Conselhos de Alto Impacto: Liderança Estratégica em Tempos de Transformação
Artigo inspirado em aula facilitada por Eduardo Gomes, MBA, CCA IBGC , no Programa de Formação e Certificação de Conselheiro Consultivo na Board Academy Br
O Papel do Conselheiro
O conselheiro tem um papel essencial na governança corporativa, sendo o guardião da cultura organizacional, ética, reputação e visão estratégica da empresa. Alinhado ao propósito da organização, ele atua em conjunto com os acionistas, enfrentando adversidades e desafios internos e externos. A missão do conselho é não só assegurar a continuidade do negócio, mas também promover a longevidade e a inovação, desafiando o status quo e apoiando a gestão na construção de um futuro sustentável e próspero.
O Futuro nos Conselhos
De acordo com o relatório Future of the American Board da NACD (National Association of Corporate Directors), os conselhos precisam adaptar-se às transformações do mundo corporativo para enfrentar os desafios emergentes. O relatório apresenta cinco temas centrais: (1) O propósito corporativo deve guiar a empresa, indo além do lucro; (2) A responsabilidade com os stakeholders deve ser considerada na criação de valor sustentável; (3) Conselhos precisam operar de forma ágil e eficiente; (4) A agenda ESG (Environmental, Social and Governance), considerando a diversidade e inclusão deve estar na pauta dos conselhos; e (5) A gestão de talentos e cultura organizacional deve ser uma prioridade, promovendo inovação e resiliência.
Esses princípios formam a base para que conselhos se mantenham relevantes e eficazes em um ambiente de negócios complexo, respondendo às crescentes expectativas da sociedade e às pressões por sustentabilidade.
Tendências que Impactam os Negócios
O relatório também indica as principais tendências que impactam os negócios:
Conselheiros devem acompanhar as tendências que sinalizam um movimento global e que, no ritmo acelerado das transformações atuais, oferecem oportunidades ou ameaças aos negócios.
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“Gerenciar crises não é mais domínio exclusivo dos comunicadores corporativos. O cenário de hoje exige que toda a empresa se comprometa com a criação de resiliência.” Hugh Taggart
A Gestão em Tempos de Crise e Incerteza
O ambiente atual exige que conselhos e gestores estejam preparados para lidar com incertezas extremas e crises imprevisíveis. Nassin Nicholas Taleb, nos livros O Cisne Negro e Antifrágil, propõe que as organizações devem adotar uma postura que não apenas sobreviva às crises, mas prospere com elas. A capacidade de adaptação, o fortalecimento da resiliência e a inovação contínua são diferenciais essenciais para superar períodos de turbulência.
Eventos como o encalhe do Ever Given no Canal de Suez em 2021 e a pandemia do COVID-19 exemplificam como crises inesperadas podem interromper cadeias globais e impactar a economia globalmente. Em tempos de crise, conselhos precisam ser proativos e ágeis para enfrentar as adversidades, ajustando a estratégia rapidamente e acompanhando de perto a evolução da situação, ajudando a minimizar os danos e encontrar oportunidades mesmo nas adversidades.
A coesão da equipe é um diferencial para superar crises, essencial para conselhos e gestores em tempos de incertezas, como reflete Patrick Leoncini no livro Os Desafios das Equipes:
“Não são as finanças. Não é a estratégia. Não é a tecnologia. É o trabalho em equipe a maior vantagem competitiva, tanto porque é tão poderoso, quanto porque é tão raro”.
As estruturas e processos estabelecidos com base em modelos operacionais tradicionais, pesados, e baseados em ciclos de planejamento rígidos, muitas vezes são demasiadamente morosas em momentos de crise. Sua estrutura, desenhada para reduzir incertezas em contextos estáveis, não acompanha a necessidade de adaptação rápida que cenários de crise exigem. Para sobreviver, as organizações precisam adotar uma gestão dinâmica, onde relatórios, revisões de cenários e ajustes de orçamento ocorrem em bases de curtíssimo prazo, permitindo decisões rápidas e bem fundamentadas. Nesses momentos, o papel do conselheiro é vital: ele deve estar próximo, sem se tornar parte da operação, sem ficar preso à dados analíticos, para não deixar passar oportunidades sem serem vistas, sem perder o olhar para fora e a visão de futuro, mas atuando como um facilitador para extrair o melhor estimulando uma equipe diversa, multigeracional e alinhada com as exigências tecnológicas e de sustentabilidade. Uma governança proativa eficaz se baseia em três pilares decisórios: previsibilidade, tempestividade e maturidade, garantindo que a organização responda de maneira ágil e eficiente aos desafios emergentes.
Conselhos de Alto Impacto
Conselhos eficazes são aqueles que vão além, reconhecem a individualidade e o poder da diversidade, divergem para depois convergirem, tomam decisões tempestivas e criam um ambiente de confiança com transparência e clareza entre seus membros. Estão dispostos a abandonar ou a gerir o orgulho, arrogância, medo, de sacrificar o próprio ego em função do bem coletivo e da empresa. Além disso, a diversidade, a capacidade de oferecer e receber feedbacks e o colegiado forte são fatores que diferenciam conselhos de alto impacto. A adoção da empatia, e de princípios éticos, o entendimento das dinâmicas globais e a capacidade de agir de maneira ágil são diferenciais que garantem a relevância desses conselhos.
Simon Sinek pensa que o termo soft skill não é adequado. Os humanos teriam hard skill e Human Skills, que de soft não há nada. “Atualmente, nós precisamos de mais human skills nos negócios”.
Conclusão
No cenário atual de incerteza e transformação constante, as empresas tendem a navegar em um ambiente cada vez mais turbulento, imprevisível e acelerado. Os conselhos corporativos, sejam de administração, consultivos ou familiares, precisam ser ágeis, diversificados e comprometidos com a criação de valor sustentável. Os conselhos que orientam a atividade corporativa, seja deliberando ou recomendando, precisam se adaptar para garantir que a governança corporativa acompanhe o ritmo, influenciando assim a empresa a adaptar-se para capitalizar as novas oportunidades que a disrupção apresenta. Ter a capacidade de antecipar crises, abraçar a incerteza e promover uma cultura organizacional resiliente são os principais pilares para garantir o sucesso e a longevidade das empresas. Conselheiros que entendem o contexto global, trabalham em equipe e incentivam a inovação estarão à frente na construção de organizações mais robustas e preparadas para o futuro.