#4 Queria ensinar minha filha a rezar…

#4 Queria ensinar minha filha a rezar…

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Olá, tudo bem? Roberta por aqui.


Há uns três anos eu e meu marido queríamos ensinar nossa filha a rezar. O objetivo por trás disso era ensiná-la a agradecer pelos seus dias, como nós fazemos, mesmo que ela não tivesse ainda consciência disso.

Começamos rezando o Pai Nosso. Também agradecíamos a papai do céu pelas coisas da vida, como nossa família, nossa casa e amigos.

Me parece uma boa iniciação. Mas, apesar da nossa boa intenção, me parecia algo intangível para ela. “O que será que ela vai absorver de tudo isso? Será que estou alcançando meu objetivo?".

Sei que uma criança não tem a total compreensão do que significa tudo isso ou o agradecer, mas as crianças, com toda certeza, têm o sentimento de gratidão, de segurança, de amor. Elas sentem intensa e puramente.

Apostando nisso, mudei o método. No lugar das orações, comecei a fazer uma retrospectiva do nosso dia para tangibilizar esse sentimento de gratidão. Queria fazê-la sentir um resumo do dia e se relembrar dos detalhes, que às vezes passam despercebidos.


Acontece que esse foi um exercício maravilhoso para mim.


Às vezes terminava o dia cansada. E depois de fazer essa retrospectiva, me lembrava de tantas (pequenas) coisas gostosas que aconteceram e já tinha esquecido, que aquecia meu coração.

É também um ótimo mecanismo para mudar a perspectiva com a qual vemos o mundo. Às vezes algo parece não ter dado certo, mas, olhando novamente, vemos que foi um presente.


Como diz minha tia Kita, Deus não te tira, Deus te livra.


Como fazer essas retrospectivas?

Imagina que você chamou um amigo para comer pizza e está contando seu dia para ele. E você quer que ele, que não estava lá com você, imagine como foram esses momentos. É isso o que você vai fazer, só que para você mesmo.

Nós fazemos já deitadas na cama, prontas para dormir, com as mãos em prece 🙏🏻 .

Relembre seu dia acrescentando detalhes, reviva os acontecimentos da forma mais viva possível. Use suas emoções para isso. Se lembre o que foi falado, o cheiro do café da manhã que sentiu do quarto, aquela coisa engraçada que alguém contou enquanto desciam o elevador.

Lembre da briga no carro e quem ficou chateado com quem e o porque.

Lembre do bom e do ruim. Porque o bom conforta o coração. E o ruim, não é ruim. É aprendizado. Esse é o maior exercício para nós, adultos: falar dos momentos desagradáveis sem se constranger e explicar porque sentimos algo. E se permitir resolver.

Um exemplo seria:

“Hoje de manhã nós acordamos, você veio para minha cama e ficamos abraçadinhas, fazendo dengo. Você me pediu pra abrir o olho e mamãe estava tão cansada que não conseguia, lembra? Só dizia “humm” (risos). Papai chegou com seu leite. Você tomou e fomos nos arrumar. De manhã você brincou um monte de fantoches, de carrinhos e o que mais (e deixo ela falar)? E fizemos um lanchinho da tarde. Você disse que queria pão de queijo, mas ficou enrolando e não comeu quase nada e mamãe comeu todos sozinha.”

Se você se chateou com seu filho porque fez o pão de queijo que ele pediu e ele não quis comer, com certeza nessa retrospectiva vai ver como isso foi algo insignificante, que vai te fazer rir.

Esse é um exemplo de como conseguimos ressignificar muitas coisas nessa retrospectiva.

Ela dá um novo significado para nossa vida e nos faz enaltecer os momentos que realmente importam, que normalmente são aqueles para os quais menos estamos olhando. Porque eles são muito comuns ou se repetem todos os dias.

Com toda a certeza, da próxima vez que seu filho pedir pão de queijo e não comer nada, você vai ter outra atitude.

O exercício

Agora deixo aqui um desafio para você: comece a, todos os dias, antes de dormir, dedicar um tempinho para fazer uma retrospectiva do seu dia.

Depois me conte se não conseguiu ressignificar certas coisas. Se não aumentou seu sentimento de gratidão. Se não passou a dar importância a coisas realmente importantes e a minimizar outras, para as quais, desnecessariamente, estava dando importância demais.

Sobre minha filha, minha missão está sendo cumprida dia após dia. Ela gosta da retrospectiva. Conversa com papai do céu. Eu faço um resumo do dia, ela vai complementando e falando sobre sua perspectiva. No final, agradecemos pela nossa saúde, por termos acordado naquele dia especial e pelo próximo que está por vir. Dessa forma ela entende o que está agradecendo.

E nesse exercício fico sabendo qual foi o extrato que ela tirou do dia. Às vezes o que mais chamou a atenção dela foi diferente do que eu percebi.

É tão simples, mas profundamente bonito.


Obrigada por ter chegado até o fim. Até mês que vem.

Wagner Marcelo

Entrepreneur, consultant in innovation architecture and new business. Caixa Postal 31223 - CEP: 01309-970 - São Paulo/SP - Brasil

1 a

Fantástico, faço isso há um bom tempo... Sempre falo para as pessoas agradecerem, pois se elas enchem a mochila da vida só de problemas fica muito pesado, cada problema é como um paralelepípedo, quando vc enche de gratidão a mochila fica leve, é como vc enchesse com vários balões de hélio...

Diego de Pinho

Gestão Tecnologia da Informação I Marketing l UX I Tech

1 a

Gostei do que você trouxe hoje. Vejo que as pessoas tem dificuldade em ser mais 1% todo dia em relação a espiritualidade pelo fato de não conseguirem medir os "resultados" obtidos. E essa experiência pessoal poderá ajudar muita gente nas situações parecidas com seus filhos.

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