Como as novas diretrizes da Anatel podem fortalecer laços entre empresas de cobranças e credores
Nos últimos anos, o Brasil tem visto um aumento alarmante nas fraudes por telefone, especialmente em golpes relacionados a transações financeiras e identidade. Segundo dados da Serasa Experian, em 2022, foram registradas quase 3,9 milhões de tentativas de fraudes de identidade. Em resposta a esse cenário preocupante, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) impôs novas regras rigorosas às prestadoras de serviços, visando controlar esses crimes e proteger tanto consumidores quanto empresas. Embora essas mudanças apresentem desafios, elas também oferecem uma oportunidade valiosa para as empresas de cobrança se adaptarem e fortalecerem seus laços com os clientes.
A nova medida da Anatel, que proíbe o uso de múltiplos números desconhecidos por empresas de telemarketing, faz parte da Lei nº 14.573, sancionada em 2023. Essa legislação não só visa reduzir fraudes, mas também incentivar a transparência nas comunicações. Para o setor de cobrança, isso significa a necessidade de reavaliar as estratégias de contato e adotar soluções inovadoras que priorizem a confiança do consumidor.
Empresas já usam dados para desenhar, como comportamentos e perfis, pode desencadear uma jornada de negociação mais eficiente e personalizada, adaptada às necessidades de cada cliente. Algumas dessas empresas do setor de cobranças têm se destacado ao implementar esses modelos de jornada, analisando dados em grande escala para criar experiências nos principais canais de atendimento, em texto, voz e imagem. A integração de canais, como WhatsApp, RCS, SMS, e-mail, Telegram, portal e aplicativo, permite que o consumidor escolha o meio que preferir para interagir.
Essa flexibilidade não só melhora a experiência do cliente, mas também contribui para a segurança e a eficiência das comunicações. O uso de canais de texto, por exemplo, permite que os consumidores se comuniquem de maneira mais direta e informal, com a liberdade de responder no tempo que for mais conveniente, o que elimina a urgência e a pressão típicas das ligações telefônicas.
Diante do crescimento nas tentativas de fraudes por telefone, é imprescindível que as organizações invistam em soluções tecnológicas que garantam segurança e transparência nas comunicações. Na prática, esse movimento já está em curso, e as empresas que adotam essas mudanças vêm obtendo resultados expressivos. Ao integrar múltiplos canais de comunicação e oferecer ao cliente a liberdade de escolher como interagir, essas instituições têm liderado a transformação no relacionamento com o consumidor, especialmente no que se refere à segurança e confiança.
Além de atender às novas regulamentações, essas empresas demonstram estar à frente, ao utilizar a tecnologia não apenas como uma resposta aos desafios, mas como um diferencial estratégico. A flexibilidade proporcionada por canais de texto, que permitem a comunicação no ritmo do cliente, já tem mostrado melhorias na experiência, com um impacto direto na eficiência das negociações. Essa capacidade de adaptação às demandas atuais reflete uma postura proativa e consolidada no mercado, e comprova que o uso inteligente da tecnologia, aliada a estratégias personalizadas, é o caminho para garantir tanto a conformidade quanto a excelência no atendimento, independentemente do canal escolhido.
Fábio Toledo, CEO da Intervalor.
Tecnologia: é importante entender a dor antes do remédio
Em meio ao ritmo vertiginoso da inovação tecnológica, muitas empresas se sentem pressionadas a adotar novas ferramentas e tendências sem, antes, entender claramente seus problemas. É como utilizar óculos de sol à noite: a ferramenta está disponível, mas sua utilidade é questionável. A democratização da inteligência artificial (IA), por exemplo, é um marco importante, mas deve ser tratada com cautela. Implementar IA apenas porque está na moda, sem alinhá-la às necessidades reais da organização, é uma armadilha comum que pode gerar desperdício de recursos e esforços.
Para aproveitar o verdadeiro potencial da tecnologia, é essencial ir além da euforia gerada por inovações e entender como elas podem impactar o cotidiano da empresa. O ponto de partida deve ser sempre a dor real – os desafios operacionais, os gargalos nos processos e as áreas onde os resultados podem ser otimizados. Somente com essa clareza é possível desenhar uma estratégia tecnológica que faça sentido.
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A estrutura organizacional também precisa estar preparada para lidar com essas inovações. Contar com equipes multidisciplinares, adotar processos ágeis e fomentar uma cultura orientada a dados são passos fundamentais para garantir que as decisões sobre tecnologia estejam fundamentadas em fatos e nas necessidades reais da empresa, e não apenas em modismos ou pressões do mercado.
É importante lembrar que a tecnologia, por mais avançada que seja, é uma ferramenta. E, como qualquer ferramenta, só será eficaz se for aplicada na solução de um problema específico. Ignorar essa premissa é o equivalente a trocar a carroceria de um carro cujo motor está fundido: a aparência pode até melhorar, mas o problema essencial continua lá, sem solução.
Enquanto as inovações tecnológicas avançam em um ritmo frenético, as dores das empresas muitas vezes permanecem as mesmas. E é justamente aí que entra o papel estratégico de líderes e gestores: identificar essas dores e aplicar a tecnologia de forma cirúrgica, para que ela realmente faça a diferença. A implementação de soluções tecnológicas deve ser vista como um processo estratégico, não apenas uma resposta automática à evolução digital. Só assim será possível transformar o potencial tecnológico em negócios mais eficientes, competitivos e preparados para os desafios futuros.
João Aquino, executivo de TI da Algar Tech CX.
Cinco direcionamentos da UNESCO para o uso da IA na educação
No momento em que a sociedade passa pelas transições digital e verde, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) coloca a educação como ponto de origem, de onde vai emanar o potencial que as tecnologias oferecem para apoiar o desenvolvimento econômico e social. Esse papel disseminador ficou claro na Digital Learning Week, evento promovido pela organização em Paris, na França. Após longos debates sobre oportunidades e desafios, a conferência resultou em direcionamentos para o uso de Inteligência Artificial centrado no ser humano e apontou nas interligações entre a transformação digital e a educação verde.
O que mais me impressionou durante a semana, apesar da grande participação de diversos países, com organizações de diferentes naturezas — públicas, não governamentais e privadas, foi o consenso entre os participantes: a IA já está presente em nossas vidas e não se trata mais de uma opção, mas de uma escolha obrigatória que devemos seguir com consciência, conhecimento e uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios.
Para seguir esse caminho, faz-se essencial a definição de políticas e regulamentações que orientem tanto o desenvolvimento quanto o uso responsável da IA. Além disso, a implementação de programas de infraestrutura e recursos tecnológicos é fundamental, assim como a criação de diretrizes e guias que ajudem a integrar a IA de forma eficaz no cotidiano das escolas, professores e estudantes. Usar os melhores casos de aplicação que já estão acontecendo ao redor do mundo, inclusive aqui no Brasil, como modelo também se mostrou como principal via para garantir o sucesso dessa transformação.
Abaixo eu destaco cinco direcionamentos para o uso da IA na educação que resultaram dos debates, e trago alguns exemplos interessantes que já estão em prática no Brasil.
Em um evento que ressaltou a importância da colaboração global na educação digital, com representantes de diversos países apresentando suas estratégias, a troca de boas práticas em IA entre Brasil e outros países mostram que o avanço tecnológico em educação é um esforço global. Isso foi visível na diversidade de palestrantes e na variedade de experiências compartilhadas.
Alessandro Arpetti, CTO da Letrus e doutor em e-Learning e Ciência da Computação pela Università Politecnica delle Marche, Itália, e pela Universidade Estadual de Campinas.