“CHANGE THE GAME” - CULTIVE TEMPO PARA PENSAR

Sabe por que gosto de viajar? Além de vários bons motivos, para mim um dos principais, é de que é um dos poucos momentos que fico sozinho, que tenho tempo para pensar, para deixar o pensamento voar livre literalmente. Nestes momentos tenho diversas ideias, planejo, tomo decisões, revejo meus passos, minha vida passa as vezes pela mente, e reafirmo minhas escolhas, ou penso que talvez devesse rever determinados pontos. 

Na rotina, no dia a dia, que embora seja importante, seja o que garante nosso ganha pão, não temos tempo, nossa agenda é apertada, e quando sobra algum horário, elencamos mais um compromisso, mais uma reunião, mais um atendimento.... trim...trim...trim...toca a caixa registradora, mas às vezes são moedas, “chequinho”, “dinheirinho” que pinga....essencial, mas não nos leva para o outro nível, à próxima fase. 

Quando não temos tempo para refletir, para pensar, para planejar, agimos por intuição, conforme o vento sopra, pode dar tudo certo, ok... mas podemos perder oportunidades ímpares de mudar nossa trajetória, de ir para outro patamar, de inventar e inovar. 

Aliás, inventar e inovar são coisas diferentes, inventar é criar algo que é novo, que não existe, uma invenção, mas que não necessariamente gera valor ou negócio. A melhoria de algo que já existe, ou uma invenção que gera valor para alguém, ou ainda melhor, quando gera valor para muita gente, que vira negócio, passa então a ser uma inovação. 

Então uma das primeiras decisões estratégicas que devemos tomar (e aqui falo em nós, porque também estou reafirmando para mim mesmo) é termos espaços em branco na nossa agenda, espaço de pensar, de deixar a criatividade correr solta, de um encontro com nós mesmos e com as oportunidades. 

Ser ocupado é diferente de ser produtivo. Precisamos de menos “hard work” e mais “smart work”. Ser produtivo é trabalhar de forma inteligente, e para isso precisamos ter tempo para pensar. Existe um mito acerca de trabalho, que sim enobrece o homem, mas não se refere somente a trabalho braçal, trabalho intelectual também é trabalho, pensar é trabalho intelectual. 

Por mais "hard" que seja nosso trabalho diário, nosso cérebro se acostuma com ele, automatizamos as tarefas e com isso entramos na zona do conforto, nos habituamos a repetir as tarefas dia após dia. Agindo como autômatos, automatizamos nossas tarefas e não conscientizamos mais as mesmas, repetimos padrões, e é onde o humano desaparece. Não temos como atender alguém no automatismo e sermos empáticos, humanos, atenciosos, pois máquinas não tem empatia. Quantas vezes na nossa rotina como profissional da saúde estamos agindo como máquinas ?

Outro risco ainda quando agimos no automatismo, é que hoje atividades que reproduzem padrões, estão sendo substituídos pela inteligência artificial, que na sua primeira fase, a automação, reconhece padrões, e automatiza tarefas repetitivas. Autômatos, profissionais de qualquer área, que agem sem consciência, sem humanização, estão sendo substituídos gradativamente pelas máquinas, pela inteligência artificial, e terão seus empregos ameaçados, seja na área que for.

Mas atenção, não estou dizendo que você deva ficar somente no campo das ideias, execução é tudo! Já escutei algumas vezes, em minhas idas para a Bay Area ( antigo Vale do Silício) na região de San Francisco, berço das maiores empresas do mundo, de que lá se alugam pensadores e se contratam executores, já que ideias todos tem o tempo todo, e o que vale é a execução. Ideias tem valor, claro que sim, mas se elas ficam só no campo das ideias, sem execução, não tem quase valor algum, não geram inovação, não geram negócios, não mudam o mundo.

O que estou defendendo aqui é o equilíbrio, de encontrar na sua rotina corrida, focada em execução, tempo para pensar, para gerar ideias, para o que alguns autores já descreveram como o ócio criativo. Cultive estes espaços, valorize-os, mesmo que num primeiro momento você se sinta perdido, como se estivesse desperdiçando seu tempo, pois não somos treinados para pensar, somos treinados para trabalhar focados em nossas habilidade técnicas. Com o tempo e o treinamento necessário (você pode ler alguns livros e artigos sobre este assunto), que pode até incluir meditação, você vai ter muito mais condições de criar coisas novas, de gerar novas oportunidades e quem sabe mudar o jogo.