Como transmitir credibilidade para seu chefe
Credibilidade e confiança estão muito associadas à percepção de sinceridade. Uma pessoa sincera é uma pessoa verdadeira, e portanto é alguém em que se pode confiar. Sinceridade e confiança estão relacionados porque uma pessoa franca e aberta não tem motivos ocultos, e isso faz a outra pessoa ficar mais relaxada sobre as motivações por trás de cada ato ou dito. Uma maneira bem sutil de ganhar credibilidade é apoiar algo que vai contra seus interesses, pois mostra que você é sincero a ponto de possivelmente se prejudicar (1). Claro que algumas mentirinhas sempre são identificadas, e nenhum chefe vai deixar de confiar no subordinado por causa delas, mas em situações realmente sérias e importantes, se o chefe suspeitar da sinceridade, ele não vai confiar.
A sinceridade se manifesta no que você diz e como você diz. O que você diz deve ter coerência e deve estar relacionado com os fatos para ter credibilidade. E como você diz tem de mostrar segurança para passar confiança. Assim, em termos de expressões não verbais você deve sempre falar com voz firme e fluente, sem gaguejar ou titubear, pois isso pode aparentar falsidade ou engano. Além disso, sorrir ajuda muito a convencer os outros da própria veracidade. Isso porque as pessoas acreditam que quem sorri têm menos probabilidade de mentir do que quem que não sorri (2).
A credibilidade também está muito associada a como as informações são apresentadas quando você fala (3). Para que sejam razoáveis ou críveis, as informações devem ter consistência empírica, ou seja, elas podem ser comprovadas com fatos. Depois, elas devem possuir consistência interna, que é quando você não se contradiz no que fala e faz. As informações também devem ser transmitidas com muita simplicidade, pois intuitivamente acreditamos mais no que é simples de entender. É por isso que as pessoas em geral acham que a verdade deve ser clara e descomplicada, quando sabemos que a verdade “é raramente pura e nunca simples”, como disse Oscar Wilde. E finalmente, o que você fala é mais acreditável se for compatível com as crenças e valores da empresa. Além dessas, também são determinantes para sua credibilidade a sua reputação, autoconfiança e habilidades de persuasão (4).
Já de um ponto de vista mais prático, existem alguns comportamentos gerais que ajudam muito a ganhar credibilidade com seu chefe (5). Primeiro de tudo, evite ficar culpando os outros, sempre que possível. Quando algo de errado acontecer sob sua responsabilidade, busque ser pró-ativo, identifique e tente resolver o problema, em vez de tentar culpar alguém. Além disso, sempre diga uma verdade que possa ser verificada. Assim seu chefe pode averiguar que o que você diz ou fez foi mesmo verdade. E depois, é muito mais fácil ser consistente e credível se você não precisa atualizar sua história para se adaptar a uma mentira anterior. Você pode fazer isso somente no início do seu relacionamento com seu chefe, pois com o passar do tempo sua imagem de confiável já estará estabelecida. A não ser que seu chefe seja dos paranóicos, neste caso ele vai verificar tudo o que você diz, sempre. Ainda, aponte fraquezas em seus argumentos. Quando apresentar uma ideia ou projeto de sua autoria, aponte sempre algumas fraquezas ou potenciais deficiências. Isso dá muita credibilidade, pois mostra que a pessoa é franca e transparente. Finalmente, admita alguns erros, especialmente os que podem ser descobertos. Se você encobre um erro e acaba desmascarado, você perde credibilidade e portanto confiança. E admitir erros e defeitos é uma das técnicas mais eficientes para você ganhar credibilidade, porque se você é capaz de reconhecer erros e problemas, é porque você em geral fala a verdade. Mas a questão é muito mais complicada do que admitir alguns erros de vez em quando. Por isso vamos aprofundar quais tipos de erros e o que fazer quando se comete um engano.
Referências
(1) Walster, E., Aronson, E., & Abrahams, D. (1966). On increasing the persuasiveness of a low prestige communicator. Journal of Experimental Social Psychology, 2, 325–342.
(2) DePaulo, B. M. (1992). Nonverbal behavior and self-presentation. Psychological Bulletin, 111(2), 203.
(3) Schlenker, B. R., & Weigold, M. F. (1992). Interpersonal processes involving impression regulation and management. Annual Review of Psychology, 43(1), 133-168.
(4) ibid.
(5) DuBrin, A. J. (2010). Impression management in the workplace: Research, theory and practice. New York: Routledge.
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