Como estou quebrando a inércia
Quando penso na pessoa que sou hoje ou em quem quero ser futuramente, sempre me vem à cabeça de onde vim, quem fui quando criança e toda a trajetória que me fez chegar até aqui. Aos 10 anos tomei minha primeira grande decisão sozinha. Escolhi, dentre tantas possibilidades, abandonar minhas outras atividades para me dedicar a um curso profissionalizante de dança que havia sido aprovada.
Desde pequena, a dança sempre me moveu. A paixão pelos movimentos e a sensação de liberdade me fascinavam. Fora isso, a preocupação com a linguagem e a mensagem transmitida de forma detalhada me colocavam em uma dedicação incessante de horas de ensaio para ajeitar um ou outro detalhe. A disciplina de seguir os padrões e as regras e de me desafiar todos os dias a ser e fazer o meu melhor me ensinaram a cumprir atividades com a máxima excelência.
Durante meus oito anos de formação entendi que não bastava a presença para o aperfeiçoamento, absorver o conteúdo e adaptá-lo a mim eram os degraus diários de uma longa jornada. Compreender através de uma linguagem visual e questionar o processo de acontecimentos me ensinaram que é necessário dar um passo de cada vez. No programa de formação tive ainda, a oportunidade de estudar inúmeras outras disciplinas além do ballet clássico com intuito de formar um profissional completo e não somente um intérprete de ideias alheias. De história da dança à composição coreográfica, passei a perceber minhas qualidades em improvisação e criação em grupo, e que eu gostava da proposição constante de novas ideias. E em um certo momento, passei a observar a dança como aliada em meu desenvolvimento e equilíbrio pessoal, propondo a mim mesma a realização de projetos da área paralelos à vida profissional que havia escolhido para mim, buscando desafiar-me pessoal e profissionalmente ao longo do tempo.
Ao entrar na Universidade busquei por atividades extras com as quais eu pudesse aprender mais e mais, com as quais eu pudesse pôr a mão na massa, e então surgiu a Empresa Júnior – Biotec Júnior. Uma fase para mim de grande crescimento intelectual e pessoal e um local onde as relações interpessoais eram diferentes, o ambiente era competitivo, mas acolhedor. Foi onde vi muitos desafios, nos quais tive que trabalhar fortemente, ser ainda mais pró-ativa e sair da minha zona de conforto diariamente. Foi lá que passei por dois cargos de liderança, onde de fato aprendi a liderar, onde me tornei mais empática e compreendi que é necessário explorar o potencial de sua equipe considerando a habilidade de cada indivíduo. Me tornei uma líder próxima do meu time, mas em muitos momentos precisei ser dura, clara e objetiva, e precisei cobrar para que os resultados acontecessem.
Como Presidente da Biotec Júnior a conquista de resultados e atingimento das metas propostas no início da gestão foi um grande desafio, mas foi um excelente estimulador. Trabalhei para lapidar todos os pilares estratégicos e criar uma equipe mais forte, que enxergasse valor nas atividades exercidas e com voz suficiente para apontar os problemas quando identificados. O grande embate da liderança, para mim, foi a motivação, não digo minha pois me senti estimulada durante todo o processo, mas dos membros com quem lidava. Entender a individualidade para fins operacionais foi de longe o menor dos problemas, a grande questão era compreender a particularidade da motivação de cada pessoa e como criar um sistema de reconhecimento que mostrasse o valor do membro para a empresa e toda a equipe.
Nesse sentido, foi bom não estar sozinha. Dentre as experiências como Conselheira Deliberativa na Federação de Empresas Juniores de São Paulo – FEJESP – e membro do time Núcleo Unesp, o Movimento Empresa Júnior me abraçou. Busquei respaldo para todas as dificuldades que tive com pessoas que já tinham vivido situações semelhantes, e então entender como reconhecer os trabalhos e ser uma líder mais inspiradora se tornou acessível, assim com traçar as estratégias certas e conquistar o tão almejado título de Empresa Júnior de Alto Crescimento, obtendo os melhores resultados da história da empresa, até então.
O Movimento Empresa Júnior mexeu comigo de uma forma tão intensa que eu precisava de mais, precisava ser mais desafiada, instigar mais as pessoas, foi então quando passei a fazer parte de um projeto de fomento ao empreendedorismo e a inovação dentro da Universidade, no qual auxilio e desafio as pessoas a tornarem seus projetos uma ação verdadeira. Trabalhar com pessoas, instigá-las a gerar seus melhores resultados e me desafiar todos os dias com o desconhecido tem sido o meu trabalho, e é isso que me faz querer crescer cada vez mais.
Quebrar a inércia não significa tornar contínuas as mudanças que já realizamos, é se colocar à frente daquilo que imagina e que se quer tornar, e é dessa forma que pretendo continuar meu caminho, praticando ações que permitam identificar e fortalecer meus pontos frágeis, obter e compartilhar conhecimento, entregar excelentes resultados e impactar as pessoas ao meu redor.