Conversas difíceis no mundo corporativo. Quem nunca?
Semana passada eu falei sobre Conversas Difíceis no encontro de um ano do Grupo de Negócios Rio. Foi uma apresentação pocket de meia hora e meu principal desafio era, de cara, justificar esse assunto no mundo corporativo de forma consistente. Como já orientou Simon Sinek, o "porquê" é sempre um bom começo.
Queria fugir do "politicamente correto" e das frases chavão sobre "precisamos ouvir o outro", "é importante nos relacionarmos bem com as pessoas", "networking é fundamental".
As afirmações acima são válidas sim, mas por que exatamente? Como mostrar em pouquíssimo tempo a um grupo de empresários, publicitários e jornalistas a relevância do tema?
Apresentando fatos e estudos. Assim:
Felicidade humana
Um estudo da Universidade de Harvard iniciado em 1938, sobre felicidade humana, durou 75 anos (a primeira fase). Provavelmente o estudo mais longo sobre o tema já realizado no mundo inteiro. Os pesquisadores pegaram 724 rapazes na adolescência e juventude e os acompanharam por toda a vida. Monitoraram seu estado mental, físico, emocional e social. Eles faziam exames médicos, respondiam questionários sobre suas vidas e sobre como se sentiam, seus familiares foram entrevistados, várias de suas conversas foram gravadas. Alguns dos participantes estão hoje na casa dos 90 anos. E o estudo continua atualmente com dois mil homens e mulheres, filhos dos participantes originais.
O quarto diretor da pesquisa, Robert Waldinger, explica que depois de seguir a vida das pessoas por décadas, e estudá-las tão profundamente, a conclusão mais absoluta que chegaram é que não é nem fama, nem dinheiro, nem grandes conquistas que são responsáveis pela nossa felicidade, mas sim a qualidade de nossos relacionamentos.
"Trata-se de prestar mais atenção no outro e se conectar com as pessoas, em vez de dar como certo que elas estarão sempre ali. Devemos construir laços e é particularmente importante fazermos isso com quem temos algum conflito."
(Quem não assistiu Robert Waldinger no TED, assista aqui. Quem já assistiu, vale assistir de novo.)
Criar laços com quem temos conflitos... Hummm
Aqui entre nós... que ninguém nos ouça... esse conceito parece difícil de assimilar e fácil de ignorar.
Lá no fundo, na hora em que está estressado no trabalho, irritado com seu chefe, reclamando do funcionário, discutindo com o cliente que barganha o preço ou resolvendo alguma confusão que outra pessoa criou, você não está muito interessado na felicidade; ela parece algo intangível e fluido. Você quer mais é mostrar que tem razão e descobrir o culpado na história.
A felicidade é um motivo suficientemente forte para você melhorar a qualidade de seus relacionamentos e aprender a lidar com conversas difíceis no dia a dia? De verdade?
Permita-me uma provocação e mais um punhado de dados:
"Em menos de 2 anos, até 45% das atividades profissionais realizadas atualmente no mundo, já poderão ser executadas por computadores e robôs, segundo pesquisa realizada pela Manpower Group com 18 mil empregadores em 43 países incluindo o Brasil. A automatização crescente e rápida significa que, para não ficar sem trabalho, profissionais precisarão se adequar, aprender e desenvolver novas competências como a capacidade de gerir melhor as relações pessoais e analisar e resolver conflitos." (Fonte: Jornal O Globo)
Estimativas mostram que até 2030 a demanda por habilidades emocionais e sociais irá crescer 25% em todos os setores do mercado. Dados do Fórum Econômico Mundial apontam que entre as habilidades mais importantes, a empatia aparece na quinta posição. (Pesquisa: Mckinsey & CO)
Pesquisa sobre os motivos das demissões, apontou que "61% dos profissionais acreditavam que poderiam perder seus empregos por problemas de atualização, conhecimento e habilidade técnica ou por falta de experiência. Entretanto, 87% das organizações declararam, naquela ocasião, demitir profissionais em razão de suas atitudes, temperamento ou por problemas de relacionamento interpessoal."
"Isto quer dizer que as empresas estão demitindo pessoas por problemas comportamentais. São as atitudes das pessoas que as estão demitindo ou impedindo o seu sucesso dentro das organizações." (Fonte: Revista Você S.A)
"As pessoas são contratadas por suas habilidades técnicas, mas são demitidas pelos seus comportamentos." Peter Drucker
Pesquisa da Revista Exame listou as quatro principais razões para demissões aqui no Brasil. (Adivinha qual é a primeira?)
- Dificuldade de relacionamento
- Não bater metas
- Não se envolver
- Não ter conhecimento técnico
E para fechar a conta: "Mais empresas entram em falência e são fechadas por divergências entre sócios do que por equívocos no planejamento financeiro ou por falta de capital."(FONTE: Folha de SP e JUCESP)
Não trata-se apenas de uma vida feliz (como se isso fosse pouco!). Estamos falando de sobrevivência em um mercado de trabalho com transformações rápidas rumo a uma crescente automação. Se não queremos nos tornar profissionais obsoletos, além de uma imprescindível reciclagem técnica, é imperativo melhorarmos a qualidade de nossas relações. Como? Olhando para dentro.
Se o tema "Relações humanas" também te intriga, acompanhe mais no meu canal do YouTube. Pílulas bem humoradas para você se reconhecer e refletir. Abaixo o vídeo 1 da série Conversas Difíceis.
técnico em turismo social
6 aMuito bacana esta discussão que você traz. Todos nós passamos por isso. Muito obrigada por compartilhar!
Gestão em Saúde | Gestão de Projetos | Educação Corporativa | Consultorias | Mentorias | Treinamentos
6 aExcelente artigo Patricia Capeluto, agradeço compartilhar sua experiência, além de diferentes dados que embasam a importância do tema. Parabéns!
Consultor de gestão | Mestre em Consultoria | Inteligência de negócios
6 aMuito bom, compactuo com a mesma ideia de que as pessoas são demitidas pelas crenças de incapacidade para realizar o cargo. Foi um choque para mim, pois estou passando pela mesma parte, iniciei recentemente uma nova fase da minha vida e toda essa ansiedade têm me atrapalhado. Enfim, obrigado por compartilhar seu expertise conosco.
Designer de Calçados, Bolsas e Acessório . Consultoria . Desenvolvimento de coleção . Professora . Mestranda
6 aQueridíssimas Naiara Garcia e Beatriz Souza. Para crescermos e aparecermos...rs!
New Business Supervisor at Spark | Influencer Marketing
6 aExcelente artigo Patricia Capeluto! Adorei que trouxe dados super interessantes, me fez refletir sobre a qualidade dos meus relacionamentos, e confesso que vou precisar melhorar um pouco hein haha