Como monitorar as práticas ESG?
Os dados de ESG se tornaram cada vez mais importantes para investidores e empresas privadas na última década. Essa tendência deve continuar, já que organizações alinhadas com megatendências sociais, como inclusão e mudanças climáticas, são mais propensas a serem mais resilientes a choques inesperados e adversidades no longo prazo.
Na verdade, nas primeiras semanas da pandemia, a maioria dos fundos ESG superaram suas referências. Tanto é que o uso dessas métricas em planos de incentivos executivos em companhias europeias tem aumentado significativamente nos últimos anos.
Uma pesquisa realizada pela WTW analisou negócios em nove países europeus e apontou que o uso de métricas ESG aumentou em todos esses países, sendo que a França e a Alemanha lideram a região, com 100% e 98% das corporações usando métricas ESG em geral.
Os parâmetros ambientais e sociais, especificamente aqueles relacionados à inclusão e diversidade, apresentaram o maior aumento. Já as métricas relacionadas à redução de emissões de carbono foram as mais implementadas no último exercício financeiro.
Mas afinal, como as organizações podem criar um impacto social real, que gere valor e diferencie seus negócios integrando esforços de ESG na estratégia e operações? Eu explico.
Tornando a mudança real
As questões ESG são importantes por várias razões. Em primeiro lugar, a preocupação com o meio ambiente está crescendo em todo o mundo, à medida que os impactos das mudanças climáticas se tornam cada vez mais evidentes. As companhias que não levam em consideração o tema correm o risco de serem consideradas insensíveis à causa ambiental, o que pode afetar negativamente a imagem junto aos consumidores, investidores e reguladores.
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Além disso, as questões sociais também são importantes. Espera-se que negócios responsáveis tratem os colaboradores de forma justa e ofereçam condições de trabalho adequadas. Aqueles que não se atentam a estes quesitos correm o risco de serem rotulados como "exploradores" ou "antissociais".
Por fim, a governança corporativa desempenha um papel central, já que as organizações com sólida governança são vistas como mais confiáveis e transparentes. Isso pode levar a uma maior confiança entre os stakeholders e, por sua vez, a um maior apoio aos negócios, atraindo investidores e melhorando resultados.
Apesar de parecer óbvio, alcançar o sucesso em todas as esferas do ESG pode ser um desafio considerável. O que acaba ocorrendo é que muitas organizações desenvolvem ações de ESG apenas para melhorar sua imagem ou atender às expectativas do mercado, o famoso “Greenwashing”, mas sem realmente gerar valor para a sociedade.
Aqui, as métricas ESG fornecem aos investidores e stakeholders informações sobre como o negócio lida com questões ambientais, sociais e éticas. Os incentivos executivos vinculados a métricas ESG estimulam a adoção de práticas mais responsáveis e sustentáveis, pois as métricas têm um impacto direto no pagamento dos executivos.
Daí a importância de uma abordagem baseada em dados e evidências para desenvolver iniciativas sociais efetivas. É necessário entender as necessidades e os desafios enfrentados pela comunidade em questão, bem como avaliar o impacto das ações já realizadas para direcionar os esforços de forma mais eficiente.
Para construir lucratividade a longo prazo, os conselhos de administração devem prestar mais atenção às preocupações de ESG e um propósito corporativo convincente deve fundamentar seus esforços. Por isso, é vital envolver os colaboradores nas iniciativas. Eles devem se sentir parte do processo, pois só assim podem contribuir com suas habilidades e conhecimentos para a criação de valor compartilhado. Isso pode ser feito por meio de programas de voluntariado, treinamentos ou até mesmo na seleção de projetos sociais a serem apoiados interna e externamente.
A tecnologia e a inovação podem ser poderosas aliadas na implementação de boas práticas e ajudarem a estabelecer sistemas de monitoramento e avaliação que permitam avaliar o desempenho em relação às metas e objetivos estabelecidos, e identificar áreas onde podem ser necessárias melhorias. Desse modo, é possível ter a certeza de que os processos estão mudando para melhor, gerando impacto positivo em todos os envolvidos e trazendo resultados palpáveis para o negócio.