Corinthians Feminino: a importância de manter a consistência naquilo que se acredita

Que o futebol é uma ótima metáfora da vida como um todo e, consequentemente, também do mundo corporativo, não é novidade para ninguém. Mas como nunca vi o clichê sendo usado para o futebol feminino, resolvi escrever umas linhas sobre.

Aqueles que me conhecem pessoalmente - ou virtualmente, fora do LinkedIn - sabem da minha paixão pelo Corinthians.

E, se tem uma coisa que tem enchido o torcedor corinthiano de orgulho nos últimos anos, é o time feminino do Corinthians.

Diferente do time masculino, que vem tendo diversos problemas dentro e fora dos campos, o Corinthians Feminino tem um projeto extremamente vencedor, que é fruto de muito trabalho e consistência.

Desde 2016, quando reativou a modalidade, foram nada menos do que 16 títulos, entre eles 4 Libertadores e 5 títulos brasileiros. Além disso, hoje em dia a modalidade conta com patrocínio exclusivo e o clube vem batendo recordes público no futebol feminino no Brasil.

Essa performance traz alguns aprendizados que podem ser aplicados para qualquer projeto. Vou falar um pouco sobre cada um deles:

1. Comece da forma que for possível, mas comece: a volta do projeto do Corinthians Feminino começou em 2016, e teve como ponto importante uma parceria com o Audax, na qual o Corinthians emprestava a camisa, o Audax sua estrutura e os clubes dividiam os custos. A parceria funcionou e em 2017 o Audax/Corinthians ganhou sua primeira Libertadores.

2. De vez em quando vai ser preciso ajustar a rota: Em 2018, com a exigência da Conmebol de que todos os clubes precisariam ter uma estrutura própria de futebol feminino para poderem disputar a Copa Libertadores masculina, o Corinthians precisou encerrar a parceria e cada clube seguiu seu caminho.

3. Encontre as pessoas certas e confie nelas: Dois nomes são fundamentais para entender o sucesso do Corinthians Feminino: a diretora Cris Gambaré e o treinador Arthur Elias. Cris foi a grande responsável pela estruturação do projeto em 2015 e assumiu a gestão do futebol feminino do clube ao final da parceria com o Audax, cargo que mantém até hoje. Para conseguir fazer o projeto sair do papel, sempre teve autonomia para trabalhar e tomar as decisões na área, se tornando uma das grandes referências no futebol feminino no país. O mesmo se pode dizer do técnico Arthur Elias, que assumiu o comando do time em 2016 e só deixou o clube agora, no final de 2023, para assumir a seleção brasileira. Grande estudioso do futebol feminino, Arthur conseguiu fazer com que o time se mantivesse sempre no topo e com sede de títulos, mesmo após ter ganhado tudo - muitas vezes.

4. É importante ser ambicioso: Assistir aos jogos Corinthians Feminino é um deleite para quem gosta de futebol. As jogadoras tem sede de vencer e querem sempre mais. Por mais que já tenham ganhado tudo, em nenhum momento se acomodam e se dão por satisfeitas. Sempre tem mais um recorde a ser quebrado.

5. Se você começar primeiro, os outros é que vão ter que correr atrás: Por ter retomado o departamento de futebol feminino em 2016, o Corinthians já estava muito mais preparado e estruturado em 2018, quando maior parte dos clubes do Brasil passou a ter equipes femininas. Isso fez com que o clube largasse na frente e reinasse absoluto no futebol feminino, uma vantagem que se sustenta até hoje, ainda que a disparidade tenha diminuído nos últimos anos.

Esses são alguns dos aprendizados que podemos tirar desse time que é uma verdadeira máquina de vencer. Fica aqui minha homenagem às Brabas, que revolucionaram o cenário do futebol feminino no Brasil.