Como foi o mês de outubro-24 para os mercados
Não vou mentir, o mês passado foi sofrido para os mercados globais.
O Nasdaq caiu 0,52%, o S&P 500 desceu 0,99%, o DJIA despencou 1,34% e o MSCI World afundou 2,04%.
No Brasil, então, o ideal era nem falar a respeito. Mas sabe como é, né? Ossos do ofício.
O dólar disparou mais de 6% (já subiu mais de 19% no ano — segura o bolso!), o Ibovespa caiu 1,60% e os títulos de renda fixa de prazo mais longo também fecharam no vermelho.
Nesse banho de sangue, o Bitcoin foi a exceção: a criptomoeda subiu 10,87% (18,45% em reais).
Tá bom, não foi legal.
Mas... paciência.
O lado bom (se é que podemos chamar assim) é que esses momentos sempre nos lembram da importância de diversificar e manter proteções na carteira.
Bom, agora que você já viu a foto, eu vou contar a história por trás dos números. Se tiver um tempinho...
Quem vai morar na Casa Branca?
Nos EUA, não se fala de outra coisa: quem vai morar na Casa Branca a partir do ano que vem.
As pesquisas indicam uma leve vantagem para Trump, mas não dá para cravar qualquer palpite. Tudo indica que será uma disputa acirrada.
Vale lembrar que o formato das eleições por lá é diferente. O ganhador não é necessariamente aquele que conquista o maior número de votos, mas sim o maior número de delegados. O troço é meio confuso, mas é assim que funciona.
Além disso, por lá não rola urna eletrônica como no Brasil. O bagulho é apurado no papel, de modo que o resultado da eleição pode levar alguns dias.
Uma coisa é certa: seja quem for o vencedor, vai rolar reclamação ou até coisa pior.
Trump já deu a letra: esta será “a última eleição dos EUA” se Harris vencer.
Harris também não deve ficar “paz e amor” se perder por uma margem pequena.
Seja como for, o país continuará dividido. Bem-vindo à era da polarização política.
Money in hand is a whirlwind (versão ianque de Paulinho da Viola)
Não resta dúvida de que os candidatos são muito diferentes (às vezes eu tenho dúvidas, pois, quando se trata de políticos, eu fico achando que um é o diabo pelo lado normal e o outro é o diabo pelo avesso). Mas em um ponto eles são idênticos: nenhum deles quer saber de ajustar as contas públicas.
Tanto as propostas de Trump quanto as de Harris preveem aumento dos gastos públicos.
Tá certo que os EUA possuem a impressora de dólares, só que a conta está ficando cada vez mais difícil de fechar.
O déficit orçamentário dos Estados Unidos atingiu um novo patamar histórico em 2024, chegando a US$ 1,83 trilhão, conforme dados do Congressional Budget Office.
Apesar de arrecadar US$ 4,92 trilhões, o país gastou US$ 6,75 trilhões, ampliando o rombo fiscal em relação ao ano anterior.
Nos anos 1990, a dívida federal representava cerca de um terço do PIB dos EUA. Agora, as projeções para 2027 apontam que a dívida deve atingir 106% do PIB.
E isso considerando que a economia americana está voando neste momento.
Se colocarmos na conta os crescentes gastos com defesa (há quem diga que a Terceira Guerra Mundial está em gestação) e com desastres naturais (o que acha de dois furacões devastadores em dois meses?), o buraco parece bem maior.
Eles pelo menos ainda têm a impressora de dólares. O pior somos nós, que queremos gastar mais que eles, com uma bazuca muito menos potente, que só dispara reais. Mas isso é conversa para daqui a pouco.
Quem foi que disse que santo de casa não faz milagre?
Depois de muita relutância nos últimos anos, o governo chinês finalmente decidiu abrir o bolso para estimular a economia.
O país está reduzindo as taxas de juro, abrindo linhas de crédito para fomento, socorrendo o claudicante setor imobiliário e incentivando o mercado acionário.
A renomada gestora Gavekal aponta que a China está apostando na valorização do mercado acionário para recuperar a confiança doméstica e, por conseguinte, acelerar o crescimento do PIB.
Ou seja, o bull market (valorização das ações chinesas) não é resultado da política; ele é a política.
A dúvida é quanto tempo vai levar a recuperação, porque, para a festa continuar, será necessário que o investidor estrangeiro volte a colocar dinheiro no país.
