Cultura Organizacional – Como a cultura pode influenciar no trabalho do Consultor.
Recentemente fui convidado para participar da celebração de aniversário de uma das empresas com as quais trabalho. Foi realizado um evento com a presença de todos os funcionários e da direção da empresa. Na ocasião, realizamos uma atividade de integração e os diretores falaram para os funcionários sobre os direcionamentos da empresa para o ano, de como a empresa pretende atingir suas metas e finalmente da necessidade de envolvimento de todos para que esse propósito seja alcançado. Não faltou um bolo comemorativo, uma foto com todos os presentes e um almoço de confraternização.
A realização de um evento com essa característica remete-nos a um sentimento de que a empresa passa por um momento de “céu de brigadeiros”, sem turbulências, sem conflitos internos e com resultados em linha com o previsto. Apesar de todo esse ambiente de celebração, as ações do dia a dia acabam por não refletir o que foi planejado. Você sente no ar, que falta alguma coisa, que as peças ainda não estão bem encaixadas, o que impede a empresa de alcançar uma cultura de alto desempenho. A pergunta que fica no ar é: Por qual razão isso acontece dentro de uma empresa?
Quando falamos em Cultura Organizacional estamos falando de “como fazemos as coisas”. É o princípio básico que envolve o todo da organização. Não é nada fácil fazer uma transição para consolidar uma cultura de alto desempenho, que possa levar a uma poderosa vantagem competitiva, principalmente quando você já encontra algo sedimentado, onde os principais atores da organização se interagem e se preservam mutuamente no sentido de manter seu status quo.
Sabemos que mudança de cultura não acontece de um dia para o outro, não existe o dia da virada de chave, mas sim, um trabalho construído a várias mãos, reforçado por um consistente trabalho de Coaching envolvendo as principais lideranças.
É primordial que a alta direção durante todo o processo de transição seja a grande patrocinadora desse processo de transformação dando respaldo a algumas ações, que dentre outras podemos citar:
· Comunicação clara e transparente.
· Programas permanentes para atração de talentos, treinamento e desenvolvimento.
· Processo de delegação para que as lideranças assumam mais riscos e tomem mais decisões.
· Empoderar as pessoas dentro dos seus níveis de competência para que elas possam fazer aquilo que precisa ser feito. O foco é a melhoria continua e o objetivo é superar as expectativas do cliente.
· Ouvir, ouvir e ouvir para que as pessoas tragam soluções e propostas de melhorias.
O nosso papel enquanto Consultor é procurar por sinais que nos ajude a compreender o que ocorre no ambiente interno da empresa e nada melhor do que conversar com o maior número de pessoas de diversos níveis da estrutura hierárquica. Ao mesmo tempo, procuro ler os relatórios disponíveis, sites, mídias sociais, quadros de aviso, painéis de gestão a vista para saber como andam os indicadores gerais, o absenteísmo, se ocorreu algum tipo de acidente de trabalho, qual é o índice de turnover, onde ocorreram não conformidades, como andam as conversas de corredor, quais clientes estão chegando e quais saíram, por que saíram, e muitas outras informações que acabam chegando a você de forma cruzada.
Quando chego a sentar com as lideranças e com a direção da empresa já estou de posse de um bom diagnóstico sobre o que entendo ser os pontos frágeis que dificultam a construção dessa nova cultura. Procuro sempre confrontar estas informações com a Visão, a Missão, os Valores e Princípios, que normalmente estão nos quadros colocados nos diversos ambientes da empresa. Dessa forma fica mais claro saber o que não está funcionando, ou onde o discurso não se alinha com a prática. Esse é o diferencial de quem chega de fora da organização e percebe a empresa com outros olhos, com isenção, sem muita contaminação, e consegue identificar coisas que a maioria das pessoas, ou não querem, ou não conseguem perceber.
Independente do trabalho pelo qual o Consultor é contratado, ele não pode deixar de perceber os sinais dados pela organização, pois muitas vezes ele é contratado para fazer um trabalho e o problema pode ser outro totalmente diferente. O sucesso do Consultor passa por ter essa percepção e pela capacidade para identificar e demonstrar a necessidade de mudança, que se forem implementadas, pode levar a empresa a um outro patamar.
Cultura de alto desempenho é aquela completamente alinhada onde todos comungam dos mesmos objetivos, concentrando-se em fazer aquilo que é mais importante, com ênfase na colaboração entre áreas e equipes e com capacidade para identificar ameaças e agir com prontidão.
No caso presente, o sucesso para uma Cultura de Excelência passa pelos seguintes fatores:
· Vontade dos dirigentes em construir um propósito grandioso alinhando todas as ações com a Visão, Missão e Valores.
· Os líderes, em todos os níveis precisam estar totalmente envolvidos com esse propósito, dando aos colaboradores todas as condições possíveis para a consecução dos objetivos propostos.
· As pessoas precisam se sentir empoderadas para assumir responsabilidades pela execução e solução de problemas, respeitado o seu grau de autonomia.
· Todos na empresa precisam respirar uma crença única de que é possível alcançar resultados surpreendentes, independente do nível ou posição hierárquica.
· A empresa precisa celebrar suas conquistas, reconhecendo aqueles que estão ajudando a fazer esse resultado.
Carlos Eduardo S. Pereira é Diretor da Talentos Top, desde 2002, atuando nas áreas de Gestão Empresarial e de Pessoas, Coaching e Cultura Organizacional. É também, Diretor do Núcleo Regional da ABCO – RJ.