Chega, vou pedir a conta! - Uma história sobre persistência
Me lembro de inúmeras vezes em meus empregos anteriores que pensei: chega, vou pedir a conta. Não dá mais. Além de ver o mesmo acontecendo com muita gente.
Normalmente, essas situações acontecem no primeiro obstáculo que você encontra, do tipo: sequência de situações em que você está certo e é contrariado, situações que a culpa cai em você mesmo não sendo (típico de quem trabalha em RH), estresses ou desgastes com pessoas ou equipes, ocasiões onde você acha que está sendo subaproveitado, e outras inúmeras situações que acontecem no dia a dia corporativo.
Sabemos que a vida profissional tem mais desafios que alguém imaginaria que poderia encontrar, e de cara a tendência é pensar que não dá, que “não preciso passar por isso”.
Precisa sim. Todos nós precisamos desses reveses na vida profissional pois são eles que nos fortalecem, e a cada desafio que encontrei, após passado o momento de raiva momentâneo, eu começava a pensar qual oportunidade de aprendizado aquilo trazia pra mim. Que cada coisa que acontecia a minha frente era mais um degrau de aprendizado, de experiência.
Passar por cada uma dessas coisas nos tornam mais fortes e mais resilientes. E quem trabalhou comigo de perto sabe, passei por poucas e boas, e muitas vezes me perguntava “porque eu?”
Acontece que percebi que aquilo ali acontecia com todo mundo. Que eu não era a vítima, ou a última bolacha do pacote para achar que essas coisas aconteciam só comigo. Comecei a olhar para fora e vi que todos os profissionais passavam por situações semelhantes, simplesmente porque isso faz parte da vida corporativa.
E então eu comecei a aceitar cada “invertida” como uma incrível oportunidade de me fortalecer e trazer aprendizado e experiência. Para fazer melhor, e principalmente para me tornar melhor.
As vezes passava aquele pensamento comum pela cabeça “será que estou fazendo algo errado”? Na maioria das vezes não (não vou falar que sempre, pois ninguém é perfeito, certo?), mas que as situações envolviam assuntos de outras pessoas e equipes e os interesses divergiam. E posso te dizer que essas situações eram as mais valiosas. Dizem que mar calmo não faz bom marinheiro, e é verdade.
Que graça teria se fosse tudo certinho e tudo 100%? Viveríamos numa mesmice sem aprendizados e sem evolução.
Temos que desenvolver nosso olhar hoje em dia para aquilo que nos desafia, que nos tira da zona de conforto. Se uma situação te causou alguma sensação estranha e difícil, aproveite-a. É uma oportunidade ímpar, bem na sua frente, de crescer como pessoa e como profissional.
Se dê um tempo, se afaste da situação e veja:
o que aquilo tem a me ensinar? Como posso evoluir?
Igualmente importante a aprender a identificar oportunidades das situações, é também saber quais situações ferem seus valores ou te prejudicam. A mensagem aqui não é para aceitar tudo que vem, e sim saber identificar o que é oportunidade do que é invasão. Nesse último caso, é tudo aquilo que vem para não agregar nada, e só causam sofrimento.
Adquirir essa visão para saber o que é oportunidade ou invasão só vem com o tempo, mas aqui temos dois segredos: o autoconhecimento e a persistência. Você conhecer o que te inspira, o que te chateia, quais são seus valores e o que é importante para você é fundamental para atravessar períodos turbulentos e sair mais forte. E persistir, não desanimar ou desistir no primeiro obstáculo também é essencial, pois a oportunidade você enxerga depois que a chuva passa. E você precisa esperar ela passar, sem impulsividade.
Pense nisto.
Se você está em início de carreira, esse exercício de persistência e resiliência é mais do que fundamental: é obrigatório se você quiser se manter. E com o passar dos anos isso não fica mais fácil, mas você vai se acostumando a olhar diferente para as situações.