A coragem de ser imperfeito - Brené Brown
Este livro trás um certo desconforto ao leitor e muita reflexão. Brené discute sobre a vulnerabilidade, o medo, a vergonha e a imperfeição, e demonstra que estas características não são medidas de fraqueza e sim de Coragem!
A autora descreve sua história e as suas tentativas de contornar e vencer a vulnerabilidade. Porém, ao entender que estamos aqui, nesse mundo, para criar vínculos com pessoas (conectarmos) e perceber que os participantes de sua pesquisa sempre relacionava suas experiências mais importantes com decepções, traições, humilhações do medo de não serem dignos de uma conexão verdadeira, começou a pesquisar os sentimentos de vergonha e empatia.
Brené descobriu que as pessoas que lidam bem com a vergonha e acreditam no próprio valor apresentam alguns sinais de uma vida abundante (cultivam a autenticidade; a autocompaixão; um espírito flexível; a gratidão e alegria; a intuição e fé; a criatividade; o lazer e o descanso; a calma e a tranquilidade; as risadas, música e dança; e tarefas relevantes).
Estamos inseridos em uma sociedade que vive a cultura da escassez, de nunca sermos bom o bastante. Vivemos assombrados pela humilhação de sermos alguém comum, de nunca ser bom o bastante para ser notado, aceito ou para perseguir um objetivo. As ideias de grandeza e a necessidade de admiração parecem um bálsamo para aliviar a dor de sermos tão comuns e detentores de vidas insignificantes. Esses pensamentos trazem ainda mais dor e isolamento.
A autora nos leva a derrubarmos o mito que vulnerabilidade é uma fraqueza. Ela considera que quando estamos vulneráveis ficamos totalmente expostos, sentimos as incertezas e assumimos um enorme risco emocional. Por outro lado, quando estamos vulneráveis é que nascem o amor, a aceitação, a alegria, a coragem, a empatia, a criatividade, a confiança e a autenticidade. Se quisermos recuperar a parte essencialmente emocional de nossas vida, reacender nossa paixão e retomar nossos objetivos, precisamos aprender a assumir nossa vulnerabilidade e acolher as emoções que resultam disso.
"Quando passamos uma existência inteira esperando até nos tornarmos à prova de bala ou perfeitos para entrar no jogo, para entrar na arena da vida, sacrificamos relacionamentos e oportunidades que podem ser irrecuperáveis, desperdiçamos nosso tempo precioso e viramos as costas para os nossos talentos, aquelas contribuições exclusivas que somente nós mesmos podemos dar."
A vulnerabilidade se baseia na reciprocidade e requer confiança e limite, ou seja, não é superexposição. Vulnerabilidade tem a ver com compartilhar nossos sentimentos e nossas experiências com pessoas que conquistaram o direito de conhecê-los. A confiança cresce com o tempo e exige trabalho, atenção e comprometimento.
Brené destaca que muitos de nós somos ótimos em prestar ajuda, mas não sabemos pedir ajuda. A falsa proteção é exaustiva. Só depois que aprendermos a receber com o coração aberto é que podemos doar com o coração aberto. É preciso coragem para revelar as nossas lutas e pedir ajuda. O contato com a nossa própria vergonha é fundamental para abraçar nossa vulnerabilidade. Porém, não podemos nos deixar ser vistos se ficamos aterrorizados pelo que as pessoas podem pensar ou ainda exercermos o papel de carrasco e crítico de nós mesmos.
As pessoas que nos amam, aquelas com quem realmente podemos contar, nunca são críticos que nos apontam o dedo quando fracassamos. Elas também não estão na arquibancada nos assistindo. Elas estão conosco, na arena da vida, lutando por nós e segurando nossas mãos.
Brené discute também sobre a empatia e que vivê-la requer vulnerabilidade. Empatia é simplesmente escutar, criar espaço para a sinceridade, não emitir julgamento, se conectar emocionalmente e transmitir a mensagem que "Você não está sozinho".