O problema é que, nos últimos anos, a China fez um excelente trabalho para convencer os gringos de que não era confiável.
Por enquanto, os estímulos têm funcionado: o PIB cresceu 4,6%, superando as expectativas, o que renovou o otimismo dos investidores.
Além disso, a produção industrial e as vendas no varejo também mostraram recuperação.
A verdade é que o governo de Pequim precisa ajustar a sua casa o quanto antes, para que o mercado interno volte a funcionar, porque, se Trump ganhar a parada, uma nova guerra fiscal é dada como certa.
E não é só Trump que está açoitando a China. Harris também não deve ser muito amistosa com eles, e os europeus já estão descendo o sarrafo. Para se ter uma ideia, os veículos chineses poderão ser taxados em até 45% na União Europeia.
Definitivamente, chegou a hora do santo de casa operar os milagres.
Yakisoba com Naan, um casamento por interesse
Enquanto os chineses tentam recuperar o fôlego, os indianos continuam surfando um boom econômico, com crescimento em torno de 7% ao ano.
Essa bonança tem animado o mercado de capitais por lá, e já tem quem fale em bolha. Para se ter uma ideia, apenas neste ano, mais de 250 companhias abriram o capital por lá.
Adivinha quantas empresas abriram o capital no Brasil? Nenhuma? Acertou, mizeravi.
O fato é que o mercado está bombando e, enquanto o dinheiro estiver jorrando, a bolha vai continuar inflando. É do jogo. Que eles aproveitem ao máximo.
Enquanto isso, o país vai tentando se equilibrar no campo diplomático.
Do lado negativo, a treta com o Canadá só aumenta, diante das acusações do primeiro-ministro Justin Trudeau de que o governo indiano estaria envolvido no assassinato de separatistas Sikh em solo canadense. Os indianos negam, mas parece que eles são culpados mesmo. Os EUA sabem, mas estão dando uma de João sem braço.
Do lado positivo, depois de muita treta e uma miniguerra na fronteira, os indianos “fizeram as pazes” com os chineses, ou pelo menos concordaram em dar uma pausa nas hostilidades. Não se engane, eles ainda se odeiam. Mas o comércio entre eles pode trazer muito amor (quer dizer, dinheiro) para ambos os lados; um típico casamento por interesse.
Para finalizar o nosso rolê pela Índia, vale uma menção honrosa a Ratan Tata, um dos maiores empresários do mundo, que faleceu no mês passado. Ainda me lembro de ter ficado perplexo na faculdade, quando saiu a notícia de que ele havia comprado a Jaguar e a Land Rover. Sem dúvida, ele é um dos responsáveis pelo sucesso dos indianos.
Devo, não nego, pago quando eu puder — e quiser
Por aqui, o assunto do momento (quando foi diferente?) é a dívida pública.
Mesmo depois de Taxxad ter usado todos os coelhos da cartola para aumentar os impostos, o governo continua gastando muito mais do que arrecada, e o rombo nas contas públicas não para de crescer.
Como não há muito mais espaço para aumentar os tributos, a saída é reduzir as despesas. Mas o presidente e a maior parte dos seus apoiadores não querem saber dessa conversa.
Alguns intelectuais, ex-ministros e parlamentares, inclusive, lançaram um manifesto contra o corte de gastos. Por que será, hein? Adivinha quem é que está se beneficiando dos gastos? Eu não sou, e aposto que você também não.
O resultado é que o mercado ativou o modo pânico e está cobrando caro para emprestar para o governo (quanto você cobraria para emprestar dinheiro para alguém que ganha R$ 10 mil e gasta R$ 20 mil?).
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O dólar já sobe quase 20% ao ano, a inflação está acelerando, as taxas de mercado dos títulos públicos estão em patamares historicamente elevados, e o COPOM está tendo que elevar a Selic.
Mas não se preocupe, o presidente fez um discurso conciliador, que promete acalmar o mercado. Eis as suas palavras: "não importa o quanto custa". Comé que é?
Robin Hood às avessas
Mas há quem discorde do mercado (malvado). A agência de rating Moody’s, por exemplo, elevou a nota de crédito do Brasil. De duas uma: ou ela está vendo muito à frente, ou está olhando para trás, porque é impossível que esteja assistindo ao filme online.
Sarcasmo à parte, quer dizer que o Brasil está muito mal? Não, de modo algum.
