CAPITALISMO DE STAKEHOLDERS
Sinal de novos tempos: carta de Larry Fink destaca propósito e capitalismo de stakeholders como condições para o sucesso
“O nosso foco é a sustentabilidade não por sermos ambientalistas, mas porque somos capitalistas e fiduciários de nossos clientes.”
A frase acima foi retirada da carta assinada este ano, 2022, por Larry Fink, da Black Rock. No documento, Fink afirma que estabelecer e cumprir metas de curto, médio e longo prazo para mitigar a emissão de gases de efeito estufa é tarefa indispensável para que uma empresa sobreviva e prospere.
As cartas anteriores de Fink comunicaram de forma assertiva que os riscos climáticos passaram a ser vistos como riscos de investimento. Na mensagem deste ano, o CEO da líder mundial em gestão de investimentos reforçou o compromisso com a causa climática e foi além.
Ele destacou alguns pontos que vão ao encontro de preceitos fundamentais de ESG, ressaltando o seu grande valor para o sucesso, a sustentabilidade, a lucratividade e longevidade de um negócio.
Por sua relevância, alguns temas merecem a atenção dos membros dos Conselhos de Administração e da alta liderança das organizações:
O propósito como “estrela-guia”
O propósito deve estar na base do relacionamento entre empresas e públicos para que o negócio tenha sucesso no longo prazo: colaboradores, ao compreenderem e se conectarem com o propósito das empresas, se tornam os seus principais embaixadores; consumidores privilegiam cada vez mais marcas com as quais se identificam, cobrando por posicionamentos e ações concretas das organizações; os acionistas, por sua vez, precisam ter clareza dos princípios que guiam a missão e a visão de uma empresa para direcionarem seus investimentos.
“O propósito é a estrela-guia nesse ambiente tumultuado”, garante Fink, acrescentando que os diferentes públicos apoiam muito mais as organizações quando têm uma compreensão clara do que está por trás de suas estratégias e atitudes.
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Relacionamento com stakeholders
Não é à toa que o título da carta de Fink é “O Poder do Capitalismo”. Ele argumenta que o sistema econômico atual tem justamente a capacidade de moldar a sociedade e de catalisar mudanças, tendo como característica fundamental o constante processo de reinvenção, que faz com que organizações precisem evoluir e inovar sempre, sob pena de serem ultrapassadas por competidores.
O que ele quer dizer é que o capitalismo é um sistema favorável às mudanças e às adaptações que podem, sim, apontar para caminhos positivos para as pessoas e para a sociedade. É capaz, inclusive, de resolver problemas difíceis — como a transição para uma forma de produzir sem emissões de carbono e os grandes desafios impostos pela pandemia — e de contribuir para uma economia resiliente. O capitalismo de stakeholders seria uma vertente desse sistema econômico voltada para as relações de benefício mútuo entre empresas, colaboradores, consumidores, fornecedores e comunidades, sempre em prol da prosperidade da sociedade.
Longe de ter uma agenda política, ideológica ou mesmo exclusivamente social, o capitalismo de stakeholders é, hoje, aquele praticado pelas empresas que realmente são prósperas: essas organizações se destacam por terem valores consistentes e por vivenciá-los genuinamente; têm muita clareza com relação ao propósito que as norteia; e priorizam o engajamento com seus stakeholders, reconhecendo que o bom relacionamento com esses públicos e um legado positivo para sociedade são essenciais para o sucesso dos negócios.
Por um capitalismo mais consciente
As mensagens assertivas da carta de Fink sinalizam com muita clareza tanto a mudança de muitos paradigmas quanto a necessidade premente de se mudar a mentalidade e a atitude das empresas. Assim como os consumidores cada vez mais deixarão de comprar de marcas pouco conscientes com relação aos seus papéis na sociedade, investidores já começaram realocar seus recursos nas empresas realmente bem-sucedidas: aquelas que seguem fielmente um propósito, atuam como transparência, e assumiram o capitalismo consciente como a melhor forma de produzir e prosperar.
Leia a carta de Larry Fink na íntegra:
Conselheiro, consultor econômico, compliance, governança corporativa e gestão risco, ex: gerente geral no mercado financeiro durante 35 anos .
2 aGabriela Baumgart . Excelente artigo! Muito bem pontuado de ponto a ponto do Oiapoque ao Chuí. Resumo da ópera. Um novo olhar sobre o capitalismo de Stakeholders sustentável no século XXI .
Corporate Governance | ESG | Organizational Culture and Leadership | Corporate Affairs | D&I | Women Leaders in Governance Network - IBGC MG
2 aGabriela Baumgart, em tempos em que falamos tanto de ESG, está claro que há um enorme gap entre o que se fala e o que se pratica. Irão se destacar as empresas que realmente praticam o capitalismo de stakeholders ou Capitalismo Consciente, que estão dispostas a mudar sua cultura, a rever valores e vivenciá-los genuinamente!