Cargo de chefia? Não quero, obrigado!

Esse título te pareceu estranho? Pode ser que sim e fique tranquilo: você provavelmente possui mais de 30 anos e, por isso, sentiu o estranhamento. Mas, se você é da geração Z, nome dado ao grupo de pessoas que nasceu entre 1995 até aproximadamente 2010, talvez você ache normal. Isso porque os colaboradores com essa faixa etária que estão chegando com mais força ao mercado de trabalho agora possuem um perfil completamente diferente do que estávamos acostumados.

O jeito de se posicionar, as prioridades, a formação, o comportamento e, porque não, as ambições, são disruptivas, para dizer o mínimo. E aqui, vale aquele pequeno disclaimer de sempre: trata-se de uma visão geral, uma conclusão trazida por especialistas que observam o comportamento desses jovens. Mas não se trata de uma regra para todos os nascidos nessa época. Além disso, esse artigo não possui o intuito de fazer juízo de valor, apenas pontuar uma tendência que acompanha o mercado de trabalho. Vem com a gente nesse fio! 👇🏻

Ambição silenciosa

Essa é a tradução literal para o termo que iremos te contar hoje: o quiet ambition. As novas gerações estão ressignificando o que é ter sucesso e qual seu propósito de vida e, nesse balanço, o trabalho está perdendo a posição de prestígio que tinha até então pelos profissionais mais velhos. Uma pesquisa feita pela Gallup revelou que 50% da força de trabalho nos Estados Unidos fazem apenas o que consta em seu job description e nada além disso.

Uma reportagem publicada pela revista “Fortune” chama essa reviravolta de era da “quiet ambition” (ambição silenciosa), uma vez que os profissionais mais jovens estão se recusando a “trabalhar apenas por trabalhar”, como pontuou a revista de finanças Forbes. 

Isso é reflexo de uma mudança de paradigmas, onde os mais jovens entendem que para chegar a cargos de lideranças, muito de suas vidas pessoais terão de ser sacrificadas - como fizeram seus pais no passado, por exemplo. Além disso, em meio a tantas crises econômicas, jovens da Geração Z testemunharam demissões em massa e insegurança no trabalho, o que gerou uma insatisfação com esse modelo onde não importa o seu mérito, talvez você seja demitido da mesma forma.

Um relatório da plataforma de people analytics da empresa canadense Visier conversou com 1000 entrevistados e concluiu que os profissionais estão evitando cargos de gestão para ter mais tempo livre. Além disso, a pesquisa descobriu que:

• 4% dos funcionários consideram ser promovidos ao alto escalão como um objetivo importante de carreira; 
• 38% estão interessados em se tornar gestores de equipes na empresa em que trabalham e 62% preferem permanecer como estão, sem pessoas abaixo;
• 37% dos entrevistados afirmaram que algum dia estarão interessados no trabalho do seu chefe;
• 91% citaram motivos como as responsabilidades associadas à liderança, como estresse ou pressão e trabalhar mais horas, para não querer subir.

Na lista de ambição desses entrevistados, passar tempo com a família e amigos está no topo, com 67%, e é seguido por ter saúde física e mental (64%) e viajar (58%). Apenas 9% enxergam como prioridade se tornar um gerente. O salário parece ser o único atrativo para esses funcionários: 71% deles admitem que melhores salários os incentivariam a se tornarem gestores de pessoas, 45% citam maiores benefícios e 26% citam mais oportunidades de progressão na carreira.

Por fim, mais da metade dos entrevistados (55%) tem o equilíbrio positivo entre vida pessoal e profissional como uma qualidade máxima a se procurar em um local de trabalho. Outros 41% citam acordos de trabalho flexíveis, 37% um ambiente descontraído e apenas 10% buscam melhorar a capacidade de gerir pessoas. 

Resta saber quem serão os chefes do futuro, cargo esse que um dia já foi muito desejado e hoje parece ser temido por grande parte dos futuros profissionais. Uma coisa é fato: o mundo muda e com ele, mudam-se os anseios. Comente aqui embaixo: o que você espera para o futuro?