O PIB continua crescendo e o desemprego está em patamares recordes. Mas isso é fruto das reformas feitas nos últimos anos e do gasto público boçal que o governo atual vem empreendendo.
Então gasto público é bom, né não?
É bom sim, mas na medida certa e nos lugares apropriados (educação, saúde e segurança, preferencialmente).
Quando o governo começa a se exceder, aí o bicho pega. Porque o governo não gera riqueza; ele se apropria da riqueza dos seus cidadãos. E quando ele gasta mais do que arrecada, adivinha quem paga a conta?
Quando a bomba estoura, quem mais sofre são os mais pobres, e a desigualdade aumenta. Nessas ocasiões, o governo parece mais um Robin Hood às avessas, sugando o dinheiro dos pobres.
Vai funcionar até a hora que parar de funcionar
Quer ver uma coisa?
Depois da crise de 2008, o governo brasileiro passou a adotar um modelo “gastador” (desenvolvimentista ou keynesiano, como os “intelectuais” preferem) para estimular a economia. E o troço deu certo, naquele momento.
Só que, ao invés de voltar à normalidade, o governo de Dilma Rousseff achou que a mágica iria durar para sempre e decidiu dobrar a meta, adotando a famigerada “nova matriz econômica”, ou seja, passou a queimar o dinheiro do contribuinte com “gosto de gás”.
Funcionou? Sem dúvida. Até que parou de funcionar.
No final de 2014, o desemprego atingiu um mínimo histórico, em torno de 6,6%.
Mas, quando pararam de pedalar a bicicleta, o país enfrentou sua principal recessão econômica da história, a inflação saiu do controle, o desemprego foi para as nuvens... Bom, o resto é história.
Aqui eu preciso citar Bastiat mais uma vez: "O Estado é a grande ficção através da qual todos tentam viver às custas de todos."
Mas vou emendar um Edmund Burke, só porque eu não resisti: “Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la.”
Não podemos vacilar. Mas, a julgar pelo resultado das eleições municipais, parece que começamos a nos incomodar.
Si vis pacem, para bellum
O conflito no Oriente Médio parece ter atingido o seu apogeu, um ano depois dos atentados terroristas perpetrados pelo Hamas.
Israel invadiu o Líbano e aniquilou o alto comando do grupo terrorista Hezbollah, eliminando sua maior liderança, Hassan Nasrallah.
Além disso, também eliminou Yahya Sinwar, líder do grupo terrorista Hamas, considerado o mentor dos ataques de 7 de outubro de 2023.
Diante desse conjunto de vitórias acachapantes de Israel, o Irã lançou mísseis contra o país judeu, que contra-atacou em uma ofensiva rápida e isolada. Nenhum dos ataques teve grandes repercussões do ponto de vista de danos e mortes.
A dúvida agora é se o conflito vai entrar em banho-maria, com ações apenas no campo da retórica, ou se o Irã vai contra-atacar, escalando mais uma vez o conflito.
Enquanto isso, na Ucrânia, diversas fontes oficiais indicaram a participação de soldados norte-coreanos na batalha, o que é um sinal alarmante.
Já os chineses continuam fazendo exercícios militares nas proximidades de Taiwan.
Enquanto o Ocidente democrático vacila, os parças totalitários estão cada vez mais unidos.
Eu também curto paz e amor, mas, como diz o provérbio, "se você quer paz, prepare-se para a guerra."
Poucas e (nem tão) boas (assim)
A OpenAI, dona do ChatGPT, fez uma nova rodada de captação, que incluiu investimentos do Softbank e da Nvidia, e agora vale mais de US$ 157 bilhões, sendo uma das empresas de capital fechado mais valiosas do mundo. Pelo visto, dinheiro não vai faltar.
Por falar em ChatGPT, o prêmio Nobel de Física deste ano foi para pesquisadores que foram pioneiros no estudo e desenvolvimento de inteligência artificial.
Já o Nobel de Economia (que tecnicamente não é um Nobel, mas deixa para lá) foi para pesquisadores que estudaram os motivos que levam à desigualdade entre as nações. Vale dar uma conferida no livro “Por que as nações fracassam.”
O mercado brasileiro de previdência privada não para de atrair interessados. A última a entrar na disputa foi a gigante Blackrock.
Warren Buffett continua vendendo ações e aumentando o caixa da Berkshire. Eu não duvidaria da intuição desse monstro sagrado.
