Chico caipira Pirapora
Acho super engraçado quando algum desconhecido encontra Francisco na rua e quer puxar papo: ei bebê, cadê o au au? E Chico fica com aquela cara de paisagem. Agora, experimenta falar para ele: ei bebê, vamos ver a vaca? Ele abrirá um sorrisão, apontará o dedo para o horizonte e soltará: a bá!
É minha gente, quase todos os dias Pedro e eu vamos passear com o Francisco na estrada que passa em frente de casa e que é de terra. Do momento em que entramos no carro e saímos no portão até chegarmos a uma cerca já conhecida pelo pasto e um casebre amarelo, vamos ouvindo aquela vozinha dele “a bá”, “a bá”. Olho para ele e os olhos dele estão grudados na janela procurando o animal adorado.
Todos nos perguntam se ensinamos isso para nosso filho, mas, não. O que aconteceu foi que todos meus tios moram em sítio, assim como nós, e têm criações: ovelhas, porcos, cavalos...mas nunca vacas! E não é que parece que Chico nasceu no meio do pasto? Ô menino pra gostar de roça e animais de fazenda! Acho impressionante e lindo de ver. É só aparecer um destes animais na frente dele que ele grita, dança e fica com a boquinha aberta.
Eu, como mãe deste roceirinho, fico com sorriso nos lábios por ele ter esta atração por bichos porque não foi de mim que ele puxou! Eu até gosto de gatos, cachorros, agora galinhas, vacas e cavalos nunca foram os meus prediletos e por conta do Chico insistir, lá estou eu, todos os dias procurando um galinheiro ou um estábulo para levar o garotinho para passear.
Aliás, este gosto dele acabou que nos direcionou para passeios que não fazíamos antes. Dias desses fomos ver uma amiga nossa em suas aulas de hipismo. Noutro dia, fomos ao zoológico. E ainda teve o dia que fomos em um haras para ele poder dar umas voltas em cima de um potro. Até os desenhos dele são em torno deste tema! Aliás, ele quase não vê desenhos, porque quando vê um computador dando sopa, logo pede “a bá” e temos que sair em busca de vídeos no Youtube sobre vacas mugindo e cavalos relinchando. Eu acho um barato!
O que eu levo desta convivência com meu menino chico bento é o encantamento que ele tem por essa vida no campo. Muitas vezes eu me pegava pensando (e querendo) morar em um lugar mais agitado, com mais vida social, shows e bares, no entanto, desde a chegada do Francisco é que venho me apaixonando pelo barulho da chuva nas árvores, pelo silencia e, claro, pela experiência de buscar ovos no galinheiro ou ficar longos minutos parada na beira da cerca apreciando uma vaca.
Neste sentido, tenho refletido muito sobre o vegetarianismo e já me peguei com o impulso de aderi-lo. Fico pensando na incoerência entre ver meu filho nesse amor por esses animais e dois minutos depois entrar em uma churrascaria e oferecer para ele um pedaço de carne. Isto tem me incomodado e sigo no rumo de quem, pela primeira vez, parou para pensar (de verdade) neste assunto. Até acredito que é uma ótima hora para essa virada, já que Francisco ainda está construindo seu paladar e seus gostos. E assim, sigo neste rumo de fazer ligar o que acredito com o que faço, com a ajuda do meu menino caipira.