Bom humor, saúde e ótimos negócios
Recentemente um amigo palestrante de sucesso me procurou feliz e insatisfeito. Feliz pelo sucesso é fácil de entender, mas insatisfeito? Como assim? Disse-me que suas apresentações eram sérias, chatas, que sentia necessidade de apresentar-se com bom humor. Ele tinha conhecimentos valiosos para compartilhar, mas sua formalidade exagerada o deprimia após apresentar-se em público. Ele se achava um tédio.
Triste desabafo. Ofereci-lhe um calmante, respirei e disse com firmeza: – Meu amigo, não leve a vida tão a sério, você não vai sair vivo dela! Ele olhou-me, estranhou, sorriu. Quebrei o clima triste com uma frase engraçada.
Conto essa história para definir humor como quebra de automatismo e de expectativa. Brinquei com a seriedade do assunto, mudei a expectativa emocional e meu amigo sorriu. Mudei o estado psicológico dele com uma frase cômica, de maneira inusitada, agradável. Fiz humor, promovi o riso, mudei o “astral”.
Fui intuitivo? Sim, mas não somente. Também usei técnica, fui estratégico. Existem teorias, técnicas e práticas para fazer humor. Assim nos ensinam artistas do palco, atores e comediantes. E com certeza, líderes, palestrantes, professores e vendedores podem aprender com eles.
E além de aprender com a arte do palco, acrescento que, para fazer humor que agrega e contagia é importante também desenvolver sensibilidade social e empatia. Para fazer uma pessoa rir ou para rir com ela deve-se ter a permissão dela. Eu tinha a permissão de meu amigo para brincar com sua dificuldade, que superamos com aulas de teatro e oratória.
Assim como meu amigo, existem pessoas de negócios que desejam fazer apresentações bem humoradas, fazer comentários divertidos, contar histórias engraçadas (que estejam de acordo com seu conteúdo) mas não agem assim porque receiam serem julgados como profissionais não “muito sérios”, irresponsáveis até.
Esse medo de julgamento que prejudica a autoridade e a credibilidade do palestrante impede que ele se sinta à vontade e se arrisque fazer humor. E também porque existe preconceito contra o humor, que pode ser do palestrante e também da plateia. Você já deve ter ouvido a frase: – Vamos deixar de brincadeira e voltar ao trabalho. Ou a frase: – Esses caras não brincam em serviço! Meu avô dizia: – Muito riso, pouco juízo! Então o palestrante fica na forma, formal, na zona de conforto.
Mas felizmente o preconceito contra o bom humor está diminuindo nos ambientes de negócios. A cada pesquisa da neurociência comprova-se que bom humor e emoções positivas conectam e contagiam, influenciam positivamente, facilitam as relações de aprendizagem, auxiliam na memorização, na fixação de conteúdos, promovem a interação, despertam e mantêm o interesse e a atenção da plateia para a qualidade do conteúdo, serviço ou produto.
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Por isso é importante aprender sobre como fazer humor, sobre o valor do bom humor e do riso. É importante desenvolver recursos de texto, de criatividade e de expressividade para saber como bem humorar pessoas, clientes e plateias. E também para saber como bem humorar a nós mesmos.
O bom humor do(a) palestrante no palco dos negócios está na expressão de suas melhores emoções, de sua paixão, entusiasmo, confiança, da sua ausência de medo de errar, da sua generosidade em compartilhar o que sabe para ajudar pessoas a resolverem seus problemas.
O bom humor do palestrante não precisa vir somente de piadas e comentários engraçados. Pode vir de um sorriso, de um olhar que acolhe, de sua simpatia, do seu respeito pelos valores e experiência de vida de sua plateia.
Pessoas bem humoradas dizem: – Pra mim, não tem tempo ruim! Gostamos de ver e conviver com a autoestima e o bom humor delas. Por isso, além do amor próprio que nos encanta, é preciso também desenvolver o nosso humor próprio, que nos alegra e contagia outras pessoas.
Vamos levar a vida com bom humor. Fará bem ao corpo, coração, mente e para os negócios, quando o bom humor for servido para temperar nossas apresentações, reuniões e palestras. E vou finalizar com uma frase edificante que ouvi do Mario Sergio Cortela. Disse ele com sua oratória peculiar, por exemplooo – “O que se leva desta vida, minha gente, é a vida que a gente leva”.
Este artigo foi escrito a pedido do meu amigo Igor, da Evolutto, transformando consultorias na era digital. Grato pelo estímulo.
Mauai é professor de oratória com teatro, ator, roteirista, educador vocal, corporal, cantor, guitarrista, compositor, pesquisador incansável da ciência das redes sociais e digitais. Fundou a Teatrês eventos corporativos sob medida e o blog Quero Falar em Público.