CONSCIÊNCIA, SUPERCONSCIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE: A nova era dos Super-Humanos.
Por Ana Nery de Medeiros
Ao longo de milênios, nos tornamos reis e rainhas da vida no planeta Terra. Em constante processo evolutivo na luta do bem contra o mal, a humanidade eleva-se da sociedade animalesca de nossos antepassados pré-históricos - de psiquismo rudimentar e irracional - para o mundo civilizado da escrita, das revoluções, conquistas, invenções e descobertas científicas inimagináveis com o uso da consciência e inteligência. Eis que surge a sociedade dos Super-Normais: educada, racional, egocêntrica, comum a todos, reduzida ao mundo da matéria e com o psiquismo voltado para o controle dos instintos.
Diante desse processo evolutivo, também conquistamos a consciência individual, esse modo próprio de nos comportar e interpretar a vida. Exploramos terras, ares e mares, fomos à lua, clonamos animais e chegamos à era digital atingindo um patamar evolutivo, sem precedentes. No entanto, ainda mantemos uma consciência limitada, focada apenas na construção da sociedade do “ter” que beneficiou mais o próprio ego no mundo das sensações do que o universo iluminado da alma. E, por isso, sabemos muito pouco ou quase nada de nós mesmos.
Sabemos que a consciência é uma qualidade da mente que lida diretamente com a subjetividade, o discernimento, o conhecimento e a percepção das coisas. Ela nos permite tomar conhecimento do mundo ao redor, de nós mesmos e do mundo espiritual como também das noções do bem e do mal a quem chamamos de consciência moral. Por exemplo, quando fazemos algo de errado e refletimos sobre o mal cometido, ela se traduz pelo sentimento negativo de uma “consciência pesada”, uma sensação de “aperto no peito” devido a “culpa ou remorso”. Ela representa a nossa realidade atual e a forma como nos comportamos diante dos outros. É onde reside o esforço, a vontade e todas as conquistas do presente, mas também reside o egoísmo, o orgulho, o materialismo, a intolerância, etc.
Vamos compreender melhor esse universo interior. A nossa “casa mental” é composta do inconsciente, da consciência e da superconsciência. O Inconsciente – ou o Id de Freud - é o nosso lado selvagem onde habita os instintos, desejos reprimidos, impulsos agressivos e experiências do passado. A Consciência - ou o Ego de Freud - é o mediador de conflitos e vive na corda bamba entre o inconsciente e a superconsciência na luta para satisfazer os desejos do inconsciente, mas também para cumprir as exigências morais da superconsciência.
A superconscência é conhecida como consciência elevada ou o Superego de Freud, que aspira a perfeição humana. É o nosso “juiz” das normas morais e éticas a controlar nossos instintos na condução dos caminhos do Bem, da Paz e do Amor pela humanidade. Portanto, se analisarmos essa estrutura mental com mais profundidade e à luz de nossa inteligência, podemos dizer que a consciência é o próprio ser humano na luta entre o Bem e o Mal. Essa estrutura mental permite que todo pensamento, emoção e sentimento seja geradora de uma energia capaz de transformar o ambiente e conscientemente contribuir para a construção do bem - quando guiados pelo estado de espírito positivo - ou demolidos pelo mal - quando somos levados pelos maus pensamentos de um estado de espírito negativo.
Um exemplo simples dessa estrutura mental seria um edifício: no térreo ficaria o inconsciente com todos os instintos inferiores; no primeiro andar, a consciência e a nossa relação com o mundo exterior; e, por fim, na cobertura ou último andar se encontra a superconsciência, elevada ao nível dos Super-Humanos.
E, diante do momento crítico em que vivemos, em meio a esse “duelo de titãs”, cá estamos nós, filhos do tempo, numa encruzilhada entre o selvagem, o materialista e o “transcendental” contaminados pelo vírus racional e individualista da nova era, em busca por um sentido que dê sentido a nossa existência. Isso se dá porque, de acordo com o filósofo e pensador Pietro Ubaldi, no livro A Grande Síntese (1997), a maioria de nós utilizamos apenas a “psique de superfície”, aquela consciência voltada para a matéria, resultado do ambiente e da experiência que satisfaz apenas as necessidades da vida terrena. Para o autor, é na consciência latente, aquela mais profunda e intuitiva, que se encontra a nossa “essência destilada” que desce em profundidade no íntimo do ser e fixa-se na eternidade. Significa dizer, que a consciência intuitiva nos permite o discernimento, ou seja, a capacidade de avaliar as coisas com bom senso, clareza e juízo crítico para mudar de atitudes, repensar valores, evoluir como pessoa e assumir as rédeas do próprio destino.
Para expandir a consciência, torna-se necessário mantê-la aberta para armazenar novos conhecimentos, pois quanto mais tomamos consciência de nós mesmos e do mundo ao redor realizando a mudança de atitudes perante a vida e saindo do "casulo existencial" chamado zona de conforto, mais evoluímos espiritualmente para nos tornar pessoas melhores e mais felizes.
O desenvolvimento da consciência nos permite um novo olhar para dentro de nós mesmos e, munidos pelo amor, aos poucos, vamos vencendo os medos e as inseguranças do dia a dia enquanto “levitamos" na direção do autoconhecimento. Também nos permite compreender melhor as pessoas, aceitá-las e respeitá-las como são e nos dá a coragem necessária e a fé raciocinada para fazer as mudanças necessárias, com a certeza de que a vida é um milagre, uma dádiva de Deus.
Pela elevação da consciência, mergulhamos nas profundezas da alma para nos tornar cada vez mais conscientes de quem somos e do nosso papel aqui na terra em conexão com os mais nobres valores da humanidade que nos eleva para o alto. Diante disso, podemos sentir quando estamos elevados espiritualmente diante daquela sensação de profunda paz interior e harmonia com as pessoas e o ambiente, além do profundo amor a Deus que inunda nossa alma de paz e transborda num sentimento de autoiluminação que pertence aos seres humanos evoluídos diante da vida, refinados e moralmente aperfeiçoados ao patamar dos Super-Humanos.
Por isso, torna-se urgente transpor fronteiras, promover mudanças e sair do "casulo" daquela sociedade fechada dos supernormais para alçar voos mais altos de encontro a uma nova sociedade que seja aberta, dinâmica e profunda: a sociedade dos Super-Humanos! Esta nova sociedade se funde numa unidade espiritual mais vasta e coletiva que é a própria humanidade, conduzida pelos caminhos do amor e da transcendência onde a superconsciência seguirá iluminando mentes e corações de esperanças renovadas revolucionando as dimensões de si mesmo em benefício de toda a humanidade, abrindo as portas da alma, além dos sentidos.
Por fim, quanto mais tomamos consciência de que tudo faz parte de um todo, onde todos somos Um e fontes de uma só Unidade a quem chamamos de Deus, esse estado de espírito elevado nos preenche de “luz própria” capaz de contagiar pessoas e ambientes de paz, alegria e bem-estar. Também transforma a realidade ao redor e muda o enredo da própria história porque somos feitos a imagem e semelhança de Deus, capazes de gerar bênçãos através das palavras e atitudes positivas perante a vida e por toda a humanidade, com a certeza de que cada dia será sempre o melhor dia de nossas vidas. Eis uma existência repleta de sentido!
(Ana Nery de Medeiros - trecho do livro O SENTIDO DA VIDA EM 3D: Saúde, Espiritualidade e a Construção do Amor, 2017)