Criatividade e liderança, as maiores competências de uma nação

Creativity as the number-one “leadership competency” of the future.

Christensen, Clayton M.. The Innovator's DNA . Harvard Business Review

O estudo da criatividade e da inovação tem sido uma verdadeira obsessão nos países mais avançados nesses últimos 30 anos e essa obsessão aumentou ainda mais a partir da Revolução Digital. A competitividade das empresas, das organizações, dos países e mesmo da raça humana depende fundamentalmente dessas duas competências. O estudo para o entendimento e fomento dessas competências tem sido o principal assunto do momento.

Buscam-se avidamente padrões de pensamento, comportamento e decisões, correlacionados ao sucesso de empreendimentos, organizações, grupos e lutas pessoais em todas as atividades humanas, de modo a compará-los, correlaciona-los e replicá-los de forma a podermos entender como os sentimentos e decisões humanas se comportam frente a adversidades e desafios. Como podemos mobilizar os sentimentos humanos para a construção de sociedades e suas organizações, tornando-as mais eficazes e duradouras?

Universidades e centros de pesquisas do 1o mundo, financiados por governos, empresas e organizações, debruçam-se sobre uma enorme quantidade de dados extraídos de empresas, forças armadas, prisioneiros de guerra, pacientes com câncer, vitima de acidentes e de catástrofes, etc, que tiveram êxito em suas lutas, comparando com aqueles que soçobraram, de forma a responderem as perguntas:

•      O sucesso vem da sorte de tropeçar no conjunto certo de decisões?

•      Ou existe algum elemento diferenciador que aumentou radicalmente suas possibilidades de estarem certas?

A procura da resposta dessas perguntas tem beneficiado todas as economias que buscam seu desenvolvimento e, especificamente as empresas que se esforçam na tentativa de serem excelentes e duradouras. Tendo essa realidade em mente, cabem as questões adicionais:

·      Porque o Brasil deveria se preocupar com a criatividade, a inovação e a liderança?

·      Porque o setor da Construção Civil e a Industria Imobiliária deveria também se preocupar muito com isso?

Existe uma compreensão hoje de que as sociedades modernas vão atingir cada vez mais produtividade, democratização da riqueza, qualidade de vida e longevidade através da inovação em sua total amplitude, da enorme mobilização da população para a capacitação em novas oportunidades econômicas e tecnológicas, além de políticas inclusivas que possibilitem distribuição dos benefícios de forma mais igualitária. A criatividade e a liderança têm um papel decisivo nesse processo.

É através das empresas e das organizações que invenções se transformam em inovações. A inovação é uma invenção inserida num processo econômico ou de gestão capaz de produzir riquezas ou de economizar recursos. Uma invenção sozinha, sem estar inserida num processo econômico viável, não é capaz de gerar resultados. Daí a necessidade de pessoas capazes de mobilizar empresas e organizações para transformar essas invenções e boas ideias, fruto de pessoas criativas, em fatos econômicos de sucesso. Essas pessoas são os líderes.

São os lideres que podem transformar o ambiente das organizações e dos setores da economia em ambientes férteis a criatividade, a inovação e a novas lideranças. Se esse ambiente é hostil, as sociedades, seus setores e organizações ficam estagnadas, deterioram e morrem.

No Brasil, temos nesse momento uma enorme oportunidade de reduzir o peso do Estado na economia, reduzindo o enorme custo e privilégios das corporações, a improdutividade do setor publico e os costumeiros assaltos aos cofres públicos por empresas protegidas. Somos hoje corredores disputando uma maratona com o mundo, com uma enorme bola de ferro atada a nossos pés. Lideranças da sociedade podem reverter isso.

Na construção civil, temos a oportunidade de rever nossa lógica de estruturação de negócios, fomentar novas lideranças, transformarmos nossas empresas em celeiros de criatividade e de inovação. Um setor que reverta seu ciclo destrutivo de valores para um novo ciclo de crescimento sustentado e de alta produtividade.

Em nosso setor temos dificuldades de toda ordem: desordenamento tributário que beneficia processo construtivos antigos, penosos e de baixa produtividade em detrimento da industrialização e modernidade, baixo nível de interação com os demais setores da economia (como o financeiro e o de materiais e sistemas), relacionamento com o Estado baseado na subserviência e dependência, mesmo sendo responsáveis por 12 a 15% do PIB. Somos desorganizados e pulverizados e não temos tido uma pauta coerente de desenvolvimento que oriente e mobilize as empresas para um desenvolvimento economicamente sustentável, como é feito na maioria dos setores de sucesso.

Essa realidade, ao invés de nos desanimar, deveria nos motivar para mudá-la. Existe muita riqueza debaixo desse manto de problemas e que poderá beneficiar as empresas, impulsionar velozmente o setor, além de melhorar a qualidade do ambiente de trabalho e liberar nossas amarras para o desenvolvimento.

Nas inúmeras e intensas pesquisas feitas no mundo, em diversas empresas, organizações e setores econômicos, descobriu-se um conjunto de verdades básicas, das quais algumas estão apontadas abaixo:

•      Atingir o sucesso e longevidade não é função de circunstâncias.

•      A excelência é uma questão de escolha consciente.

•      O ambiente não afeta a capacidade de uma empresa ou de profissionais terem sucesso e esse sucesso ser duradouro.

•      O que diferencia as empresas e pessoas de sucesso não é a presença ou ausência de dificuldades, mas a forma como lidam com essas dificuldades no dia a dia.

Temos a oportunidade de grandes mudanças e desenvolvimento em nosso setor e essa mudança parte de lideranças dentro das empresas, nas associações setoriais, nas universidades e nas suas demais partes. Essa mudança não só liberará enormes riquezas, mas também gratificara todos os participantes com trabalhos estimulantes, desafiadores, e que realmente tenham prazer e orgulho de fazer.