Carreira e Autoconhecimento

Desde o início da pandemia, tenho percebido um aumento significativo no número de clientes de Coaching com demandas relacionadas à carreira, o que é bastante compreensível.

Mas, tem me chamado a atenção, também, que as pessoas chegam para o processo de Coaching com um entendimento, muitas vezes, equivocado sobre o que é investir na carreira. A maioria traz como objetivo, aprender as estratégias para se recolocar no mercado, sem fazer nenhuma reflexão sobre si e sobre seu momento profissional.

Por isso, trago uma reflexão: o quanto questões ainda não percebidas em cada um impacta no autodesenvolvimento e na realização dos seus objetivos profissionais?

A carreira é algo construído todos os dias e começa pelo investimento em autoconhecimento, para lhe dar condições de fazer escolhas, de se sentir nutrido, de encontrar o seu caminho, de se recolocar, de empreender, de ser um líder melhor, de deixar o ambiente que está inserido melhor do que encontrou, enfim, de colocá-los em uma condição de protagonistas das suas histórias e não vítimas dos acontecimentos. Investindo em autoconhecimento, até mesmo em situações de crises ou de mudanças imprevisíveis ou intensas, nós lidamos muito melhor, identificando estratégias, ideias, soluções e de forma mais fluida e mais leve.

Fiz uma enquete para conhecer a percepção das pessoas sobre a importância do autoconhecimento na gestão da carreira e fiquei muito feliz com o resultado, mas também, muito reflexiva – 95% das pessoas que responderam afirmam que o autoconhecimento é fundamental na gestão da carreira e, então, me pergunto: onde reside a dificuldade de mergulhar no autoconhecimento, já que a maioria acredita ser fundamental?

Algumas pessoas não acham necessário tal investimento, pois citam que só querem se reposicionar no mercado de trabalho e aqui, faço duas provocações:

• Se reposicionar no mercado hoje, exige muito mais de nós do que há alguns anos, novas formas de abordar, novas estratégias, novas habilidades, enfim;
• Será que se recolocar é a única opção? Ou definiu esse objetivo por medo, apenas?

Outras pessoas, acham que vão “gastar” dinheiro nesse processo. Ok, mas, quanto custa ficar mais tempo fora do mercado? Quanto custa ser eliminado de alguns processos seletivos ou não avançar em algum projeto?

É muito comum, ainda, a falta de cuidado e de investimento na carreira ao longo da trajetória. Algumas pessoas, por exemplo, que estão em uma boa posição profissional ou aquelas que já trabalham na mesma empresa por um bom tempo, ou ainda aquelas que experimentam um crescimento orgânico da carreira, na maioria das vezes, não investem em si mesmas, por ter uma compreensão de que tudo está dando certo. Sim, tudo dá certo, sempre, mas isso não anula a necessidade do cuidar de si, e no nosso contexto aqui, cuidar da carreira. Investindo no autoconhecimento, tudo dará ainda mais certo e melhor e você ainda estará sempre autoconsciente para enfrentar momentos de mudanças e estará sempre preparado para o mercado.

Outro ponto importante sobre a questão do autoconhecimento na carreira é ter um entendimento sobre a sua carreira, se está feliz, se sente-se nutrido pelas escolhas que fez, se fez escolhas, de fato, ou se trabalha em algo que chegou e foi ficando, ficando e ficando…perdido no dia-a-dia.

Essa falta de olhar para si com mais profundidade, tem gerado em muitas pessoas a sensação de ver a vida passando e, gerado ainda, muita fragilidade ao lidar com momentos mais desafiadores.

A vida é impermanente, e nunca vimos essa teoria tão clara como nesse momento do mundo. Tantas mudanças, tantos fins de ciclos, tantas empresas grandes e tradicionais desaparecendo, novas formas de trabalho, novas habilidades sendo exigidas, empresas nascendo em áreas que sequer conhecíamos, isso sem contar as mudanças em outras dimensões, mas isso fica para um próximo texto.

