COVID-22
O desvario
Enquanto escrevo, uma música invade minha cabeça, como um vírus. É o single ♫"This is the rhythm of the night ♪", da cantora Corona!
Tô ficando meio maluco com a quarentena! A Covid-19 está me deixando meio 22. A quem interessar possa, o número 22 faz referência a um artigo do antigo código penal brasileiro que tratava dos irresponsáveis, isentos de punição por conta de doença mental.
Se não pratico meus exercícios na rua, fico quase louco. Se pratico dentro de casa, me acho meio louco. Tenho que dar conta de impedir a entrada de germes patogênicos no organismo e prevenir infecções com a limpeza do celular, óculos, carro, maçaneta, mouse, compras de supermercado, cachorro que nem tenho... Enfim, uma batelada de coisas, virou um pandemônio, coisa de louco. Estão vendo?! Patogênicos... Estou falando como um especialista. Daqui a pouco vou acreditar que tenho direito a um diploma EAD em epidemiologia, infectologia, virologia ou algo que o valha!
Assepsia, lavar as mãos com água e sabão, usar álcool em gel, cobrir o nariz e a boca ao espirrar ou tossir, evitar aglomerações, manter ambientes bem ventilados, não compartilhar objetos pessoais, manter o isolamento social. Sei que não é prerrogativa minha, mas estou me sentindo agoniado, aprisionado, começando a ter rompantes quase napoleônicos. Se saio à rua por motivos não-profissionais e quebro a orientação de isolamento social feita pela OMS, considero-me um subversivo. Se acato literalmente as orientações e permaneço em casa, sinto-se um ser politicamente correto ao extremo.
Reconheço a enorme importância e adoto todas as práticas com a certeza de que passaremos por esta pandemia. Há enorme ansiedade para que tudo acabe, mas sigo firme até que as autoridades sérias e competentes dêem sinal verde para voltarmos à normalidade.
Fique em casa, é vital
Na contramão do que preconizam reconhecidas autoridades sanitárias e políticas mundiais, alguns loucos de pedra e seus seguidores pseudonacionalistas continuam a defender a ideia de que a COVID ONE NINE não passa de uma gripezinha. Para estes, o lar-hospício-lar já não é o suficiente! No meu caso, a loucura criada pelo cárcere doméstico ainda está dentro das condições normais de temperatura e pressão. Mesmo tendo histórico de atleta, não pagarei para ver se trata-se ou não de uma mera gripezinha, de um resfriadinho. Brasileiro tem mania de usar diminutivos para reduzir o impacto das coisas (um minutinho, uma feijoadinha, uma cervejinha).
As pessoas que conduzem as atuais iniciativas para controlar a Covid-19 fazem parte de gerações que nunca viveram uma pandemia com os mesmos impactos sanitários, econômicos e sociais. O vírus de nome estranho (SARS-CoV-2) tem família e lógica própria, que ignora nossas vontades, sonhos e desejos. Ao nosso lado - e não é pouca coisa - há conhecimento científico, histórico e muito mais tecnologia, aliados fundamentais no atual cenário global.
No Brasil estamos no início de uma longa caminhada - uma meia maratona, talvez. Usemos as boas lições de outros países e aproveitemos as vantagens que se apresentam. A Itália, que no dia 28 de fevereiro computava dezessete mortes, um mês depois registrou oito mil óbitos. Espanha e EUA também demonstram números tristes e expressivos de vítimas. A esta altura, o discurso do Tio Sam teve que mudar. Faremos o mesmo? A proteção divina é mais do que bem-vinda, pois não sabemos que bicho vai dar. Na dúvida, fique em casa!
Socioeconomia
No devaneio de achar que posso ganhar mais um diploma EAD (agora em Economia) vou dar meu pitaco sobre a política nacional fazendária. Todos sabemos que esta é uma tragédia anunciada, muito provavelmente o principal desafio a ser enfrentado por nossos governantes assim que o “vírus coroa” não for mais uma ameaça.
O mundo inteiro está sofrendo com os reflexos econômicos negativos produzidos pela Covid-19. Em países como o nosso, que nunca teve cacife ou interesse em socorrer quem realmente precisa, o buraco é mais embaixo e os necessitados dificilmente escaparão da areia movediça. Ou seria este o momento propício para uma virada, para o fim de nossa acachapante desigualdade social, de nossa eterna condição de país emergente?
Portugal, por exemplo, tem seguido bonitinho os protocolos e, mesmo sendo vizinho da Espanha, está conseguindo conter a curva exponencial do fenecimento. Além disso, tem adotado medidas econômicas interessantes, como a carência de doze meses para o pagamento de aluguéis residenciais e o custeio, pelo governo federal, de 66% dos salários de empregados de empresas dos setores mais afetados e desta forma proteger aqueles comprovadamente menos prestigiados.
Aqui no Brasil vão aparecer algumas medidas e pacotes financeiros apresentados por iluministas de boa fé (ou não). Que prevaleçam os de boa fé! Penso cá com meus botões, ora pois: por que os poucos bancos instalados em nosso país e os bilionários de camisas verde-amarelas (são mesmo nacionalistas?) não dão verdadeiras contribuições, não simplesmente para abater no Imposto de Renda, não para maquilar a situação e lucrar ainda mais com os menos favorecidos. Está mais do que na hora de saírem rapidinho de suas bolhas para acabar reduzir o enorme fosso social. Generosidade, solidariedade e humanidade voluntária. É o que precisamos. Urge um governo federal que aplique lockdown (palavra da moda) nas contas destes nababos capitalistas e que utilize a apropriação para minimizar os reflexos da doença em nosso país.
Pode parecer uma visão romântica ou maluca, mas precisamos suscitar medidas fora da caixa para colocarmos, o quanto antes, o bico do avião canarinho para cima.
Assepsia Urbana
Pitaco apresentado, voltemos à assepsia, agora urbana. Não posso deixar de mencionar no artigo, caros leitores, a importância dos bons exemplos da limpeza urbana.
Do outro lado da poça, em Niterói, observei que os Yellow Men estão paramentados com EPI (muito parecidos com os CDA´s dos Monstros S/A). Não basta cuidar da cidade! Eles, também precisam ser cuidados e cuidar de suas famílias. Na vizinha fluminense, o trabalho de desinfecção das comunidades é feito com uma substância diluída em água chamada de quaternário de amônia de quinta geração, a mesma usada pela China no combate ao novo coronavírus.
Aqui na Cidade Maravilhosa, a Companhia de Limpeza Urbana também faz sua parte e executa a higienização em áreas onde há maior concentração de pessoas, como pontos de ônibus, acessos às estações de metrô, trem, barcas, BRT, na Central do Brasil, na Rodoviária e no entorno dos principais hospitais municipais e estaduais. Desta forma, oferece ao cidadão maior confiança, segurança à saúde neste período de pandemia.
Vai Passar!
“De gênio e louco todo mundo tem um pouco.” Que a Covid-19 dure pouco em todo o mundo e que Deus ilumine os gênios para que encontrem uma cura eficaz que nos livre dos espíritos de loucos-22.
Mestre em Administração FGV - Sócia da Siggia & Procaci Gestão Condominial
4 aAcredito que a grande maioria das pessoas lúcidas estão com a mesma sensação...que loucura..