Cultura organizacional: um pilar invisível para o desempenho empresarial
"A Cultura come a Estratégia no café da Manhã", frase de Peter Drucker.
“A cultura organizacional é um pensamento coletivo, modelo mental, reflexo do dia a dia da forma como engaja, reage, orienta o comportamento, jeito de ser e fazer, o espírito do negócio.”
Esse assunto é de extrema importância e deve ser prioridade no conselho. Não tem como um conselho obter resultados se não compreender a cultura da empresa onde atua.
Cultura é o modo de ser e fazer de uma empresa.
Entendendo a ética e a moral: bases da cultura organizacional
Para aprofundarmos nossos conhecimentos sobre cultura, primeiro precisamos entender a diferença entre ética e moral. A ética e a moral são conceitos relacionados, porém distintos, sendo:
Ética:
- A ética é um conjunto de princípios e valores que orientam o comportamento humano e as decisões que uma pessoa toma.
- A ética é mais abrangente e global, envolvendo uma reflexão sobre o que é certo e errado, justo e injusto, bom e mau.
- A ética é mais teórica e filosófica, buscando compreender os fundamentos e as razões por trás das normas morais.
Moral:
- A moral refere-se às normas e regras de conduta estabelecidas em uma sociedade ou grupo específico.
- A moral é mais específica e prática, definindo o que é considerado certo ou errado em um determinado contexto.
- A moral está mais ligada às normas sociais, costumes e tradições de um grupo ou comunidade.
- Pode variar conforme a cultura, a tradição, a religião e as leis de um determinado grupo ou sociedade.
A ética se preocupa com os princípios e valores universais, enquanto a moral lida com as normas e regras específicas de conduta em um determinado contexto.
A cultura organizacional reflete os valores, crenças e comportamentos que são incentivados e praticados dentro da organização. Sendo também um reflexo dos valores morais que orientam as práticas e decisões tomadas pela empresa.
Mapeando a Cultura
Como entender a cultura de uma organização?
É preciso entender o pensamento e o sentimento, aí está a cultura.
Algumas dicas:
- Primeiro, o conselheiro deve ser ético e não necessariamente trazer seu conjunto de moral e impor sua moralidade. Deve aprender a construir relações de confiança, ser observador e aberto.
- Conhecimento da estrutura de poder: o organograma fala por si só.
- Entrevistas e conversas: o conselheiro pode realizar entrevistas com líderes, funcionários de diferentes níveis hierárquicos e departamentos, bem como partes interessadas externas, para obter uma visão abrangente da cultura da empresa.
- Observação direta: participar de reuniões, eventos, treinamentos e outras atividades da empresa pode fornecer ao conselheiro insights valiosos sobre a cultura organizacional, normas de comportamento e valores compartilhados.
- Análise de feedback e dados: o conselheiro pode revisar pesquisas de engajamento, avaliações de clima organizacional, feedback de funcionários e outras fontes de dados para identificar padrões e tendências que revelam aspectos importantes sobre a cultura da empresa.
- Avaliação de valores e comportamentos: observar como os valores declarados pela empresa se traduzem em comportamentos reais no dia a dia pode ajudar o conselheiro a compreender a autenticidade da cultura organizacional.
- Colaboração com a liderança: trabalhar em estreita colaboração com a liderança da empresa, incluindo o CEO, os diretores e outros executivos, pode fornecer ao conselheiro uma compreensão mais profunda da cultura organizacional e das estratégias de desenvolvimento cultural.
- Verificar o manifesto, se houver, e compreender os valores aceitáveis e não aceitáveis da organização.
Para entender a cultura de uma empresa, um conselheiro pode adotar uma abordagem holística, combinando pesquisa, análise, interação direta e colaboração com os principais stakeholders, a fim de obter insights valiosos e construir uma visão abrangente da cultura organizacional.
E por que isso é fundamental?
Os valores orientam a cultura que, por sua vez, orientam os funcionários, que orientam os clientes.
Cultura não é perfumaria, não é um quadro na parede, mesa de jogos e geladeiras com bebidas. A cultura é formada pelas pessoas que executam e os valores que elas carregam.
