Lucas Ceschin [James] - Conheça um dos fundadores de uma empresa que cresceu 10x na pandemia

A pandemia do Covid-19 foi (e ainda é para alguns) um marco de desaceleração brusca, mudanças forçadas e até mesmo fim de alguns negócios. Agora imagine ter um negócio que do dia para a noite graças a essa mesma pandemia cresce 10 vezes.

Foi isso que aconteceu com a empresa fundada por Lucas Ceschin, o James Delivery, hoje uma empresa do Grupo GPA.

Na edição deste mês convidei o Lucas para nos contar um pouco dessa história e inspirar você que já empreende ou pensa em empreender um novo negócio.

Diego Godoy: Lucas, muito obrigado por topar falar com nossos mais de 40 mil assinantes! Me conta: o que levou você a empreender?

Lucas Ceschin: Eu que agradeço, Diego. Então, eu sempre admirei os empreendedores. As pessoas que desafiam o que é possível e constroem um mundo diferente em que todos nós vivemos.

O que me fez empreender foi ter morado no Vale do Silício (na Califórnia, EUA) por um ano e conhecer as pessoas por lá. Existe um “vírus” do empreendedorismo naquele lugar. Gente de todas as idades empreendendo nos mais diversos ramos.

Era comum conhecer pessoas com 25 anos que já haviam fundado uma ou duas empresas. Algumas vezes com sucesso, a maior parte não.

"O Vale do Silício é o lugar onde o erro é celebrado. É sabido que todos saem melhores de uma experiencia malsucedida. É por isso que se toma tanto risco por lá. E é por isso também que grandes ideias são realizadas."

Conhecendo essas pessoas ficou insuportável não empreender naquele momento. A palavra era realmente essa: insuportável. Foi por isso que empreendi, porque não empreender não era mais uma opção.

DG: E como nasceu a ideia do James?

LC: A ideia nasceu durante o tempo que meus amigos (depois sócios) e eu morávamos lá no Vale do Silício e fizemos a compra de alguns itens de supermercado, isso em 2015. Havíamos comprado tudo que precisávamos para o nosso jantar. Quando chegamos em casa percebemos que faltavam dois itens básicos: sal e pimenta.

"Tivemos que voltar ao supermercado para comprar esses itens.

Enquanto estávamos no caminho nos perguntamos: por que não existe uma empresa que pode oferecer esse serviço? Foi aí que a ideia do James surgiu."

Fizemos uma análise do mercado brasileiro e vimos que não existia nada neste sentido no país. Só existiam empresas do que chamamos de “delivery 1.0”, que são marketplaces que enviavam demanda a restaurantes que já tinham frota própria de entregadores.

Observamos que existiam algumas empresas no Mundo, em especial nos Estados Unidos e na China que estavam começando projetos para resolver esta "dor" do cliente, de conectar a cidade ao celular e permitir que qualquer produto, de qualquer loja da cidade, pudesse ser comprado e entregue em poucos minutos.

Foi aí que decidimos retornar ao Brasil e empreender.

DG: Qual foi o momento mais desafiador na jornada do James?

LC: O momento mais desafiador foi quando a pandemia de Covid-19 chegou e a nossa empresa se tornou literalmente um “serviço essencial à sociedade”.

O Mundo estava com medo e trancado em casa. Ninguém sabia o que era ao certo aquela doença e nem por quanto tempo iria perdurar o isolamento social.

Foi assim que a demanda pelo nosso serviço ultrapassou qualquer tipo de projeção. Trabalhávamos como loucos para garantir que os clientes fossem atendidos.

Eram muitas demandas e precisávamos garantir o bem-estar de todos: dos entregadores, do time interno e dos clientes.

"A demanda era tanta que crescemos 10 vezes em 3 meses."

Foi um período de muito trabalho operacional que nos forjou profissionalmente e pessoalmente.

DG: Como foi o momento da venda do James para o GPA?

LC: Buscávamos um investimento relevante que pudesse fazer a empresa crescer e conquistar o mercado que estávamos criando. O serviço era procurado por clientes em todas as cidades que trabalhávamos e observávamos uma oportunidade sem precedentes para crescermos em todo país.

O GPA veio como uma grande plataforma para que esse sonho pudesse acontecer. Em 2018 o GPA era o maior varejista da América Latina e nos trataram com total respeito e humildade para construirmos uma estratégia para que caminhássemos juntos.

O James fazia parte da visão macro do GPA e a negociação fluiu bem. Entramos para o grupo para crescer como nunca.

DG: Se você encontrasse o Lucas antes de fundar o James, o que diria para ele?

LC: Diria para ele acreditar em si mesmo e para aproveitar muito a viagem que é empreender.

Diego Godoy: Que dicas ou conselhos você daria para quem quer ou pensa em empreender?

Lucas Ceschin:

Construa uma empresa que você realmente acredita.

Busque pessoas que sejam melhores que você para formar o seu time.

Ciclos bons e maus vão acontecer.

Aproveite as oportunidades e entenda que nem tudo são flores.

Se mantenha vivo no jogo e encontre o que faz a sua empresa ser escassa, diferente ou especial no mercado.

Lucas Ichikawa Ceschin é formado em Direito com pós-graduação Administração e Finanças pela UC Berkeley Extension. Foi co-fundador e CEO do James Delivery.

Obrigado, Lucas!

Tenho certeza que essa edição lhe agregou muito, leitor! Para mim foi uma aula de empreendedorismo e gestão. Espero que tenha gostado e até a próxima!