A SpaceX, de Elon Musk, realizou um feito inédito ao lançar e recuperar um foguete gigante com uma aterrissagem perfeita, marcando um avanço extraordinário que pode reduzir custos e revolucionar a economia espacial.
Musk também apresentou os protótipos do robotaxi "Cybercab" da Tesla, com produção prevista para 2026 e preço estimado abaixo de US$ 30 mil. Também revelou o "Robovan", um veículo futurista projetado para transportar até 20 pessoas.
Pelo visto, não é só o Brasil que está com as contas desarrumadas. Segundo o FMI, a dívida pública global deve atingir US$ 100 trilhões, ou 93% do PIB global, até o final deste ano, com projeções de crescimento contínuo, aproximando-se de 100% do PIB global até 2030.
Um relatório do Morgan Stanley aponta que "a era do envelhecimento chegou." Estima-se que, até 2030, haverá um milhão de centenários em cinco grandes regiões globais e que, até 2060, a proporção de pessoas acima de 65 anos para cada 100 indivíduos em idade ativa deverá, ao menos, dobrar na maioria dos países do G20.
Vladimir Putin reuniu pela primeira vez os BRICS+ na Rússia, sinalizando sua presença ativa no cenário internacional. A reunião abordou novas adesões ao bloco, que recentemente incluiu Etiópia, Emirados Árabes, Irã e Egito.
A Argentina recusou o convite para o BRICS+ (Milei deu uma de Groucho Marx: "Me recuso a fazer parte de um clube que me aceite como sócio"), enquanto a Arábia Saudita ainda avalia sua entrada. A possível adesão da Venezuela gerou controvérsia, mas foi barrada pela delegação brasileira (até que enfim demos uma dentro).
A ideia de Putin e da China é acabar, ou pelo menos reduzir, a hegemonia do G7 e transacionar em outras moedas além do dólar. Depois que congelaram as reservas russas, ele ficou mais criativo. Mas vai ser difícil, porque o dólar representa 58% das reservas internacionais.
Não à toa o preço do dólar disparou. Depois do congelamento das reservas russas e com o ambiente geopolítico tenso do jeito que está, os países autoritários estão enchendo o carrinho de ouro. O endividamento descontrolado dos EUA também engrossa o caldo.
Eu não simpatizo nada com Pablo Marçal (nem com Boulos, a propósito); gosto não se discute. Mas teve uma coisa que foi muito boa na candidatura dele: ele não usou praticamente nenhum recurso do fundo eleitoral, já que o partido dele é insignificante. Em outras palavras, tá mais do que na cara que esse fundo eleitoral é um disparate.
Como eu esperava, Vinícius Júnior não levou a Bola de Ouro. Eu, que cresci vendo Romário, os Ronaldos, Rivaldo, Kaká e Neymar, nem acho ele essa bola toda. Mas, em comparação com a concorrência, ele jogou muito mais. Não resta dúvida de que ele foi boicotado. O sistema é fod@.
O simpático Maguila, campeão brasileiro, sul-americano e mundial de boxe, nos deixou aos 66 anos. Que descanse em paz, guerreiro.
Enfurecida com a derrota esmagadora do PT nas eleições municipais, Gleisi Hoffmann gastou sua cota anual de sinceridade: “A esquerda vai continuar sendo massacrada nas redes se a gente não mudar, se a gente não tiver regulação das redes sociais.”
Está escrito “regulação”, mas o que ela quis dizer foi “censura.”
Nessa linha, o youtuber Monark foi condenado a um ano de prisão por ter chamado Flávio Dino de “gordola”, uma pena, no mínimo, muito severa.
Mas, como a justiça no Brasil é absoluta e alicerçada em valores inalienáveis, o ministro Gilmar Mendes anulou todas as condenações de José Dirceu na Lava Jato, que roubou a todos nós brasileiros, ajudando a levar o país para o buraco.
Diante desse “desequilíbrio de critérios”, só me resta citar Maquiavel: “Aos amigos os favores, aos inimigos a lei.”
A você que chegou até aqui, o meu sincero agradecimento.
Um abraço e até a próxima! 😉
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1 mLido ✅
Pequeno empresário na Agg variedades
1 mPerfeito! Deus abençoe o seu intelecto e a sua capacidade de interpretação, de analisar os fatos com clareza.
Gerente Corporate III Bradesco S/A
1 mGenial! 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