Falar com responsabilidade
Dia sim, dia não, leio textos e mensagens sobre a importância de sermos empáticos: estar inteiro, presente e ouvir ativamente o outro. No texto: "Auto empatia" eu trouxe a necessidade de fazermos isso com nós mesmos, já que para cuidarmos da conexão com alguém, antes precisamos estar no nosso próprio eixo. Hoje quero oferecer uma reflexão sobre outro viés da empatia: o cuidado que temos com quem vai nos ouvir, nos acolher.
O que você espera da pessoa que vai escutar seus incômodos? Acredito que como eu, que ela não fique no celular, com a cabeça em outro lugar enquanto você fala e seja atenciosa, certo? Mas o quanto somos responsáveis com o que dizemos? Do lado de lá tem alguém, espera-se que disposto a nos ouvir, mas que não necessariamente aberto a receber todas as nossas frustrações e decepções. Obviamente não me refiro a conversas profissionais entre um psicólogo ou Coach e seus clientes, mas entre amigos, colegas de trabalho e tantas outras conversas possíveis. Precisamos cuidar dessas pessoas que se disponibilizam a nos escutar não despejando tudo para nos sentirmos aliviados. Sejamos menos auto centrados!
Importante seria se conseguíssemos parar e pensar toda vez antes de falar, porém esse exercício não é simples, exige treino. De qualquer maneira, que possamos minimamente filtrar os conteúdos, principalmente quando se trata de outra pessoa não presente. Lembrando que o nosso interlocutor por mais que seja próximo, disponível e sensível, ainda assim não é o nosso espelho que tudo ouve e consegue simplesmente refletir sem esboçar qualquer emoção que não seja a nossa própria.
O verdadeiro equilíbrio de uma conversa está quando ambos ou todos estejam dispostos e sintonizados com a mesma vibração. Para que isso aconteça é essencial estarmos atentos ao que vamos expressar, às vezes guardar para nós é uma decisão necessária e mais justa com todos os envolvidos. Nesses momentos, nos recolher e nos trabalhar é demonstrar empatia com o outro também.
"A boca fala do que o coração está cheio". Essa frase diz muito sobre o quanto nos cuidamos de verdade. Quando colocamos tudo para o outro, sem filtro, é porque não fizemos essa tarefa anterior de internalizar para depois falar com alguém. E aí responsabilizamos "Deus e o mundo" por nossas insatisfações, parece que todos estão contra nós. Inclusive acusamos a falta de empatia de quem não está disposto a escutar essas nossas acusações. Que a conexão de uma boa conversa seja de todos os lados: consigo mesmo, com o outro e que a gente se permita receber também, claro.