Comentário Semanal - 13 de maio de 2022
Nesta semana foi divulgado o resultado do IPCA de abril, que registrou alta de 1,06% em comparação a março. Apesar de apresentar desaceleração na comparação mensal, uma vez que a inflação de março foi de 1,62%, o IPCA voltou a acelerar no acumulado em 12 meses, saindo de 11,30% para 12,13%, o maior valor desde outubro de 2003. Além disso, foi a maior variação para um mês de abril desde 1996, quando a inflação mensal foi de 1,26%. Caminhamos para 14 meses de aperto monetário e os sinais de melhora não aparecem. Além disso, o resultado poderia ser muito pior, pois a queda no grupo de Habitação só ocorreu porque houve recuo de 6,27% nos preços de energia elétrica, uma vez que desde 16 de abril não há cobrança extra na conta de luz. Para os próximos meses os sinais não são muito animadores. A desaceleração no mês de abril se deu, em grande parte, pela perda de ímpeto em vetores mais voláteis da inflação, enquanto os preços livres responderam por 86% da inflação observada. São os preços livres que o banco central consegue influenciar através da política monetária, entretanto, mesmo com a taxa de juros acima dos dois dígitos esses preços não recuam. Essa interpretação é reforçada pela dinâmica da medida de serviços subjacentes, aqueles mais atrelados ao ciclo econômico, que estão com clara tendência de alta e rodando em dois dígitos. Esse é o principal problema agora para o Banco Central, pois sinaliza uma persistência grande da inflação. Entretanto, o Banco Central sinaliza o fim do ciclo de alta nas taxas de juros para a próxima reunião. A leitura dos dados de inflação nos diz que essa decisão pode se mostrar bastante precipitada.