Como a Coisa mais Procurada nas Empresas pode Mudar seu Resultado?

Há alguns anos tive um caso muito interessante sobre escolhas e resultado, que quero compartilhar com você:

Fui Superintendente Operacional em uma grande empresa, onde permaneci por 10 anos.

Minha equipe era bastante grande, robusta e estávamos presentes nas 5 regiões do país (imagine a diversidade de culturas e comportamentos… isso sempre me encantou).

Estava em uma das filiais e a gerente me trouxe um caso clássico: uma colaboradora, a quem, entre nós, chamarei de Carla.

A fala dela e dos seus coordenadores é daquelas que todos nós já ouvimos:

"Rodrigo, temos uma colaboradora muito difícil de lidar!

Não respeita os líderes, não aceita receber feedback e orientações, fala mal da empresa… Já trocamos de equipe várias vezes e, realmente, não tem jeito!

Ninguém suporta mais essa menina, todos a evitam!!"

Já percebendo o que estava por vir, perguntei:

Bom, se vocês acreditam já ter tentado de tudo por que não a demitimos?

Aí vem o clássico:

Ah, porque mesmo com tudo isso ela dá excelentes resultados!

Essa é sempre muito boa!! Geralmente pessoas difíceis de trato, apresentam resultados individuais interessantes.

Fui até a estação de trabalho da Carla e comecei a bater um papo com ela.

Realmente alguém de opiniões firmes, duras, com falas agressivas (mas não grosseiras) sobre seus gestores mas também com ótimas ideias e percepções.

Além disso pude constatar que tinha grande domínio sobre o que fazia e muita propriedade no que dizia.


A menina era muito Boa! Com “B” maiúsculo mesmo!

Coincidentemente tínhamos um processo seletivo aberto para um cargo de gestão.

Imagine você a cara de surpresa que ela fez quando a convidei a participar do processo…

Imagine também a cara de toda gestão da filial quando os contei sobre nossa conversa e sobre sua inscrição para o processo seletivo! Foi impagável!

Muito bem…


Carla não só participou como deu um show!

Nosso RH vibrou com sua desenvoltura.

Tinha todas as habilidades procuradas.

Revelou, ali, livre de amarras, outro nível de comportamento.


O que Carla fez, para além dos seus desafetos com seus gestores?

Foi indiscutivelmente competente e revelou a face que tanto desejava, mas não sabia como.

Foi aprovadíssima! E durante anos foi destaque e referência nas equipes que liderou. As pessoas a adoravam, queriam estar na equipe dela.

Talvez você leia e pense: “Rodrigo, ok, caso muito bacana mas é isolado.”

Não, não é um caso isolado. Isso se repetiu e se repete até hoje em várias organizações para as quais presto consultoria.

Dedicarei um artigo exclusivamente para sobre Como Lidar Com Pessoas Difíceis no Trabalho.

Antes disso quero construir contigo um alicerce forte!


Hora de entender, o que está na órbita e ao centro dos 10 motivos que mais mantém as pessoas nas organizações.

Neste post você verá o que está no topo da lista:

  • Desafios e responsabilidade;

Sócrates, Séc. V antes de Cristo, tinha razão:

“Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.”
Sócrates

É preciso desafiar o time, a equipe, a fazer sempre mais e melhor, contudo, atenção!!

Apesar deste ser um dos principais meios de desenvolvimento, afinal, ao desafiar puxamos a barra pra cima, tem uma pegadinha: ao atribuirmos as tarefas erradas para as pessoas erradas, por apenas seguir a lógica do desafio, teremos alguns problemas:

  • Alta expectativa na gestão x Baixa entrega de resultado…
  • Níveis de Frustração e Ansiedade elevados…
  • Baixo desenvolvimento, na prática…
  • Com o tempo, perda de vínculo com os objetivos da empresa…
  • Perda de credibilidade na gestão.

Rodrigo, tudo isso só por atribuir desafios ou tarefas às pessoas erradas?

Claro, não tenha dúvidas! Vou te explicar já!

Jim Collins nos provocou fazendo um adendo, muito feliz, a uma frase clássica, nos propondo:

“Pessoas não são o ativo mais importante da empresa. As pessoas certas que são”.
Jim Collins


À fala dele, acrescento para esclarecer: As pessoas certas, nos lugares corretos, que são.

Portanto, vou te apresentar uma matriz para elucidar, um pouco mais, o que causa as distribuições de tarefa, cargos elevados, projetos desafiadores e afins nas equipes e o resultado que pode-se esperar:

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Matriz de Atribuições para melhorar seu Resultado


Perceba os riscos!! Vamos analisar rapidamente juntos?

Desafio Alto para Baixa Competência (primeiro quadrante ao lado esquerdo).

Concorde comigo: temos que distribuir nossas tarefas, maiores risco, projetos desafiadores e de alta complexidade nas mãos certas, ou seja, pessoas que tenham competências à altura do desafio.

Vou te falar: conto nos dedos de uma mão quantos gestores conheci, em toda minha jornada, que pesam logicamente, com uma análise de competências, resultados, perfil e histórico comportamental para quem atribuirão tarefas de maior peso e complexidade.

Alguns juram que sim. Quando colocamos uma lupa, não passaram do ranking de performance dos últimos meses. Aaah como é comum

Além disso, precisamos avaliar os pontos mencionados acima, para uma tomada de decisão.

Agora volte à matriz para fecharmos esse ponto:

Líder, sinal vermelho aceso! Problema anunciado, certo, sem erro!

