Brevidade Inteligente: um livro que vai te ajudar a ser curto, sem ser raso

Brevidade Inteligente: um livro que vai te ajudar a ser curto, sem ser raso

O primeiro slogan da Pitching era “fale muito, falando muito pouco”.

Comecei a ler Brevidade Inteligente e mudei o slogan para “fale muito, falando pouco”.

Parece um detalhe, mas não é.

Mark Twain disse que a diferença entre a palavra quase certa e a palavra certa "é a diferença entre o vaga-lume e o relâmpago".

Como costumo dizer, não existe detalhe pequeno em pitches.

Cada palavra tem seu lugar e seu motivo de estar ali. E cometer esses pequenos erros pode te custar um cliente.

Dando um exemplo:

  • Se eu for em um lead tradicional e fizer meu pitch de vendas da Pitching usando a palavra “pitch”, dificilmente irei engajá-lo.
  • Motivo: essa palavra não faz parte do dia a dia dele. Ele não associa pitches a apresentações. É como se fosse algo diferente.
  • Em leads tradicionais, utilizo a palavra “apresentação”.
  • Esse “detalhe” pode me fazer perder ou ganhar um cliente.


Por que estou escrevendo esse post?

Esse livro corrobora com todos os princípios da Pitching e, por isso, nada mais adequado do que um post dedicado a ele.

Enrolar custa caro.

Concordo.

É isso que, todos os dias, me dedico a mostrar às pessoas: quanto custa perder um cliente, investimento ou fechar uma porta porque suas apresentações estão sem estratégia?

Ou porque sua comunicação está confusa e sua proposta de valor não está clara?

Custa muito caro.

Por isso, iniciativas como a Pitching e Brevidade Inteligente existem.

Para que não se deixe mais dinheiro na mesa por falta de habilidade em comunicação.


De onde surgiu Brevidade Inteligente?

Os autores de Brevidade Inteligente, Jim VandeHei, Mike Allen e Roy Schwartz, já foram jornalistas tradicionais, que escreviam textos longos para alguns dos principais jornais do mundo.

Até a chegada da era digital. Que trouxe dados.

E mostrou que uma esmagadora minoria lê as matérias até o final.

Outch! 🥊

Ora, se ninguém está lendo, para que escrever esses textos tão longos?

Assim surgiu Brevidade Inteligente.


Na minha opinião, a grande revolução deste livro é o ambiente em que é aplicado: jornalismo e a comunicação corporativa.

Essas duas esferas são historicamente conhecidas por usar muitas palavras para falar pequenas coisas.

Fazer reuniões de 50 minutos que poderiam ser resumidas em duas frases de e-mail.

E o Brevidade Inteligente preza justamente o contrário.

Ele enfatiza a necessidade de precisão e economia de palavras em um ambiente onde a atenção é um recurso escasso.

Como se tornar relevante? Como ser ouvido?

Enrolando e falando mais do que devia, com certeza, não é o caminho.


Vamos ao que interessa: análise do livro

Boa parte do livro é escrito em bullets.

Mas por que?

Porque este formato ajuda nosso cérebro a organizar e escanear informações, fazendo com que a leitura seja mais fácil e fluida.

Por isso, acho justo abusar deste mesmo formato.


Como estamos hoje?

Para analisar a melhor forma de comunicar, é importante entender o ambiente em que vivemos hoje:

  • Ele é confuso, rápido e cheio de informações.
  • Nos distraímos o tempo todo porque estamos sobrecarregados e expostos a muitos estímulos.

(Com certeza você leu esses dois bullets balançando a cabeça positivamente.)


Alguns dados trazidos pelo livro 😱

  • Estudos de rastreamento ocular mostram que gastamos, em média, 26 segundos na leitura de um conteúdo. O que vem depois disso, é desperdício. Outch!
  • Em média, permanecemos menos de 15 segundos na maioria dos sites que acessamos.
  • Demoramos 17 milissegundos para decidir se gostamos ou não de um conteúdo. Se não gostamos, vamos embora.
  • Olhamos o celular 344x por dia.
  • Levamos 20 minutos para retomar o foco após uma distração.
  • Cerca de 1/3 dos e-mails de trabalho que requerem atenção não são lidos.
  • Segundo pesquisa da Gallup, 70% dos funcionários querem receber comunicações mais curtas no trabalho.
  • 90% das pessoas devaneiam em reuniões (eu era uma delas, até aprender técnicas de pitch).


Por que isso é um problema? 🤔

Não é possível engajar, unir e manter pessoas motivadas quando elas estão distraídas e não compreendem o que está sendo dito.

  • Isso não significa sair cortando texto à torto e à direita. Cortar pode ser uma necessidade (na maioria das vezes é), mas o mais importante de se aprender com Brevidade Inteligente é o formato da sua escrita.
  • E é claro que isso se traduz em todas as formas de comunicação.
  • Assim como quanto melhores são meus pitches (falados), melhores são meus textos, reuniões e emails.
  • Comunicação é um mindset. Se você sabe se comunicar bem, provavelmente irá levar isso a outros canais (talvez com alguma adaptação de formato).


Para esclarecer, os autores não são contra conteúdos longos.

Eles são contra conteúdos desnecessariamente longos.


Então, como escrever textos de forma breve e inteligente? 👇🏻


1- Escreva para o leitor

Aqui vem um mindset fundamental para empreendedores (pensando em seus clientes) que poucas pessoas aplicam na escrita: coloque seu leitor no centro.

Imagine que você tem uma vida corrida e recebe 150 e-mails por dia. Seu texto é relevante e instigante o suficiente para que você pare 5 minutos do seu dia para ler?

