Como entrar em sintonia com uma pessoa apenas observando o que ela diz

Você já deve ter participado de algumas conversas onde a comunicação e entendimento entre as partes ficou bem difícil.

A pessoa com que você conversa diz uma coisa, você responde de outra forma. A conversa dá a sensação de nunca entrar em um fluxo que permitisse que ambos entendesse o que era dito.

Não necessariamente é iniciada uma discussão acalorada. Apenas você não consegue se fazer entender pela outra pessoa, e nem ela, em relação a você.

Esse ruído na comunicação pode acontecer porque não houve o que na psicologia é conhecido como rapport, ou seja, sintonia e empatia entre as partes.

Esse desvio na comunicação não é algo grave ou difícil de ser resolvido, desde que haja interesse em adquirir conhecimento para se comunicar melhor, seja no ambiente profissional ou na vida pessoal.

Por isso, é tão importante conhecer e saber as diferenças das formas como as pessoas se comunicam para que seja possível entrar em sintonia com o outro em um diálogo, e assim, estabelecer uma comunicação de alto impacto.

Como interpretamos a realidade?

Todos nós interpretamos a realidade por meio de nossos cinco sentidos. Eles são a porta de entrada para assimilarmos o que o mundo externo está mostrando. A visão, a audição, o tato, paladar e olfato são as maneiras que temos de iniciar o processo de representação de tudo o que acontece.

Já, já eu vou explicar o que isso tem a ver com a comunicação de alto impacto, mas primeiro é importante passar por essa explicação, pois depois, tudo ficará mais evidente.

Após a passagem pelos cinco sentidos, aquilo que foi observado, passa pelo que chamamos de filtros onde se encontram os crivos da omissão, generalização ou distorção, além dos nossos valores, crenças, decisões e memória.

A terceira etapa desse processo de interpretação da realidade ocorre com a representação que fazemos dela, após a observação do acontecimento pelos sentidos seguido dos filtros. Essa representação irá gerar o que chamamos de estados emocionais, que são respostas químicas e neurais com base nas memórias de nossas emoções (que surgem a partir de um estímulo externo), e podem ser positivos (emoções e sentimentos positivos) ou negativos (emoções e sentimentos negativos).

Esses estados emocionais mexem com a fisiologia do nosso corpo, pois estimulam a liberação de substâncias que vão influenciar na maneira como vamos nos comportar (se vamos fugir, correr, atacar, paralisar, realizar, despertar...)

Todos interpretamos a realidade por meio dos nossos cinco sentidos, porém cada um de nós tem uma preferência por representar a realidade por um desses sentidos na maior parte do tempo.

Algumas pessoas representam os acontecimentos, na maior parte do tempo, de forma visual, enquanto outras de forma auditiva. E há aqueles que dão preferência por interpretar a realidade por meio cinestésico, na maioria das vezes.

É com base nesse entendimento que damos o passo seguinte nessa discussão.

As pistas que as suas palavras me dão!

Segundo a PNL (programação neurolinguística), existem três sistemas representacionais preferenciais: visual, auditivo e cinestésico.

• Visual: é o sistema representacional que privilegia a visão. As pessoas que preferem interpretar a realidade de forma visual, na maior parte do tempo, utilizam muito em suas conversas, palavras como "olhar", "imagem", "foco", "branco", "mostrar", "prever", "ver", "visão" e "refletir".
• Auditivo: é o sistema representacional que previlegia a audição como forma de representar a realidade. Pessoas que preferem interpretar a realidade, na maior parte das vezes, falam muito em seus diálogos, palavras como "ouvir", "escutar", "tom", "comentar", "contar", "silêncio", "reclamar", "ritmo"e "sotaque".
• Cinestésico: é o sistema preferencial referente ao tato, paladar e olfato. Pessoas que preferem, na maior parte do tempo, representar a realidade dessa forma, expressam muito em sua comunicação, palavras como "doce", "saboroso", "gosto", "perfumado", "salgado".

Dessa forma, ao estabelecer um diálogo com uma pessoa que se expressa como: "eu vi o que o jogador falou", "eu não imagino que você quis dizer"ou "eu tenho muito claro o que quero para minha vida", você entende que está conversando com alguém, que naquele momento ou preferencialmente, está representando a realidade de maneira visual.

Nesse caso, para estabelecer uma comunicação de alto impacto com essa pessoa, você vai precisar ajustar a sua maneira de se comunicar com ela. Se você responder a uma das sentenças dos exemplos acima (por exemplo, "eu não imagino que você quis dizer") com a resposta "eu vou te falar o que eu quis dizer", você dá um passo para não entrar em sintonia na conversa, pois está tentando se comunicar usando expressões auditivas para alguém que se comunica de forma visual.

O melhor, para esse exemplo, seria você responder: "ok, eu vou esclarecer exatamente o que quero te mostrar."Quando você se comunica dessa forma, com alguém que representa a realidade de forma visual, você abre uma porta gigante de possibilidades para persuadir e se comunicar de forma mais empática e sábia.

O mesmo acontece se alguém diz para você: "não consigo entender o que você está falando."Para se comunicar da melhor forma com alguém que acabou de se expressar assim, o ideal seria devolver com "eu vou te contar melhor o que quis dizer para você". Ou seja, alguém se comunicando de forma auditiva sendo respondido em um formato igual. Estabelecendo assim uma comunicação de alto impacto.

É sempre bom lembrar, como já dito anteriormente aqui mesmo nesse artigo, que não existe pessoa visual, pessoa auditiva ou pessoa cinestésica. Todos temos todos os sistemas representacionais, porém temos preferências, sobre em cada momento do dia ou da vida, para usar a forma que melhor nos cabe e isso varia de indivíduo para indivíduo.

Flavio Moreira é Life Coach, Analista Comportamental e Podcaster. É criador do Vem Cmg Podcast, um programa onde compartilha conversas e insights inspiradores para seu crescimento pessoal.