Dentre essas mudanças, a demissão é uma consequência de algumas delas e alguns buscam por um processo de Coaching nesse momento para se preparar para reingressar no mercado. Logo no primeiro encontro é possível sentir que essas mesmas pessoas, que se percebiam com estabilidade profissional já tinham sonhos, inquietações, planos e nada foi posto em prática. Questões “antigas”, e que não tiveram a devida atenção com justificativas, tais como, não tinham tempo, não tinham como investir financeiramente, estou me organizando para isso, entre outras. Essas justificativas, sim são importantes e reais, mas, tem outras “causas” por trás de cada uma delas que vão muito além dessa compreensão; e, o fato de não olhar e aprofundar essas questões dificulta lidar com mudanças não previstas e inevitáveis (como a demissão, por exemplo) se transformando (em alguns casos) em algo mais complexo. E aí, fica a pergunta: porque só após uma crise ou um fato desagradável a pessoa busca apoio profissional?

Outras observações importantes nesse processo de investir na sua carreira são a importância de ressignificar um desligamento que é uma perda e, como tal, precisa ser elaborada; ou a forma de compreender sobre como você gerencia um time e que pode ter sido a suposta causa da demissão ou da não promoção ou o quanto as suas emoções e comportamentos impactam na sua jornada profissional, para citar alguns exemplos. Portanto, afirmo sem receio que, quem embarca nesse mergulho para dentro de si mesmo tem os melhores resultados, simplesmente porque somos Seres Integrais e não podemos olhar a carreira de um ponto isolado acreditando que a nossa vida é feita de compartimentos dissociados, pois não é, está tudo integrado e tudo influencia em tudo.

O Coaching é um processo de autoconhecimento que está relacionado a mudança, a autotransformação em prol de uma meta. No contexto da carreira contribui para alcançar a oportunidade profissional que deseja, (re)conhecer seu potencial e seu diferencial; aqueles talentos que estão escondidos em você, que até o momento você não permitiu desabrochar; contribui também, para identificar possibilidades e oportunidades, criar, assumir novos caminhos ou projetos, enfim.

Investir em autoconhecimento permite que você se perceba a cada dia, fazendo as conexões, compreendendo onde estão as travas, as dificuldades, as crenças, as dores ou questões que precisam ser acolhidas, compreendidas para serem transformadas, permite reconhecer e assumir seu lugar de potência, curtindo com mais leveza essa jornada maravilhosa que é a vida, com os altos e baixos que fazem parte desse processo e mudando o seu olhar sobre eles e a sua forma de lidar. Não tem mágica, nem receita, é uma travessia individual, cada qual no seu tempo, no seu ritmo, com as suas metas, seus sonhos, com muita autocompaixão e amor por si mesmo.

Então, fica aqui o meu convite: por trás das demandas de carreira, especificamente, existem muitas outras questões que dizem respeito a algo mais intrínseco de nós mesmos, questões comportamentais, medos, falta de autoconfiança, insegurança, baixa autoestima e seus potenciais guardados a sete chaves. Todos nós (sem exceção) temos questões que precisam ser cuidadas, que estão por trás das nossas dificuldades de conquistar o que queremos.

O Coaching praticado à luz da Teoria Integral, é uma metodologia de grande valor para o desenvolvimento humano, por permitir, entre outras coisas, a compreensão da realidade de forma ampla e eficiente.

Você vai poder despertar a sua Consciência sobre si mesmo e sobre a sua demanda;

Refletir sobre como você quer servir ao mundo;

Conhecer o seu perfil comportamental e avaliar como isso impacta na condução da sua vida;

Dar-se conta dos tipos de inteligências ou habilidades específicas você já tem desenvolvidas e aquelas que você pode desenvolver para alcançar sua meta;

Estar ciente das suas emoções buscando prevenir ou agir direcionando da melhor forma, à medida que elas se mostrem como uma oportunidade ou como uma ameaça ao seu objetivo;

Ampliar a visão do mundo e da realidade, trazendo novas e amplas perspectivas;

Criar novas possibilidades, novos caminhos;

Colocar atenção naquilo que verdadeiramente deseja;

Reconhecer a sua potência e ouvir o chamado da sua alma.

Então, o que me diz sobre essa proposta?

Abraços,

Estela Scher