Como vai a caminhada com Cristo em meio aos conflitos sociais e crises pessoais?
Reconheçamos que o Espírito de Deus tem agido em muitas regiões do Brasil, aumentando a sensibilidade das pessoas, trazendo-as ao reconhecimento de suas necessidades espirituais, restaurando pessoas e transformando famílias. Alegremos-nos profundamente pelos inúmeros novos cristãos que se converteram a Cristo, mudaram de vida da água para o vinho, tiveram famílias restauradas, vícios abandonados; encontraram esperança, alegria, paz e nova energia para enfrentar as lutas cotidianas e perseverar diante das crises pessoais. Olhares sociológicos para o crescimento destacariam também o intenso evangelismo, a adoção de regras menos rígidas nas novas igrejas, a flexibilidade dos costumes e o aumento da classe média.
Percebemos, contudo, que em certas regiões onde a igreja cresce rapidamente, os sem-religião (ou sem filiação religiosa) também aumentam, na mesma proporção. Os ateus, na verdade, representam menos da metade dessa fatia e ainda assim 51% deles afirma ironicamente acreditar em algum tipo de “força superior”, apesarem de considerarem-se ateus. No estado de São Paulo, por exemplo, onde a concentração de evangélicos atinge 25%, os sem-religião chegam a 9% da população. Já no Rio de Janeiro, dos 30% de evangélicos, os números surpreendem: 12% da população se declara sem-religião. Mais de 7% da população brasileira já se encontra neste grande grupo de secularizados, nominais desinstitucionalizados, desigrejados, desviados e ateus! É comum encontrarmos pessoas que se dizem decepcionadas com a igreja, não participando mais dos cultos com prazer. Poucos líderes sobrecarregados organizam a maior parte dos eventos religiosos, enquanto a maioria desanimada se envolve com pouco afinco nos ministérios e atividades semanais. Uma pesquisa realizada em 2006 nos EUA, pelo instituto Barna (www.barna.org), revela que a religião não produziu nenhuma transformação significativa para 28% dos entrevistados. Um em cada cinco (17%) afirma que a religião não faz muita diferença em sua vida.
Infelizmente, não há muitos sinais palpáveis que a igreja esteja transformando a comunidade e influenciando profundamente a sociedade. Assista a TV e perceba que, apesar dos vários programas evangélicos, o sensacionalismo popular dos shows e das novelas bem como a mentalidade competitiva e derrotista dos realities shows como Big Brother Brasil revelam uma cultura cada vez mais brutal, animalesca, consumista e enamorada de sequestro, do sensualismo e da violência.
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Corrupção e oportunismo impregnam as estruturas de poder, inclusive na política evangélica. Estamos ainda longe dos princípios de paz, justiça e amor do reino de Cristo: defensores da cobiça, incentivadores dos valores materiais, protetores do forte, amantes do famoso, do rico e do belo, e desvalorizadores do fraco, da viúva, do velho e do pobre! Apesar do rápido crescimento e despertamento pessoal para as questões espirituais, cada um de nós deve pensar com seriedade: como vai a nossa caminhada com Cristo em meio aos conflitos sociais e crises pessoais? Qual a influência do evangelho na sua vida e na sua cidade?
Por Rubens Muzio