Construindo sistemas para o trabalho do conhecimento
Inúmeros projetos de transformação pressupõem a introdução de novos sistemas de informação. Como vivemos num contexto de crescente evolução do trabalho do conhecimento, mais subjetivo, colaborativo e dependente da expertise e julgamento dos envolvidos, grandes transformações usualmente envolvem a construção e disponibilização de tecnologias capazes de aumentar a produtividade dessa natureza de trabalho, sem desconsiderar suas particularidades.
Um suporte de TI adequado para o trabalho do conhecimento ainda é um desafio. Muitos sistemas continuam sendo concebidos de forma monolítica, com protocolos internos proprietários e dificuldades de integração e atualização. É o caso dos sistemas ERP, por exemplo, que são disponibilizados em módulos funcionais. A resistência dos colaboradores à introdução de sistemas engessados e que restringem sua autonomia costuma ser uma das maiores causas de fracasso em projetos de transformação.
Para suportar o trabalho do conhecimento, sistemas de informação precisam ser ágeis para prover flexibilidade, ao invés de engessar. Precisam permitir colaboração, interpretação e mudanças de percurso. Precisam possibilitar aprendizado com a execução. Tudo isso sem perder produtividade e controle gerencial. A lógica de construção de qualquer aplicativo para esse fim deve ter tudo isso em mente.
A figura abaixo mostra que há, com o passar das décadas, uma forte tendência de componentização na arquitetura de sistemas de informação, com a concepção e gestão em separado de componentes como processos, dados, regras e interface com clientes. Essa estratégia cria agilidade e flexibilidade para a construção e manutenção dos aplicativos, assim como ganhos para a execução do trabalho do conhecimento.
Figura 1 – Componentização de sistemas de informação (Fonte: Rosemann)
Cada vez mais, por exemplo, sistemas passam a ser orientados por processos e serviços. A construção com base em processos permite que automatizações sejam pensadas fim-a-fim, facilitando a colaboração e integração entre pessoas, que passam a ser orquestradas por fluxos de controle do trabalho, que podem incluir tanto ações estruturadas como não estruturadas. A disponibilização de serviços, por sua vez, facilita a orquestração e integração entre sistemas distintos envolvidos na execução.
Regras de negocio também passam a ser construídas em separado, e não mais embutidas em código. Isso facilita os inúmeros julgamentos e decisões, bem como as constantes atualizações de regras inerentes ao trabalho do conhecimento.
Essa natureza de trabalho também pressupõe aprendizado com o passar do tempo, e nesse sentido é fundamental a capacidade de análise de dados gerados com o histórico de execução. Aplicações inteligentes coletam, analisam e interpretam grandes quantidades de dados, sugerindo caminhos e mesmo intervindo na execução quando necessário.
Por fim, é uma tendência que se invista cada vez mais no design de aplicações, visando a uma melhor experiência de quem as utiliza (clientes). Dispositivos móveis e de interface simples e intuitiva tendem a ser vencedores nesse sentido.
O grande desafio do século 21 está associado ao aumento de produtividade do trabalhador do conhecimento. Esse desafio passa, sem dúvidas, por uma forma mais inteligente de construirmos sistemas para suportá-lo em seu dia a dia.
© Leandro Jesus, 27/01/15
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9 aNão só a construção, mas também a atualização e a parametrização dos sistemas existentes precisa ser baseadado em processos. Infelizmente a maturidade de muitos tomadores de decisão ainda não está adequada.
Consultoria em Gestão, Processos, Projetos. Professora Graduação/Pós-Graduação. Voluntária PMI-SP e AVS (Voluntários da Saúde)
9 aExcelente abordagem. Precisamos evoluir no desenvolvimento e utilização de sistemas de informação em forma e conteúdo. E para que isso possa ocorrer é necessário que o olhar para os processos, dentro das organizações, também seja efetivamente de "gestão de processos" para "gestão por processos".
Muito bom Leandro! Temos muito para fazer nas empresas e na TI.