A Cauda Longa do KondZilla
Captura do YouTube do Canal KondZilla

A Cauda Longa do KondZilla

Alguém já parou para contar quantos lançamentos por ano temo o KondZilla? Eu já, e assim como no texto sobre a veia colaborativa da Anitta e seus sucessos nos negócios, trago algumas conclusões. Para quem não ouviu falar no KondZilla é um canal do YouTube, com 35 milhões de inscritos e quase 17 bilhões de visualizações desde o lançamento do canal, em março de 2012 (registro do dia 13 de junho de 2018 e aumentando exponencialmente).

A KondZilla foi criada em 2008 por Konrad Dantas, nascido e Santos e criado no Guarujá, com o desejo de trabalhar com música. Atualmente, a empresa atua como uma holding, administrando as companhias: a produtora de conteúdo e videoclipe KondZilla Filmes, a gravadora KondZilla Records, a linha de roupas e acessórios KondZilla Wear e o portal de notícias KondZilla.com, sobre comportamento do jovem da Favela. De acordo com o SocialBlade, site que quantifica acessos através de estatísticas de acesso, o canal ganha pelo menos 187 mil dólares por mês.

Enquanto verificava a lista dos artistas mais tocados nos últimos cinco anos, a quantidade de funk citado na lista, principalmente os ligados a ostentação era enorme. O Funk Ostentação, originário de São Paulo, canta sobre carros, motocicletas, bebidas e outros objetos de valor, mulheres e dinheiro e estourou com o KondZilla. O Canal se especializou no nicho, criando uma programação regular para seu público-alvo. Em 2017, a produtora publicou 321 videos, quase um para cada dia do ano, engajando seu público.

Apesar de as músicas “Até o Grave Bater” de MC Kevinho e “Bum Bum Tam Tam” de MC Fioti terem figurado na lista das mais executada do YouTube em 2017 (e outras canções aparecerem desde o inicio das músicas mais executadas do YouTube desde 2012), a produtora ganha dinheiro no volume de clipes lançados, mais do que em seu hit principal.

A teoria da Cauda Longa de Anderson pode ser resumida como a curva resultante do foco em alguns hits relativamente pouco numerosos, produtos e mercados da tendência dominante, que avança em direção a uma grande quantidade de nichos na parte inferior, cauda da curva de demanda (2006). Aplicada a música no YouTube, essa teoria ajuda a criar grandes canais como a KondZilla já que “como os não-hits são tão numerosos, suas vendas, embora pequenas para cada faixa, rapidamente atingem volumes consideráveis” (ANDERSON, 2006).

Utilizando um dos pilares do YouTube, a frequência, o canal trabalha a Cauda Longa de Tempo em seus conteúdos, aproveitando o potencial de hit das músicas e transformando vídeos mais antigos em material lucrativo.

Dados de 13/06/2018, quando o canal tinha 744 vídeos hospedados. As tabelas acima só levam em consideração os dados de 2012-2017, com total de 618 vídeos no intervalo de seis anos.

No geral, o YouTube é muito mais eficaz em gerar vendas de músicas de novos artistas em comparação a artistas estabelecidos, ajudando na divulgação de novas músicas e beneficia de forma desproporcional as vendas de música mainstream ((KRETSCHMER e PEUKERT, 2017). A onipresença do KondZilla nas listas de novidades e volume de visualizações o coloca nas recomendações da plataforma, os transformando em conteúdo relevante para a plataforma. É um hub de conteúdo, um novo o tempo todo e que ganha (e muito) com sua influência e história na plataforma.

Quer ter uma ideia? O maior artista brasileiro é Roberto Carlos, que vendeu mais de 120 milhões de discos. O maior artista da KondZilla, MC Fioti, teve mais de 870 milhões de visualizações (e seis milhões de likes) só com a música "Bum Bum Tam Tam". Talvez não esteja perto do que RC ganhou em seus 50 anos de carreira, mas que é incrível para artistas desconhecidos que só tem apoio de um hub de nicho como plataforma, ah, isso é.

ANDERSON, Chris. A Cauda Longa. Rio de Janeiro: Elsevier: 2006

KRETSCHMER, T., e PEUKERT, C. Video Killed the Radio Star? Online Music Videos and Recorded Music Sales. Londres: CEP Discussion Paper, 2017.

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