O livro diz:

  • Ouça os clientes e os dados, não a voz dentro de sua cabeça.
  • Escreva da forma que nosso cérebro quer consumir.
  • Projete para que tudo seja lido na tela de um smartphone.

Falo sempre na Pitching que devemos falar aquilo que o público precisa escutar, para que alcancemos determinado objetivo.

Em contraponto, costumamos falar o que queremos. O mesmo serve para textos: o que seu leitor quer ler, e não o que você quer escrever.

De verdade, entendo essa dificuldade: ao escrever, isso fica ainda mais intangível.

  • Quando apresentamos, conseguimos ver a falta de engajamento das pessoas em nossa frente, ao vivo.
  • Com texto, o disparamos e não vemos as pessoas lendo.
  • Portanto, ficamos com a satisfação da escrita, sem saber qual impacto aquele conteúdo teve (e não estou falando de dados de engajamento, mas de olho no olho).

Segundo o livro, existem duas partes cruciais em uma mensagem: inteligência e concisão.

E, de modo geral, as pessoas são "péssimas em escrever e caóticas ao pensar", o que torna difícil a tarefa de escrever mensagens usando esses dois pilares.


2- "Quem vê tudo não se lembra de nada"

Aqui, aproveito para ensinar algumas regrinhas que ensino na Pitching:


Regra 1, 2, 3 infinito

  • Um exemplo é um exemplo.
  • Dois exemplos são dois exemplos.
  • Três exemplos são infinitos exemplos.
  • Quatro exemplos é exemplo demais e pode ser que seu público não se lembre de nenhum deles por excesso de informação.

Mensagem central

Tenha sempre uma mensagem central em seus slides.

Se tem duas mensagens ou mais em um mesmo slide, quebre os slides na quantidade de mensagens que quer passar.


Uma coisa de cada vez

Nosso cérebro não consegue fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo.

"Muito" só atrapalha.

Por isso seus slides devem ser clean e simples, usando frases-chave, bullets e elementos visuais.


3- Apenas diga o que quer dizer

Você já parou para pensar no quanto perdemos tempo elaborando e empacotando uma mensagem, no lugar de sermos apenas diretos?

Em treinamentos de pitch, a maior dificuldade das pessoas é fazer o tweet, que é uma frase de 5 a 10 palavras, dita em 3 segundos, que resume o que você faz.

Não acho que a maior dificuldade seja por esta tarefa (escrever o tweet) ser realmente difícil de ser executada. Mas acho que é difícil porque queremos dizer o equivalente a 10 minutos em 3 segundos.

Já ajudei startups (que tinham clientes, faturavam e tinha sido investidas) que demoravam algumas sessões de mentoria para conseguir, enfim, explicar o que faziam.

Fico me perguntando como conseguiram clientes. E, se conseguiram, imagine o potencial que existe ali com uma comunicação eficiente.

A dificuldade para elas é achar que: de tudo o que fazem, tudo é relevante.

Mas isso está dentro da nossa cabeça. Temos a capacidade da síntese e, quando chegamos lá, tudo fica muito simples.


4- 20 Dicas para Brevidade Inteligente

Vamos agora trazer dicas do livro, uma atrás da outra, para que incorpore na sua comunicação. Alguns itens são quotes do livro. Outros foram levemente reescritos.

  1. Escreva como um ser humano, para seres humanos
  2. Concentre-se em UMA pessoa com quem quer comunicar.
  3. Defina UMA mensagem central.
  4. Utilize artifícios visuais para guiar o leitor pelo seu texto: bullets, negrito, emojis (tem uma parte do livro dedicada a eles 🤌🏻)
  5. As palavras mais importantes são os títulos ou assuntos. É isso que irá fisgar a atenção do público. Em pitches, é o tweet da sua solução e os primeiros segundos da forma como irá abordar seu problema.
  6. Cada palavra é uma batalha por tempo de atenção.
  7. Escreva - depois volte e elimine pelo menos metade das palavras. Fica melhor a cada vez.
  8. Pare de ser engraçadinho. Ou irônico. Ou enigmático. Isso confunde e não é inteligente.
  9. Analise seu texto da seguinte forma: você o leria se não fosse escrito por você?
  10. Cada frase inicial deve conter algo que o leitor não sabe.
  11. Faça um breve texto introdutório (às vezes uma frase de 5 palavras é suficiente) e depois coloque em destaque "Por que isso é importante?". Em seguida, descreva porque aquilo é importante. Todo esse texto deve caber na tela de um celular.
  12. Exemplos:
  13. A escrita inteligente e sucinta é linear, não sinuosa.
  14. "Pode", "deveria" e "teria" normalmente são verbos que não dizem nada sobre o que está acontecendo.
  15. Brevidade Inteligente obriga você a escrever como uma pessoa normal.
  16. Sobre e-mails:
  17. Se convocou uma reunião, defina seu objetivo e pauta (em bullets) ANTES da reunião acontecer.
  18. A teoria educacional mostra que processamos melhor uma informação se ela trouxer uma grande ideia, embasada por 3 a 5 argumentos.
  19. Os hábitos de consumo das pessoas evoluíram, mas as comunicações, não.
  20. Sua missão só começa a se fortalecer quando você se irrita de tanto repetí-la. Empreendedor que faz pitch que o diga.


Me conte uma história. Não me conte sobre uma história.


Para finalizar, aqui vão 4 diretrizes do livro:

  1. Seja o especialista que entende um problema, avalia o que há de novo ou importante e o coloca de forma precisa e interessante.
  2. Seja curto, não raso.
  3. Escreva como você fala.
  4. Ajuste o estilo para ter impacto.


Vale muito a pena ler o livro.

Se não quiser, use esse texto como seu guia. Ajuste sua forma de comunicação e veja os resultados ;) Depois volte para me contar.


Obrigada por ter chegado até aqui 🤍


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