Startups e a armadilha do debate raso
Há bem pouco tempo, falar em Startup era sinônimo de "futuro", revolução e movimentos disruptivos no mercado - principalmente tecnológico.
Parecia o sonho de qualquer um trabalhar numa dessas empresas. Ambiente descontraído, bons salários, um futuro promissor e a chance de gerar grande impacto - sendo reconhecido por isso.
Agora, você deve estar pensando que eu vou desconstruir essa imagem das Startups. Certo?
Não, pois fazer isso seria manter a estrutura superficial que vem dominando as discussões sobre o assunto. O futuro, de certa forma, já chegou. E as Startups hoje passam por um momento bem diferente.
Depois de anos no mercado, alguns alertas foram ligados. Sequências de resultados negativos trouxeram reflexões e mudanças necessárias. Algumas startups anunciaram, no último trimestre, demissões em massa.
Isso mostra que não basta ter uma ideia inovadora. Não basta alterar a ordem vigente. Tudo isso é incrível e fundamental, mas não podemos perder de vista que uma Startup, por mais inovadora que seja, é uma empresa. E uma empresa deve buscar o máximo de rentabilidade e geração de caixa possível.
Como fazer isso acontecer? Essa é a pergunta da maior parte das pessoas. Vou falar sobre uma das coisas mais importantes para uma empresa como essa: Modelagem Financeira.
Sem uma boa modelagem, dificilmente qualquer empreendimento será sustentável. Startup ou não...
E consigo ver diversas lacunas nos cases recentes. Muitas contratações pautadas em rodadas de investimento sem o embasamento de uma boa Projeção Financeira. Só que como o resultado não veio, a lógica ficou insustentável.
Também há relatos de problemas na logística e na jornada de sucesso do cliente. Pontos que devem estar no planejamento de empresas que buscam crescimento e resultados sustentáveis.
De nada adianta escalar e estagnar… muito menos morrer na praia. Mas e então, as Startups são empresas incríveis e disruptivas? Ou são negócios desorganizados, que demitem sem piedade?
O debate é muito mais complexo e profundo.
Muitas startups são sim empresas fantásticas e estão mudando o mundo de diversas formas: desde a forma como vemos filmes e séries; como nos locomovemos em meios urbanos e até mesmo como pedimos nossas refeições.
E também tem as Startups que fizeram projeções sem qualidade e acabaram comprometendo sua equipe e investidores e, inevitavelmente, a sua imagem perante o mercado.
Repito, não deixam de ser empresas, com uma visão de mercado e necessidade muito clara: geração de caixa.
E você, conhece algum caso de empresa que, por falta de uma boa modelagem, teve problemas?
Sócio proprietário na Blue Door Tech
1 aRicardo, obrigado por compartilhar!
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2 aPara muitos, a criação de uma startup já seria mais do que meio caminho andado para se chegar ao sucesso. Soluções disruptivas e produtos inovadores teriam sua parcela de mercado garantida e continuamente crescente pela facilidade/comodidade na prestação de um serviço ou pela nova experiência na aquisição de um produto. Mas como o post mostra, a realidade tem sido bem diferente. Chega a assustar a recente onda de demissões num importante grupo startups. O que teria dado errado? Acho que a maioria dessas startups foi muito bem assessorada, especialmente no aspecto financeiro, até pq os investidores precisam ser assertivos no alocação de recursos. Inimaginável esses projetos saírem do papel sem uma modelagem criteriosa (Será?). Talvez a maior dificuldade tenha sido construir cenários confiáveis a partir de premissas bem elaboradas. Acho que o maior desafio gira nas seguintes questões: (i) como elaborar premissas capazes de mensurar com relativa segurança o desempenho de cias sem histórico anterior e sem pares de mercado em razão do ineditismo da solução/produto?; (ii) qual o tamanho do mercado que esse novo negócio irá ocupar?; e (iii) relativizar o surgimento de concorrência com novas soluções/produtos ainda mais inovadores.