Capítulo 10 – O jogo Infinito
Capítulo 10 – Flexibilidade Existencial
Flexibilidade Existencial é a capacidade de instaurar uma ruptura extrema num modelo de negócio ou num percurso estratégico para fazer uma Causa Justa avançar com mais eficácia. É uma avaliação do imprevisível realizada por um jogador de mentalidade infinita que lhe permite fazer esse tipo de mudança. Enquanto um jogador de mentalidade finita tem medo de coisas que são novas ou disruptivas, o jogador de mentalidade infinita se regozija com elas. Quando um líder de mentalidade infinita com uma percepção clara de sua Causa olha para o futuro e vê que o caminho em que está irá restringir significativamente sua aptidão para fazer avançar sua Causa Justa, ele flexibiliza. Ou, se esse líder descobre uma nova tecnologia que é mais capaz de fazer avançar sua Causa do que a que está usando atualmente, ele flexibiliza. Sem esse senso de visão infinita, mudanças estratégicas, mesmo as mais extremas, tendem a ser reativas ou oportunistas. A Flexibilidade Existencial está sempre na ofensiva. Não deve ser confundida com as manobras defensivas que muitas empresas utilizam para permanecerem vivas diante de novas tecnologias ou de mudanças de hábito do consumidor.
Uma Flexibilização não acontece no momento da fundação da empresa, mas quando ela já está totalmente formada e funcionando. Para todos os observadores de mentalidade finita, ela é existencial porque o líder está arriscando a aparente certeza que a companhia atual representa, um caminho lucrativo, pela incerteza de um novo caminho – que poderia levar ao declínio da empresa, ou até mesmo a sua extinção. Para o jogador de mentalidade finita, isso não vale o risco. No entanto, para os jogadores de mentalidade infinita, estar no caminho atual é que constitui o risco maior. Eles acolhem e abraçam a incerteza. Deixar de flexibilizar, acreditam, vai restringir significativamente sua aptidão para fazer avançar a Causa.
Em resumo, a motivação de um jogador de mentalidade infinita para a Flexibilização é fazer avançar a Causa, mesmo se isso causar a ruptura do modelo de negócio existente. Para o jogador de mentalidade finita, o motivo de não flexibilizar é expressamente proteger o modelo de negócio atual, mesmo se isso destruir a Causa. E, se a companhia é o veículo que um líder utiliza para fazer avançar sua Causa, uma mudança drástica na estratégia para que a empresa continue por muito tempo é também, de algum modo, de suprema importância no Jogo Infinito.
A Flexibilidade Existencial é maior do que a flexibilidade do dia a dia necessária para administrar uma organização. E não devemos confundir tampouco a Flexibilidade Existencial com nosso desejo inerente pela inovação, também conhecido por Síndrome do Objeto Brilhante. Existe pelo mundo toda uma categoria de funcionários frustrados que trabalham para líderes bem intencionados, às vezes visionários, que, como um gato que reage a um objeto reluzente, querem ir atrás de cada boa ideia com que se deparam. “É isso ai! Temos que fazer isso para fazer avançar a visão!”. Quando acontece uma Flexibilização Existencial, está claro para todos que acreditam na Causa por que ela tem que acontecer. E, embora talvez eles possam não estar confortáveis com a convulsão e o estresse no curto prazo que tal mudança pode causar, todos concordam que isso vale a pena e querem fazê-lo. A Síndrome do Objeto Brilhante, em contrapartida, frequentemente deixa as pessoas desnorteadas e exaustas, não inspiradas.
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Quando um líder de mentalidade mais finita também busca oportunidades, seu olhar tende a estar voltado para dentro do setor, ou para a demonstração do resultado, ou para o horizonte. Um líder de mentalidade infinita com uma Causa Justa olha para fora de seu setor e muitos quilômetros além do horizonte – um lugar que depende da imaginação para ser enxergado.
Se você não se afundar, alguém fara isso
Falência é frequentemente um ato de suicídio. Em retrospecto, quando olhamos as decisões que levaram companhias uma vez bem sucedidas ao caminho da falência, descobrimos um grande número de líderes obcecados pelo jogo finito. Abandonada a Causa, eles ficam ferrenhamente apegados a modelos de negócio que talvez os tenham ajudado a obter sucesso no passado, mas não poderiam resistir ao teste do tempo. Na maioria dos casos, não são “as condições de mercado”, ou “as novas tecnologias”, ou qualquer outro item da lista de motivos que costumam ser oferecidos como explicação para o fim de uma empresa. A origem do problema é a incapacidade dos líderes de fazer a necessária Flexibilidade Existencial. Ao abandonar a Causa, eles abandonaram também a capacidade para a Flexibilização. Mesmo que essa necessidade não surja durante a gestão de determinado líder, parte da responsabilidade de qualquer líder é desenvolver sua organização de modo que ela tenha a capacidade de exercer a Flexibilidade Existencial caso ele ou seus sucessos precisem tomar essa atitude. Isso significa usar a Causa Justa como um guia e promover uma cultura rica com Equipes de Confiança.