As concorrências do marketing e o ESG para inglês ver
Há muitos anos, o mercado da publicidade ofereceu uma solução para alcançar novos negócios: apresentar conceitos criativos prontos aos clientes, mesmo antes de aprovarem as propostas comerciais. De certa forma, funcionou e em alguns casos, funciona até hoje para algumas agências que insistem nessa prática.
A renomada série “Mad Men”, que mostra o movimento de uma grande agência de publicidade em Nova York nos anos 60, apresenta essa problemática em diversos episódios. Alguns deles, ambientados à noite, reúne os profissionais criativos da agência em torno de bebidas e charutos enquanto discutem soluções para campanhas ainda não contratadas. Era a “vida luxuosa” das agências de publicidade.
Mais próximo ao nosso presente, já neste século, eu mesmo tive algumas dessa “experiencia non grata” pela carreira. Foi um bom combustível para criar uma agência, por sinal.
Agora, já em nossa presente década de 20: vemos o boom das agências digitais surgindo no mercado com profissionais ainda não tão experientes, que caem no conto da concorrência ou do “trabalhe agora pela promessa futura”. Sim, a ânsia em crescer e conquistar clientes deixa muitos profissionais cegos para as consequências de conquistar um projeto trabalhando sem remuneração.
Claro, com tantas opções no mercado, pode ser difícil selecionar um bom fornecedor (por aqui, recebo uma quantidade considerável de pessoas descontentes com fornecedores antigos). Assim, muitas empresas têm a brilhante ideia de solicitar planejamentos prontos, calendários editoriais, conceitos criativos e campanhas prontas, para escolherem quais gostam mais.
Não raramente, algumas dessas empresas escolhem o fornecedor de menor valor e solicitam gentilmente que execute a campanha pronta que gostaram mais, criada por outra agência. Vi casos assim acontecer nesses 26 anos de labuta.
Entenderam o problema?
Profissionais pressionados a aplicar todo seu potencial criativo em projetos não remunerados e agências apertando seus custos para compensar a habilidade precária de profissionais de marketing que não sabem o que analisar para escolher fornecedores e, em muitas vezes, escolhem fornecedores não confiáveis.
O que mais impressiona é que isso ainda acontece, justo na Era do ESG. Sim, uma transformação nos negócios, que faz com que os gestores passem a olhar para a qualidade de vida das pessoas, buscando reduzir a pressão e evitar o burn out. Será que a concorrência não remunerada ainda cabe nessa realidade?
E se a empresa que contrata divulga para todos que está alinhada aos princípios do ESG? Aí me parece que a coisa fica ainda mais complicada…
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Oras, se o “S” da sigla fala sobre a perspectiva Social dos negócios, com preocupações sobre a proximidade dos colaboradores com a gestão da empresa, remuneração justa pelo trabalho, vantagens em trabalhar na empresa e preocupação da empresa com a qualidade de vida; como podemos ter grandes empresas ainda com essa mentalidade?
São questões levantadas quando se fala em ESG, principalmente porque essas respostas têm impacto direto na sustentabilidade da empresa. Isso, longevidade mesmo. Agora, voltando às nossas concorrências não remuneradas: empresas que desenvolvem projetos gratuitamente são sustentáveis a longo prazo? Como exigir estes princípios do fornecedor, se a própria empresa utiliza um método arcaico e abusivo para fazer a escolha? Acho irônico.
Uma abordagem alternativa
As empresas realmente alinhadas com os princípios de respeito aos profissionais e fornecedores seguem, para os fornecedores de marketing, a linha de contratação de outros setores. Histórico, idoneidade, referências comerciais, experiência, cases entregues, resultados apresentados. Esses são critérios simples, que bons profissionais sabem usar a seu favor para escolher um fornecedor aderente às necessidades da corporação.
Diversas entidades de mercado já defendem essa abordagem mais ética e justa. E empresas de todos os tamanhos, nacionais e multinacionais, já seguem essa linha.
Bom, eu ia escrever aqui que já é hora de mudar, mas essa hora já passou. A mente retrógrada de “faça-os trabalhar de graça para te mostrar que merecem” não cabe mais nesse século, num mundo que se preocupa com as pessoas e com o meio ambiente.
Afinal, somos o que provocamos ao outro.
Então, por que não provocar o melhor de cada um, para receber o melhor de cada um?
As pessoas envolvidas certamente agradecem.
+20 anos transformando marcas e elevando o sucesso do cliente.
8 mCom toda certeza são politicas que já não cabem mais no dia de hoje, onde o lucro precisa estar balisado com as politicas humanas, sim pessoal, somos humanos. 😉