Carga mental: o que é e quais as consequências para a saúde da mulher
Olá, eu sou a Camila Antunes, cofundadora da Filhos no Currículo. Espero que esteja bem.
Com a pandemia sentimos a necessidade de falar sobre assuntos que estão assolando as mulheres. Por isso, queremos propor conversas que julgamos urgentes. Vamos, nas próximas quatro semanas, compartilhar assuntos que devem estar na ordem do dia em casa, nas rodas de amigos, nas mesas de reunião: carga mental, saúde da mulher, bem-estar familiar, síndrome da impostora. Fique com a gente nessa jornada e sintam-se convidados a compartilhar suas impressões também. Essa é uma ação em colaboração com as nossas queridas parceiras do Fatigatis.
Vamos começar falando sobre carga mental e o impacto para a nossa saúde. Você já deve ter ouvido sobre esse assunto. Ouvido e sentido na pele esse peso – quer você tenha filho ou não.
Segundo Nicole Brais, pesquisadora canadense, carga mental é o “trabalho de gestão, organização e de planejamento que é invisível, constante e inevitável.” Historicamente, esse trabalho recai sobre as mulheres. Sua mãe, sua tia, sua avó sabem muito bem do que estamos falando. Mas, muito provavelmente, elas não conheciam por esse nome.
Atualmente, a discussão tomou um rumo importante justamente por termos dado nome aos bois. Primeiro foi a jornalista Jess Zimmerman que escreveu, em 2015, o artigo para o site The Toast, “Where’s my cut?: On Unpaid Emotional Labor. Em seguida, em 2017, a escritora Gemma Hartley publicou a matéria “Women aren’t nags – we’re just Fed Up" na revista The Bazaar. Mas foi quando, em 2018, a quadrinista francesa Emma Clit lançou a história “Você poderia ter me pedido” que o tema, de fato, viralizou.
Então, ficou claro que aquela lista extensa de atividades – de comprar presente para a sogra à marcar todos os médicos da família – compõe a tal da carga mental. Importante salientar que não se trata apenas de fazer. Muitas vezes o cansaço vem de gerenciar tudo, pesquisar, antever problemas, como bem explica Hel Mother nesse vídeo.
O grande problema é que as demandas acumuladas afetam nossa saúde. Empilhamos responsabilidades do trabalho, da casa e dos filhos até ficarmos doentes. Exatamente: a sobrecarga impacta na saúde da mulher. A pressão por tantas responsabilidades pode gerar os seguintes sintomas:
- irritabilidade,
- ansiedade,
- depressão,
- sono de má qualidade,
- dificuldade de concentração, entre outros.
Sobre o assunto, a psicanalista Vera Iaconelli disse:
“As mulheres que estão tentando fazer com que a conta feche estão deprimindo, somatizando e adoecendo”.
A sobrecarga pode também nos levar ao burnout, a exaustão relacionada ao trabalho. Hoje temos ainda uma outra classificação: o burnout parental, em que essa condição de cansaço extremo está relacionada à parentalidade. Ou seja, a fadiga leva ao distanciamento emocional dos filhos. “O esgotamento dos pais tem consequências graves para os próprios pais porque, contrariamente ao burnout profissional, não há como escapar da paternidade e maternidade”, afirma Isabelle Roskam, pesquisadora belga.
O assunto, como tentamos expressar nesse texto, tem desdobramentos sérios. Discutir a sobrecarga feminina é falar sobre cuidados com a saúde. É urgente pensarmos em uma nova dinâmica familiar que possibilite que a mulher exerça suas atividades com mais liberdade e tempo para o descanso. Esse também é um assunto para as empresas, que devem zelar pela vida de seus profissionais.
Você concorda? De que forma você maneja sua carga mental? Já sentiu alguma consequência física? Conte para gente, vamos adorar saber.
Camila Antunes
Cofundadora Filhos no Currículo
Especialista em parentalidade & inteligência emocional
Mãe do Romeo | English Teacher | Sales & Marketing | Business Development | Consultora em Organização
3 aAmpliar esse diálogo é necessário, e em diversos ambientes. Olhar para esse tema com acolhimento e gentileza nos ajuda a seguir com mais leveza! Trabalho impecável, Camila Antunes, parabéns!
HRBP na ALLOS | Mãe da Bella e da Flora
3 aAprendi a fazer o que dá: o que der pra fazer hoje, eu faço agora. O que for pra amanhã, amanhã eu penso. Outro ponto: ninguém nasce sabendo, e se eu aprendi, o pai (ou quem quer que esteja nessa jornada) também tem plena capacidade. Não sou heroína, não tenho que dar conta de tudo.