Brasil e seu mar de ‘merda’ político
A política é a arte de captar em proveito próprio a paixão dos outros.
Nessa segunda-feira – dia 21 de março – o candidato do PSOL (Partido Socialista e Liberdade), Guilherme Boulos, desistiu em disputar uma cadeira de governador de São Paulo para ser deputado federal representar o mesmo estado. Como um paulista que é, sabe onde se colocar dentro das disputas que não pode ganhar, como o governo do estado. Ao que parece, desistiu por causa de Fernando Haddad e o sonho petista de unir a esquerda e um braço só, enquanto, a chamada extrema-direita avança. Boulos sabe o que está fazendo, pois, a disputa não pode ter tantos candidatos e o PSOL tem uma tradição muito grande de desistir por causa do PT.
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A questão tem a ver com a encenação política do herói e do vilão. A veia “jedi” da esquerda dá um ar de revolucionários, são rebeldes num governo fascista que está na extrema-direita. Lula já foi presidente e como a própria Fernanda Montenegro – dispensa apresentações – disse que se ele foi eleito vai ser uma reeleição. Indo mais além das paixões, Lula nunca fez as reformas que deveriam ser feitas e se alinhou com o mesmo centrão. O que esperar de novo? Nada. Em nenhum momento Lula fez um mea culpa das coisas que o partido fez, porque não se pode assumir, porque se assumir essa imagem de herói some e entre o ser humano que erra. Por outro lado, não muito diferente, temos Jair Bolsonaro na presidência da república, falando o que não deve e fazendo besteira. Puseram na cabeça dele que iria ser o cara que nos livraria das bandalheiras políticas que até naquele momento, não podíamos nos livrar. Como um bom militar, levou como uma missão, mas não era Santo e não era um “messias” e sabemos o que sabemos.
Analise como essa, são raras porque a maioria expressiva nas redes sociais, ainda falam com paixões e não fazem uma crítica verdadeira. Afinal, você vota para administrarem um país que está além do portão da sua casa, além daquilo que achamos que está certo ou errado. O heroísmo não está livrar o povo da repressão, ou lutar contra o sistema – que só os anarquistas lutam – mas saber que estamos empregando um chefe do executivo para administrar e não ser um herói. Não fazer papel de um líder. O estado não liga se o povo está com dificuldades, ele só faz aquilo que interessa para girar a máquina do governo.
Como disse Thoreau, o melhor governo é aquele que não governa, porque todo governo é um repressor. Repreender não é só ir atras com um exército ou para não deixar a maioria expressar sua vontade, ou exterminar aquelas que não querem que vivam. Reprender é também não deixar o povo saber da verdade, saber das coisas que são feitas as realidades e as verdades que acontecem no mundo. Com medo de um suposto pânico – porque acham que a grande maioria não sabe se controlar diante de um fato inusitado – escondem muitas coisas que não se deveria esconder e inventam ideologias para alimentar as esperanças. Não é à toa, que os antigos puseram no mito de Pandora, que a esperança é a última que sai do vaso. Povos com esperança são povos acomodados. Ter soluções é uma coisa, achar que as coisas saem do nada são outras.
Não temos uma consciência política porque nossa cultura, ainda, é monarquista. A grande maioria acha que o presidente é um monarca, mas, na moda absolutista. Por outro lado, mesmo que tivéssemos um governo monarca, não seria dos moldes daquilo que se imagina que as coisas deveriam ser. mesmo o porquê, um povo ressentido não sabe ser democrático de verdade, não escolhe por ser a melhor opção para todos, mas, só para si.