A autora descreve ainda as máscaras que utilizamos para evitar nossas vulnerabilidades e vergonha. Com elas nos sentimos mais seguros, fortes e destemidos, mesmo quando elas nos sufocam e tornam-se exaustivas e pesadas. Quando estamos com alguém escondido ou protegidos por máscaras nos sentimos frustrados e rejeitados. Não queremos demonstrar nossa vulnerabilidade, mas é a primeira coisa que procuramos no outro.
Outro ponto destacado está relacionado a importância da gratidão e da alegria. A alegria nos visita em circunstâncias comuns e não devemos correr o risco de deixá-la passar despercebida por nos mantermos ocupados demais. É necessário celebrarmos sempre, ser grato pelo que temos e não desperdiçar a alegria. Sempre que nos entregamos a esses momentos fortalecemos nossa resistência e cultivamos a esperança.
Para assumirmos a verdade sobre quem somos, de onde viemos, em que acreditamos e sobre a natureza imperfeita de nossa vida, Brené considera indispensável estarmos dispostos a pegar leve nas cobranças e apreciar a beleza das nossas falhas e imperfeições. É necessário sermos mais amorosos e receptivos com nós mesmos e com os outros.
Uma vida emocionalmente saudável requer impor limites, gastar menos tempo e energia se preocupando com pessoas sem importância e enxergar o valor de se trabalhar para ter um vínculo de maior qualidade com aqueles poucos que podemos mesmo contar e que a opinião realmente vale a pena.
Vale lembrar que grande parte da beleza da luz se deve à existência de trevas. Os momentos mais fortes da nossa história são aqueles que amarramos as pequenas luzinhas criadas pela coragem, pela compaixão e pelo vínculo, e as vemos brilhar na escuridão das nossas batalhas.
Considerando a liderança, Brené considera que líder é aquele que assume a responsabilidade de descobrir o potencial de pessoas e situações. Em uma cultura empresarial em que o respeito e a dignidade dos indivíduos são tidos em alta conta, a vergonha e a culpa não atuam como estilo de gerenciamento. Não há liderança no medo. A empatia é um bem valioso e assumir responsabilidades é uma regra.
É necessário coragem para estar vulnerável. Não há nada mais importante do que ter a coragem de dizer "Eu não sei" e "Eu errei". Nada mais inspirador do que ouvir "no momento não sei a resposta, mas faço questão de lhe dar as informações corretas".
Em vez de nos sentarmos à beira do caminho e vivermos de julgamentos e críticas, nós devemos ousar aparecer e deixar que nos vejam. Isso é vulnerabilidade. Isso é a coragem de ser imperfeito. Isso é viver com ousadia.
Esse livro trouxe os seguintes aprendizados:
- Vulnerabilidade é se envolver, se entregar por inteiro.
- Viver com ousadia é ter a coragem de ser imperfeito.
- Viver plenamente significa abraçar a vida a partir de um sentimento de amor-próprio, ou seja, cultivar a coragem, a compaixão e vínculos suficientes para entender seu próprio valor.
- O que nós sabemos tem importância, mas quem nós somos importa muito mais.
- Quem me ama estará ao meu lado, independente dos resultados que eu possa alcançar.
- Somente quando temos coragem suficiente para explorar a escuridão, descobrimos o poder infinito de nossa luz própria.
- É uma perda de tempo medir meu valor pelo peso da reação das pessoas nas "arquibancadas" da minha vida.
- Ser bom o bastante requer aceitação do próprio valor, dos limites e do envolvimento com a vida.
- Ser imperfeito é nossa natureza. Em todas as coisas há uma fenda e é por ela que a luz entra.
- Se fechar para a vulnerabilidade é se fechar para as oportunidades.
- Não há esforço sem erros e decepções.
- Histórias de vida são registros com alma.
Abraços!
Psicóloga , Especialista em Psicologia Positiva e Desenvolvimento Humano - Mentorias, treinamentos e palestras
4 aTambém li esse livro, adorei.