CIGARRO
Texto: Priscila de Fátima Jerônimo
Acendo um cigarro, é tarde, já é madrugada, no som uma música francesa ecoa pela sala, sinto o cheiro forte da nicotina invadindo minhas narinas, não me importo, estou num processo muito mais amplo e complexo, do que qualquer um possa imaginar. Eu te procuro e te caço, mas o laço não te coloco, te deixo livre, livre como é a fumaça que exalo da boca, como uma resposta pra ti em qualquer tempo e em qualquer lugar.
O relógio trabalha a meu favor, ao menos hoje ele é meu amigo, discreto me observa com seus ponteiros, minha obsessão pelo tempo foi se embora junto com todas aquelas tralhas que o passado chamado " Grilo Falante" deixou como herança de Deus sabe o quê...
Se foi como tudo na vida se vai e deixou as tralhas, os moveis, como se quisesse me compensar por algo, pela falta que me faria ou não.
Sei lá deixou uma parte da vida que abandonou aqui comigo, não quero ser depósito de histórias de ninguém, quero seguir com a minha vida, com a minha existência, sem grandes arroubos, na verdade só com minha nova paixão - criar histórias - minhas, dos outros, dos meus amores, dos meus dissabores.
Quero somente escrever e vivenciar isso em mim, na minha mente - deixando registrado no tempo e no espaço o que sou, o que fui e talvez o que serei.
Se essa busca me conduzirá a algum lugar? Bom, ao certo que sim, posto que todo o esforço um dia será recompensado. Se não aqui agora, no futuro.
É o que sempre quis, ser lida e compreendida na amplitude do verbo, do som e da vontade. É um caminho grande e tortuoso, entretanto agora que o encontrei não o largarei por nada e nem por ninguém. O que me resume a vida é isto: escrever, atuar, ensaiar, escrever, ensaiar e atuar. É minha porção única e indivisivel neste mundo.Puramente o que sou e vim fazer aqui. Esta sou eu.