A crise de venture capital & o fim das startups
Recentemente, tenho visto muita gente falando sobre o futuro das startups, a queda dos super valuations, e replicando uma narrativa extremamente negativa e pessimista.
Eu discordo parcialmente e tive vontade de escrever um pouco mais sobre meu ponto de vista.
Vale dizer que é impossível prever o futuro e esse não é meu objetivo aqui, mas sim contribuir com a discussão geral e, talvez, trazer um pouco de esperança para a nova leva de empreendedores.
Teremos valuations apertados? Sim.
Startups serão mais cobradas por eficiência? Sim.
Mas isso quer dizer que a partir de agora a busca pelo crescimento acelerado está banido então? Eu acredito que não.
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Na minha opinião, entendo que o que está acontecendo é um resultado do cenário macro econômico, e não por conta do cenário do mercado de startups em si.
Ou seja, não estamos nessa discussão porque as pessoas perceberam que os empreendedores são ruins, ou descobriram scams, ou bolhas, mas sim por conta de um movimento global e natural de aversão a risco.
Muita gente tem falado que a visão agora é crescer de forma mais orgânica, que a era da queima de caixa acelerada acabou. Eu concordo e discordo.
Eu acho que coisas absurdas - alô Adam Neumann - como fechar contratos de 15 anos que nunca dariam ROI, ou comprar empresas de surf, realmente não vai mais rolar (e que bom!).
Agora, uma estratégia consciente, como o famoso "mês grátis", que é algo facilmente alterável pode seguir acontecendo.
Isso porque eu acredito que continuar investindo em growth, mesmo com a margem apertada, zero ou até negativa, contanto que com uma visão clara de virar em 12–18 meses, seguirá sendo o foco.
Até porque, startups precisam disso para sobreviver, para dominar seus mercados e evitar que grandes concorrentes, com caixa e saudáveis, tomem seus lugares. Em especial no early-stage, que a briga tá longe de ser "justa".
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E por que eu digo tudo isso?
1- porque a depressão de valor que está acontecendo agora está conectada ao macro e não aos acontecimentos do setor. Recessão chegando (ou já até presente), juros e inflações altos, custos nas alturas. Tudo isso gera bastante aversão à risco.
2- mesmo depois da descoberta de coisas absurdas na era "WeCrashed" (eu estou mencionando novamente porque é um case muito emblemático - continuo adorando a empresa 🖤), o status quo do mercado mudou pouco. Por exemplo: mesmo com o track record que ele tem, Neumann conseguiu captar US$70M para sua nova startup - e isso vindo de um VC (venture capitalist) super respeitado.
3- o mercado é cíclico. Só pensar que há 20 anos rolou a bolha da .com e toda aquela catástrofe ou sobre a crise de 2008. Estamos passando por um momento duro (e meio que de luto, então só se fala e pensa na parte triste), mas como outras coisas tristes que passamos na vida, depois de um tempo a gente meio que aprende a viver com aquilo, absorve o que dá e vai pra cima novamente. Além disso, tem muito capital acumulando e, historicamente, muita coisa foda surgiu em crises e vai demandar esse capital para se destacar e alavancar, mesmo em um momento tenso.
4- uma parte dos super valuations também está ligado ao cenário geral do mundo. Hoje, com R$1M captados você não faz praticamente nada (esses dias vi uma pringles na farmácia por R$48… sim 48 reais). Há 6–7 anos atrás, quando eu comecei a empreender, esse valor era ouro. Tudo isso muda a dinâmica de valuations, em especial do early-mid stage, porque senão a conta não fecha pra ninguém.
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Tendo dito tudo isso, quero deixar claro que eu concordo que nós, como founders, precisamos evoluir ainda mais e passar a jogar um jogo em maior nível. Pensar numa visão de mais médio-longo prazo, saber lidar com a euforia, respeitar os recursos e tomar decisões mais conscientes.
Tem uma série de aprendizados desse momento e a responsa é nossa de olhar pra isso.
Mas também não concordo com esse discurso pessimista que me parece algo que vem sendo repetido e repetido sem parar.
Para os críticos de plantão, existe uma força de “acabar” com startups, como se fosse apenas oba oba, quando se esquece do quanto de valor as startups podem e já agregam para a sociedade.
Além disso, sem o perfil corajoso de um empreendedor, não vamos resolver a tonelada de problemas que existe no mundo. Precisamos de pessoas assim, que pensam fora da caixa, tomam risco e criam coisas incríveis pro mundo.
Na minha visão, tem coisas que não vão mudar tanto assim, e tenho certeza que vai continuar existindo capital para bons empreendedores, que conseguem entregar margem de contribuição positiva, mesmo que por alguns momentos, de forma consciente, a decisão seja crescer rapidamente e queimar caixa.
Daqui uns 5–10 anos a gente olha pra trás e vê o que rolou!
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Co-fundador e Vendas | Raizhe Projetos Digitais
2 aÓtimo conteúdo!