Colocar alguém que não tem o tamanho da tarefa, claro, teremos, pelo menos dois problemas sérios:

  • Não teremos o resultado desejado…
  • Geramos ansiedade e frustração no colaborador e na gestão.

Além disso colocamos uma série de coisas em jogo…

Aí você lê isso e pensa: “mas por quê a pessoa precisa ter brio e assumir, buscar ir além!

Pois é… mas estamos conversando de competência, não de capacidade.

Pois é… (de novo) e você, como líder, deveria tê-la preparado e desenvolvido desde o dia em que entrou.

Desculpe te desencantar: a bola sempre volta pro seu colo!

Muitas vezes não temos tempo esperar que essa musculatura fique pronta. As coisas precisam ocorrer no tempo das coisas e das necessidades da organização.

Precisamos, sempre, respeitar o tempo das pessoas também, por isso, devemos promover desenvolvimento contínuo, com todos, para não haver desníveis abissais entre pessoas do mesmo time.

Treine periodicamente sua equipe, usando as didáticas corretas, e como resultado terá os melhores resultados possíveis.

Seu crescimento será inevitável porque você será indiscutivelmente competente!

No outro extremo temos um caso oposto a esse:


Desafio Baixo para Alta Competência (último quadrante ao lado direito).

Bom, o racional é o mesmo mas parte do efeito não.

Atribuir tarefas de baixa complexidade, de baixa responsabilidade e relevância para pessoas que vem se desenvolvendo (mesmo que você não saiba), matam na raiz o engajamento e o desejo pela empresa.

Pensa comigo: quem gosta de se sentir subutilizado, menosprezado?

Na liderança de Corpo e Alma vimos que a experiência, a busca pelo novo, é inerente ao sujeito.

Portanto gestores, um alerta! Cuidado com os clichês “Sejam proativos” e “Saiam da zona de conforto”.

Isso parece simples mas não é tanto. Estamos começando a ver!

No caso acima, também não teremos o resultado esperado mas, desta vez, por falta de empenho e carinho.

Na esteira desse problema, um funcionário sem ânimo e estímulo para continuar se desenvolvendo.

Nesse momento sempre tem alguém que manda: “mas a pessoa precisa se desenvolver por ela e pra ela”.

Sem dúvida, tem toda razão! Só dois toques:

  • Não fique irritado, irritada, quando ela for pra concorrência…
  • Fique atento se você não foi o causador disso, utilizando mal as competências da equipe.

O restante da matriz segue o mesmo fluxo, a mesma linha! Tenho certeza que você já pegou!


Ah, não podemos esquecer, ainda no tópico 1, a RESPONSABILIDADE!

Tema sempre delicado e polêmico! Vamos nessa…?

Responsabilidade de quê?

A responsabilidade de ter olhos quando os outros perderam.”
José Saramago


Papel maiúsculo de uma liderança de ponta!

Mas estamos falando em todos os níveis certo? Certíssimo!

Por isso a necessidade de atribuir responsabilidade a todos e, com isso, desenvolver, além de competências, habilidades de autoliderança.

Como é bom saber que fomos responsáveis diretos por um projeto de sucesso!

Como é delicioso vibrar por grande resultados alcançados e ter nossa marca ali, clara, à vista!

Isso mexe com o melhor do nosso orgulho, da nossa vaidade (perigo danado, mas muito bom se usado nas doses certas).

Ao respeitar a lógica da nossa matriz e outras possíveis, você terá melhores chances de acertar, na veia e portanto deixar os melhores responsáveis possíveis para cada setor, tarefa, projeto, demanda etc.

Da mesma forma que reuniões periódicas para promover integração, acompanhamento e desenvolvimento são sempre bem-vindas nesses momentos de delegação.

É… dar responsabilidade, além do papel raso, trivial, passa diretamente por delegar algo um pouquinho mais e em doses certas para o crescimento perene.

Mas… como não poderia ser diferente… vamos apimentar:

“A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade.”
Sigmund Freud


Aaah Freud pra nos fazer vibrar, marcando nosso papo pelo avesso!

Após essa atravessada, vamos caminhar para fechar?

Para além de tudo que falamos até aqui, primeiramente é preciso respeitar, verdadeiramente, o cenário emocional e comportamental, naquele momento, da tua equipe e dos indivíduos que a compõe.

Cada um é um universo absolutamente diferente do outro!

Desejamos a responsabilidade, mas, às vezes, alguns, têm medo dela. Aqui vai três dicas importantes:

  • Estabeleça uma cultura de confiança e transparência com seu time, independente da cultura da empresa. Saiba: a microcultura tem tanto ou maior peso que a cultura geral, no ambiente corporativo. Ao estabelecer esse cenário todos terão liberdade para assumir, ou não, o que você propõe com a tranquilidade de não haver julgamentos. Converse, saiba se é o momento daquela pessoa. Se está disposta a assumir responsabilidades neste momento.
  • Certamente com ela, virão algumas cobranças na esteira. Isso precisa ser claro!
  • Não force a barra, não julgue, não diminua ninguém em caso de não aceitação.

O receio da responsabilidade é intrínseco a muitos. Cada um à sua maneira e no seu tempo. Desenvolva autoconfiança e autoestima para que, na próxima, ela esteja preparada.

Aqui nós entendemos: é uma junção de competência, habilidade e estado. Com tudo alinhado, é hora do crescimento!

Que tal revisitarmos a frase de Jim Collins para parafraseá-la e atualizá-la?

Pessoas não são o ativo mais importante da empresa. As pessoas certas, nos lugares corretos e no momento adequado é que são.


Esse artigo foi válido pra você? Se identificou com alguma coisa? Comenta aqui.


Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Rodrigo França

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos