Como gerenciar sua Startup
Anda rolando pela Internet uma lista de startups da moda acompanhada das táticas mais ultrapassadas, imorais e antiéticas de tratamento dos funcionários. “Mas o que diabos aconteceu?”, me pergunto. Como é que pode, empresas fundadas por millennials, jovens extraordinários com ideias fantásticas, que cresceram no mundo dot.com, como é possível estarem fazendo um trabalho tão ruim?
O fato é que uma coisa é empreender, outra é gerenciar. Em muitos casos o empreendedorismo nasce com a pessoa. Em outros, é injetado à força, através do processo educativo, exemplo de seus pais e amigos, a própria cultura da cidade ou da universidade que a pessoa mora e frequenta. Isto permite que novas empresas surjam a toda hora e causem um burburinho em seus nichos de mercado, comecem a crescer e ganhar dinheiro.
Mas aí é preciso escalar. E gerenciar um negócio, meus amigos, é outro bicho. O excelente empreendedor pode ser um péssimo gerente. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Uma é praticamente instinto, um dom. Outra é muito aprendizado e experimentação. É tentativa e erro. É coisa que só o tempo constrói.
O bom manager não pode exagerar na dose nem relaxar demais. O cara não pode contratar só novato e esperar trabalho sênior. O cara não pode economizar em salário e esperar horas-extras de graça. O cara não pode fazer reuniões diárias de acompanhamento. O cara não pode colocar metas inatingíveis. O cara não pode xingar. O cara não pode discriminar. Como dizem, a virtude está no meio.
Ok, cara-pálida, como faço então? Bom, aí depende. Depende do que você quer. Quer sucesso (ou fracasso) a qualquer custo? Aí já era. Quer promover um crescimento sustentável e de longo prazo? Opa, aí beleza, já podemos conversar.
O fato é que cada empresa tem que parar para pensar em que tipo de funcionário ela quer. Um erro muito comum em startups é assumir que pessoas mais velhas e experientes não tem lugar na empresa, que não vão se adaptar ao clima, que vão ser corta-barato e muito apegadas aos métodos antigos de trabalhar. Lamento, você está enganado, este profissional pode ser seu melhor gerente. Outra, que tipo de profissional você quer? Formado com MBA? Estudante de ensino médio? School drop-out? E formação? O desenvolvedor de software precisa de diploma? E o cara financeiro, que tal? O negócio é o seguinte, para cada posição a empresa tem que montar uma PERSONA e contratar as pessoas que se adequam a esta persona. Sem preconceitos, sem mesquinharia, sem exigências sem sentido. Só bom-senso, é fácil!
Mais uma, empresa sem treinamento de funcionários está fadada ao fracasso. Existe um ditado de pergunta e resposta que gosto muito: “E se treinarmos os funcionários e eles forem embora? Bom, e se não treiná-los e eles ficarem”?
O que é preciso entender é que para crescer tem que ter gente com experiência ajudando. Só estagiário não constrói empresa. Só júnior não traz resultado. Só sênior não prepara a linha sucessória. Tem que ter engenheiros e criativos. Tem que ter homens e mulheres. Tem que ter LGBT e heteros. Todas raças e religiões. Todos times e países. O segredo é que é preciso misturar tudo e avaliar, com frequência, a satisfação da turma, este vai ser o maior determinador da alegria ou tristeza da equipe e vai ajudar a botar o barco no caminho certo.
Head of Software Engineering | HostGator América Latina
6 aMuito interessantes os pontos levantados por ti, Zirbes. Concordo com tua afirmação de que é preciso escalar e que, no final, os desafios para fazer o negócio expandir são diferentes dos desafios de lançar um produto e/ou serviço fantásticos. Muitas vezes, empresas que vem com uma boa pegada, no momento do crescimento acelerado assistem sua cultura se perder. E realmente é uma boa gestão que impede que este importante bem da empresa (a cultura) se perca.