Com dólar a R$ 6,00, Copom aumenta a Selic para 12,25% ao ano

Com dólar a R$ 6,00, Copom aumenta a Selic para 12,25% ao ano

Olá. Tudo bem? 

Depois de começar o atual ciclo de alta dos juros de forma gradual, o Copom (Comitê de Política Monetária) pisou fundo no acelerador e anunciou na véspera um aumento de 1,00 ponto percentual na taxa Selic, que vai encerrar 2024 em 12,25% ao ano. 

Ao contrário das últimas reuniões, o mercado estava bem dividido entre um aumento de 75 e 100 pontos-base. A decisão do comitê, contudo, foi unânime, indicando um alinhamento dos membros para tentar ancorar as expectativas de inflação e responder à deterioração do cenário fiscal e do câmbio. 

Com o dólar rompendo a barreira dos R$ 6,00 após o anúncio frustrado do pacote de corte de gastos pelo governo, os preços avançando e a economia muito aquecida, o colegiado não teve outra alternativa senão endurecer o ritmo do aperto monetário. E, ao que tudo indica, o juro básico brasileiro continuará subindo no ano que vem. 

No último encontro, o Copom não havia se comprometido com nenhum passo específico e disse que os "ajustes futuros" seriam ditados "pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta". Mas as apostas migraram de vez para nova aceleração após a apresentação do pacote fiscal pelo governo. 

A reação negativa do mercado deveu-se ao anúncio da isenção de Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil, gerando uma interpretação de que o presidente Lula não está tão comprometido em alcançar um equilíbrio das contas públicas. 

Para compensar a perda de arrecadação com essa ampliação de limite, o governo planeja taxar mais quem recebe acima de R$ 50 mil. No entanto, ainda não sabemos como será o desenrolar da aprovação do pacote fiscal no Congresso, o que gera uma incerteza adicional entre os investidores. 

Tudo está girando em torno desses temas, o que nos leva a crer que os diretores do Banco Central continuarão agindo com pulso mais firme para tentar ancorar as expectativas de inflação e responder à deterioração do cenário fiscal e do câmbio. 

A começar pela inflação. Nos últimos 45 dias, a estimativa do mercado para o IPCA em 2024, medida pelo Relatório Focus, subiu de 4,59% para 4,84%. O número coloca a projeção acima do teto da meta do BC, mostrando uma desancoragem pior do que a observada em novembro – para 2025, a projeção é de 4,59%, também acima da meta. 

Isso ocorre por diversos motivos. O primeiro deles é que a atividade econômica brasileira segue aquecida e mostrando sinais inflacionários. O mercado de trabalho, por exemplo, está com a menor taxa de desemprego desde 2012, o que significa que as famílias possuem atualmente um potencial de consumo mais elevado. 

O segundo ponto de preocupação, já mencionado acima, é o cenário fiscal. E como o governo não sinalizou um corte mais amplo das suas despesas, além de renunciar a uma fonte relevante de arrecadação, houve uma nova rodada de deterioração das condições financeiras, especialmente do real frente ao dólar. 

O que nos leva ao terceiro fator que deve continuar pressionando o Copom a subir a Selic. Com a incerteza em relação ao cenário fiscal, investidores estrangeiros se afastam dos ativos brasileiros, enquanto o mercado local busca refúgio no dólar. 

O resultado é um câmbio depreciado, com a moeda americana em trajetória de alta. Um dólar mais caro tende a gerar um processo inflacionário ainda maior, causando mais dor de cabeça para o BC. 

No comunicado que acompanhou a decisão, o comitê ressaltou que “a percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”. 

Além disso, já anteveu mais dois aumentos da mesma magnitude nas duas próximas reuniões, que elevariam a Selic para 14,25% ao ano. 

Com o calendário de reuniões do Copom em 2024 devidamente encerrado, não custa lembrar que os investidores iniciaram o ano crentes de que a Selic terminaria bem abaixo dos 12,25% atuais – o primeiro relatório Focus, de 5 de janeiro, estimava a taxa em 9,25% na virada para 2025. 

Quase um ano depois, somos obrigados a lidar com um choque de realidade que enseja muito menos euforia e maior cautela. O que não significa que você não pode ter boas chances de de conseguir um rendimento maior em seus investimentos. 

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