O propósito da vida

O propósito da vida

No “dar pérolas a porcos” não reside a culpa nos porcos, mas sim naquele que devendo ter, não teve sabedoria para gerir os recursos que tem, pois deveria saber que com o valor de uma simples pérola, poderia dar tudo o que os porcos mais valorizariam.

A arrogância do pensar que tudo sabemos, reside na incapacidade de perceber que para mudar o mundo, precisamos de entender os outros e que a realidade futura se constrói com base na verdade de todos, não só na nossa. Se a nossa perspetiva de avaliar a verdade absoluta é mais clara do que a dos outros, então precisamos saber prová-lo, criando condições para que os outros nos entendam melhor, sob o ponto de vista do seu estado de consciência.

Platão falava no modelo de tudo que pré-existe no “mundo das ideias”, este conceito concilia a visão sobre todas as religiões, filosofias, correntes intelectuais e científicas, sobre o plano onde “as coisas pré-existem” enquanto modelos perfeitos. Onde tudo existe de forma a ser “puxada” para o mundo real, como sombras. Sombras, porque a mente criativa do Homem, limitada que é, apenas consegue retirar sob a forma da imaginação, uma parte desse modelo, e ainda assim, depois ao tentar materializar esse modelo, está sujeito a um conjunto de limitações de carácter concreto: capacidade técnica e tecnológica, saber-fazer, ciência disponível, etc.

Veja-se a evolução da roda. Objeto aparentemente tão simples, mas que desde a sua conceção sofreu uma enorme evolução até chegar ao utensilio que é hoje, nas suas várias funções enquanto modelo de “coisa”. Mesmo assim não podemos afirmar que a sua evolução já está terminada, tal é a incapacidade de percebermos qual é, na realidade, o modelo que pré-existe deste sempre no tal plano das ideias imanifesto a que Platão se referia.

Nesse outro plano de Platão, no NADA quântico da física, na Mente de DEUS das religiões, existem modelos para tudo, ideias perfeitas de tudo, embora o que se materialize no que simbolicamente podemos entender pelo mundo real, onde também Platão chamou figurativamente como o mundo das sombras, expressa no mito da caverna, esteja muito aquém do original.

Ai existe o modelo perfeito de tudo, mas não no mundo das sombras e isso origina desarmonia, conflitos e problemas. Se para qualquer problema, pudéssemos ter a capacidade de trazer a forma aperfeiçoada de todos os modelos que participam dessa ação que envolvem determinado problema, então não teríamos mais o problema, pois ele só existe, porque os vários modelos que se encontram materializados são apenas “sombras”, cópias mal realizadas dos seus originais.

Levar as sombras a parecerem-se cada vez mais com os originais, é esse o propósito da vida. O propósito da vida é a evolução de todas as coisas que conhecemos, até chegar à perfeição criada pelo modelo pensado pela mente de DEUS. Viver é um processo de aprendizagem, onde o objetivo é primeiro construirmo-nos individualmente como seres humanos e evoluir, a partir do que somos no estado em que estamos, até ao ser perfeito projetado por DEUS na sua mente.

Enquanto não atingimos tal grau de semelhança com o original que DEUS projetou para nós, devemos manter-nos vigilantes, na tolerância sobre o que entendemos por ser a razão, na nossa perspetiva de ver. Devemos ser humildes e ter a capacidade de relembrarmo-nos constantemente que somos consciências limitadas a olhar para uma realidade, onde apenas vemos uma parte em função daquilo que somos.

Somos como cegos de nascença que em contato com uma só parte do corpo de um elefante, temos a arrogância de julgar saber descrever o que é um elefante na sua totalidade. Deveríamos perceber enquanto seres com capacidade de ver o elefante no seu todo, olhando para a descrição que cada um faria do animal, que todos estariam fadados a uma descrição completamente errada do que é um elefante, e que a melhor hipótese que teriam de se aproximar da realidade absoluta seria terem a humildade de aceitar as suas limitações, a partir delas, juntos, construírem uma imagem mais próxima do real, com o conjunto das partes.

Então o dilema de não dar pérolas a porcos, coloca a culpa não em quem não tem capacidade de reconhecer o devido valor das pérolas, mas naquele que sabendo o seu valor, julga ser o que sabe a verdade absoluta, a realidade. Tal com os sete cegos arrogantes do conto.

A vida existe com um único propósito UNO para todos, e ao mesmo tempo, paradoxalmente, com um diferente objetivo para cada. A vida no seu conjunto, existe para permitir que o mundo perfeito que pré-existe na MENTE DE DEUS (o mundo das ideias de Platão), possa ser construído no mundo das sombras. Aqui cada ser humano tem duas missões, primeiro transformar-se no modelo perfeito que existe para cada um de nós, e ao mesmo tempo, participar com as suas ações, para que o contexto à sua volta reflita uma cada vez maior semelhança com o modelo original.

Realizar o propósito da vida é simples, basta reconhecermos diariamente o quão limitados somos e aceitar isso como um ponto de partida para o processo de evolução que nos levará a refletir no mundo o SER HUMANO idealizado por DEUS, e a partir dai, esses modelos aperfeiçoados, serão capazes de transformar o mundo das sombras num espelho do modelo que está pensado desde o inicio.

AC

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