Recomendados pelo LinkedIn
Assim que entender a cultura, você vai atuar de maneira mais assertiva, pois não existe receita de bolo e será mais fácil a implantação dos direcionamentos.
Alguns conceitos que precisam ser reforçados:
1- Não existe cultura certa, existe a cultura que a empresa precisa.
2- Não existe cultura forte ou fraca, existe cultura instalada.
3- Empresas têm silos e podem ter muitas culturas.
Tipos de Culturas Organizacionais:
Culturas empresariais nocivas
Quando interferir na cultura?
Existem algumas culturas organizacionais que podem ser nocivas para uma empresa e prejudicar seu desempenho, clima organizacional e reputação. Aqui estão alguns exemplos:
- Cultura baseada na liderança: a cultura tem que ser da empresa e não da liderança. A cultura, em forma de patrimônio, é da empresa, porque se for do líder, a cada liderança a empresa renasce.
- Cultura onde o centro é o processo e não as pessoas: nunca podemos esquecer que as pessoas executam os processos e entregam resultados; ou seja, elas são o princípio da cultura.
- Cultura do medo: uma cultura baseada no medo, intimidação e coerção pode inibir a comunicação aberta, inovação, colaboração e engajamento dos funcionários. Funcionários que estão constantemente com medo de represálias tendem a ter baixa produtividade e alto índice de rotatividade.
- Cultura do silêncio: uma cultura onde os funcionários são desencorajados a expressar suas opiniões, dar feedback ou questionar decisões pode levar a problemas de comunicação, falta de transparência e dificuldades na resolução de problemas.
- Cultura do individualismo: uma cultura que valoriza apenas o desempenho individual em detrimento do trabalho em equipe e colaboração pode criar um ambiente competitivo e desmotivador. Isso pode resultar em falta de cooperação, conflitos interpessoais e dificuldades em bater metas coletivas.
- Cultura da conformidade: uma cultura que valoriza a conformidade cega e desencoraja a diversidade de pensamento e a criatividade pode limitar a inovação, a adaptação às mudanças e a capacidade de resolver problemas de forma eficaz.
- Cultura da falta de ética: uma cultura que tolera ou até mesmo incentiva comportamentos antiéticos, como fraude, corrupção, discriminação ou assédio, pode prejudicar a reputação da empresa, minar a confiança dos funcionários e clientes, e resultar em consequências legais e financeiras severas.
Culturas organizacionais que promovem o medo, a falta de transparência, o individualismo excessivo, a conformidade cega, a falta de ética, a microgestão e a falta de feedback podem ser prejudiciais para uma empresa, minando sua eficácia, comprometendo o bem-estar dos funcionários e prejudicando sua reputação no mercado. É importante identificar e corrigir essas culturas nocivas para promover um ambiente de trabalho saudável, colaborativo e produtivo.
Uma empresa que vive a entropia cultural vive um desserviço. E para interferir é importante entender que a Cultura é um sistema de crenças.
O comportamento é gerado no pensamento, que gera o sentimento e a ação.
Interferindo na cultura: estratégias eficazes
Para interferir na cultura, deve-se interferir nas crenças. Uma mudança cultural nunca pode ser Top Down, lembrando que são crenças e as pessoas devem crer, mas certamente o topo deve acreditar e exercitá-la, pois o exemplo arrasta, não pode ser algo para ser pendurado em um quadro.
Dois indicadores para medir a cultura: engajamento da liderança e turnover.
Mudar a cultura depende da empresa e do que ela quer. O propósito traz valor e gera a cultura.
Ah, é importante lembrar: não se faz benchmarking de cultura, crie a sua própria.
E quando se fundem empresas, como lidar com o conflito de culturas?
Quando se fundem empresas, você não cria uma mistura de duas culturas ou força uma delas, você cria uma nova cultura.
Assim que você entrar em um conselho de uma empresa, compre sua cultura e seus valores, se você não concorda, saia ou tente mudá-la. Ficar e jogar contra não é produtivo.
Espero que você Marcia Lourenço tenha gostado do meu artigo sobre cultura rsrs (piada interna do curso).
Muito bom, Érika!! 👏 👏 👏