As decisões de juros no Brasil e nos EUA em semana marcada por Trump
A semana que está quase terminando ficará marcada pela vitória avassaladora de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Mas enquanto o mercado repercute o resultado, precisamos falar também das novas definições de juros por lá e no Brasil.
Desta vez, ao invés da tradicional ‘Super Quarta’, tivemos as divulgações em dias diferentes, com o Fed e o Copom voltando a seguir caminhos distintos em suas respectivas decisões de políticas monetárias.
Pelo fato de os americanos terem ido às urnas na última terça-feira (5), o Fomc (Federal Open Market Committee) postergou em um dia o início da sua reunião, deixando o anúncio da nova taxa para hoje.
As expectativas estavam amplamente consolidadas, de modo que praticamente não havia espaço para surpresas. O corte foi de 0,25 ponto percentual, levando o juro básico dos EUA para a faixa de 4,50% a 4,75% ao ano.
Vale lembrar que o Fed iniciou o atual ciclo de cortes na última reunião com uma queda mais agressiva, de 0,50 p.p., que surpreendeu – e agradou – boa parte do mercado.
Nos EUA, o principal problema é que os dados oficiais mostram sinais conflitantes sobre o real status da economia do país, principalmente no que diz respeito ao mercado de trabalho.
Precisando de mais dados que não estejam sob influência dos graves eventos climáticos recentes, era natural se esperar por uma decisão mais moderada da autoridade monetária.
Agora, com a confirmação da eleição de Donald Trump, o mercado fica atento se serão colocadas em prática as propostas para tarifas e cortes de impostos, que podem resultar em maior inflação e déficits e, consequentemente, implicar em rendimentos mais altos para os Treasuries de longo prazo.
Quem também deve se beneficiar da vitória de Trump são as criptomoedas, na medida em que o novo presidente e seu vice, J.D. Vance, são abertamente favoráveis ao setor.
Passando para o Brasil, depois de começar o novo ciclo de alta dos juros de forma gradual, o Copom (Comitê de Política Monetária) optou por acelerar o ritmo e anunciou na véspera um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, para 11,25% ao ano.
Os acontecimentos dos últimos 45 dias já indicavam que os diretores do Banco Central agiriam com pulso mais firme para tentar ancorar as expectativas de inflação e responder à deterioração do cenário fiscal e do câmbio.
A começar pela inflação. Em um mês, a estimativa do mercado para o IPCA em 2024, medida pelo Relatório Focus, passou de 4,37% para 4,59%. O número coloca a projeção acima do teto da meta do BC, mostrando uma desancoragem pior do que a observada em setembro.
Isso ocorre por diversos motivos. O primeiro deles é que a atividade econômica brasileira segue aquecida e mostrando sinais inflacionários. O mercado de trabalho, por exemplo, está com a menor taxa de desemprego desde 2012, o que significa que as famílias possuem atualmente um potencial de consumo mais elevado.
O segundo ponto de preocupação é o cenário fiscal. Nas últimas semanas, o governo federal prometeu um pacote de contenção de gastos para recuperar a confiança do mercado.
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Inicialmente, a intenção era divulgar as novas medidas após o fim do segundo turno das eleições municipais, mas até agora nada. A falta de novidades tem pressionado a curva de juros, com o mercado já precificando uma Selic que pode ultrapassar a casa dos 13%.
O que nos leva ao terceiro fator que deve continuar pressionando o Copom a subir a Selic. Com a incerteza em relação ao cenário fiscal e Trump eleito, investidores estrangeiros se afastam dos ativos brasileiros, enquanto o mercado local busca refúgio no dólar.
O resultado é um câmbio depreciado, com a moeda americana em trajetória de alta. Um dólar mais caro tende a gerar um processo inflacionário ainda maior, causando mais dor de cabeça para o BC.
No comunicado que acompanhou a decisão, o comitê reforçou o impacto da política fiscal na trajetória da monetária. “A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio”, afirmou.
Em outro trecho, disse que "uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”.
Os diretores também mudaram suas expectativas para a inflação. A projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2024 passou de 4,3% para 4,6%, acima do teto da meta — de 4,5%.
Restando agora apenas uma reunião do Copom em 2024, não custa lembrar que os investidores iniciaram o ano crentes de que o ano terminaria com uma Selic bem abaixo dos atuais 11,25% – o primeiro relatório Focus, de 5 de janeiro, estimava a taxa em 9,25% na virada para 2025.
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Gabriel Casonato