco aproveitamento ou que são descartados.
O IATI trabalha com a pesquisa e inovação na área de biotecnologia, realizando parceria com empresas que buscam desenvolver novos produtos e tecnologias para seu mercado, oferecendo recursos humanos de altamente capacitados, com pesquisadores de diversas áreas do conhecimento técnico-científico. Em sua sede, possui instalações laboratoriais bastante equipadas, que provê tudo que os seus parceiros precisam para iniciar novos projetos.
A Allbiom teve a grande oportunidade de fornecer alguns equipamentos para este laboratório do IATI em Recife, como, por exemplo, seu Biorreator AllMic Pilot para realizar este cultivo dos micro-organismos para produção de biossurfactantes. Realizamos o treinamento e continuamos dando a assistência e suporte para o melhor aproveitamento destes equipamentos.
Wladimir Grau Crancianinov
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