Capítulo 1 - Respeitar o ecossistema em que vivemos, visando a proteção da saúde humana e do meio ambiente

Capítulo 1 - Respeitar o ecossistema em que vivemos, visando a proteção da saúde humana e do meio ambiente

As mudanças climáticas na Terra e o risco à sobrevivência humana

O risco do uso desordenado dos recursos naturais, o aumento dos gases de efeito estufa, o consumo excessivo da população, levam a ações que agridem o meio ambiente e que estão sendo percebidas e registradas em estudos científicos. Em 9 de agosto de 2021 foi divulgado um novo e extenso relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (“IPCC”, na sigla em inglês), em que demonstra que o aquecimento de 1,1 grau Celsius do planeta desde o período pré-industrial trouxe mudanças irreversíveis na Terra. Por décadas, as temperaturas da Terra sobem gradativamente, na mesma proporção que o aumento dos gases de efeito estufa. Segundo o relatório, quanto mais emissão de dióxido de carbono, mais calor, e o aumento continuará. Segundo Wallace Smith Broecker, oceanógrafo, químico estadunidense e renomado cientista climático, “jogamos roleta russa com o clima e ninguém sabe se há uma bala na agulha”. Os cientistas alertam que existem limites ao sistema climático e que, se ultrapassados, podem remodelar drasticamente o mundo como o conhecemos. Ainda não sabem ao certo os limites exatos, que podem estar no intervalo de aquecimento entre 1,5 e dois graus Celsius, que são os limites de aquecimento sugeridos no Acordo de Paris de 2015. O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas afirma que a Terra pode aquecer quatro graus Celsius acima das temperaturas pré-industriais até 2100 se não for adotada uma estratégia mais ambiciosa de redução das emissões.

Outra grande ameaça registrada no estudo está associada com a Floresta Amazônica. O desmatamento, a degradação florestal e as próprias mudanças climáticas interrompem o processo de produção de água gerada na própria Floresta Amazônica, o que estimula uma transição da vegetação de floresta para outra adaptada a condições áridas, provocando uma mudança duradoura em todo o ecossistema, segundo David Lapola, mestre em Meteorologia (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e doutor em Modelagem do Sistema Terrestre (Instituto Max Planck de Meteorologia) com experiência na modelagem de ecossistemas terrestres e mudanças no uso da terra. A partir dessa mudança na vegetação, as espécies adaptadas à estiagem conservam mais água e devolvem menos água à atmosfera, interrompendo o ciclo de chuva, o que acentua a aridez. 

As mudanças citadas acima são somente duas de outras mudanças irreversíveis que podem ser esperadas se o clima da Terra aumentar ainda mais, de acordo com o relatório, e que colocam em risco a existência humana. Então, o tempo de agir é agora. Segundo, Tim Lenton, catedrático em Mudanças Climáticas e Ciência do Sistema Terrestre na Universidade de Exeter, membro da Comissão da Terra e um pesquisador altamente citado da Clarivate Web of Science, “as pessoas despertaram e disseram: ‘droga, o cientista não estava blefando’, mas agora, passados 30 anos, esta é a situação atual. É preciso agir agora.”

Preocupações com o futuro do planeta

Rachel Louise Carson, nascida em Sapindale em 1907, foi bióloga marinha, escritora, cientista e auxiliou na construção da consciência ambiental moderna. Em 1962 publicou o livro “A Primavera Silenciosa”, em que fala sobre os perigos do uso agrícola de pesticidas químicos sintéticos. Carson enfatizou a importância de respeitar o ecossistema em que vivemos, visando a proteção da saúde humana e do meio ambiente.

A preocupação sobre o uso saudável e sustentável do planeta e de seus recursos foi aumentando e, em 1972 a ONU convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo (Suécia). Nessa Conferência foi elaborado o Manifesto Ambiental com 19 princípios, estabelecendo bases para a nova agenda ambiental.

O Relatório Brundtland (ONU), publicado em 1987 com o título “Nosso futuro comum”, define o desenvolvimento sustentável como "[...] aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades." (Report of the World Commission on Environment and Development, 1987, p. 46).

Com o desenvolvimento crescente do tema, em 1992, no Rio de Janeiro, foi realizada nova Conferência das Nações Unidas, que ficou conhecida como “Cúpula da Terra”, e que originou a Agenda 21 em que consiste no registro de intenções e desejo de mudança para o novo modelo de desenvolvimento para o século XXI, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica, surgindo o termo “Desenvolvimento Sustentável”.

Muitos teóricos escreveram e escrevem sobre Desenvolvimento Sustentável, contribuindo para esse tema tão relevante para a sobrevivência das espécies. Entre esses autores, destacamos Elkington (1994), criador do conceito do Triple Bottom Line (tripé da sustentabilidade). John Elkington é conhecido como o “pai da sustentabilidade”, sendo autoridade mundial em responsabilidade corporativa e capitalismo sustentável. É autor de mais de 20 livros sendo que, pelo seu livro Guia do Consumidor Verde, da década de 80, foi um dos grandes responsáveis por influenciar consumidores a optar por produtos de empresas ecologicamente conscientes. Segundo Elkington a sustentabilidade está em equilibrar, de modo similar, três pilares: ambiental, econômico e social. O reconhecimento de que os negócios precisam de mercados estáveis leva a expectativa de que as empresas devem contribuir, aos poucos, com a sustentabilidade, e que devem investir em habilidades tecnológicas, financeiras e de gerenciamento para alcançar o Desenvolvimento Sustentável (ELKINGTON, 2001).

Ignacy Sachs, nascido na Varsóvia, em 1927, foi um economista polonês, que trouxe ao debate contemporâneo fundamentos sobre um novo paradigma de desenvolvimento, com base no relacionamento entre economia, ecologia, antropologia cultural e ciência política. Para SACHS (2009) o desenvolvimento sustentável compreende a satisfação das necessidades (e desejos) dos indivíduos sem o comprometimento na qualidade de vida das gerações futuras, atuando em três dimensões: econômica, social e ambiental. Segundo ele, o desenvolvimento econômico tem que estar a favor do meio ambiente e dos seres humanos, excluindo, por completo, a destruição do capital natural. E, caso o comportamento de produção da sociedade manter o que sempre fez, sem sua revisão e inclusão da sustentabilidade, o futuro dos cidadãos será comprometido.

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