De 1911 a 2021 – O que temos a celebrar?
Chegamos a mais um Dia Internacional da Mulher e não tem como não olhar para a nossa trajetória e não pensar sobre as nossas conquistas, mas também os desafios que ainda precisamos avançar para ter os nossos direitos reconhecidos.
Esse 8 de março foi ainda mais sensível, afinal neste dia completamos aproximadamente 1 ano que estamos convivendo com uma pandemia onde sabemos que as mulheres e os grupos subrepresentados foram os mais afetados em termos de demissões e saúde mental. O mundo inteiro se viu diante de uma situação bastante adversa, com muitos desafios e cenários novos para lidar.
Ainda, é importante mencionar o aumento de casos de violência doméstica nos lares agravados pelo isolamento social. De acordo com o relatório divulgado pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, somente em 2020, na cidade de São Paulo, mais de 24 mil mulheres foram vítimas de violência, um aumento de 12% a mais que no período anterior.
Muitas vezes celebramos datas comemorativas como a Páscoa ou o Natal sem muito refletir sobre a origem da data. Quero resgatar aqui com você como surgiu o Dia Internacional da Mulher.
Há relatos de que, no início do século passado, operárias têxteis de uma fábrica de Nova York teriam entrado em greve pela redução da jornada de trabalho de 16h para 10h por dia, operárias essas que, pelas 16h diárias, recebiam um terço do salário dos homens. A manifestação teria sido severamente reprimida e as grevistas trancadas na fábrica, na qual teria se ateado fogo. Com base na versão histórica, o episódio teria sido uma das motivações para a criação do Dia Internacional da Mulher em 08 de março.
No Brasil, o movimento pelos direitos da mulher começou durante o governo de Getúlio Vargas quando, em 1932, foi assinado o decreto que assegurava às mulheres o direito de votar. Porém, até 1965, o direito era estendido apenas às mulheres com profissões remuneradas.
E foi justamente nesse período nas lutas por melhores condições nas fábricas que iniciamos a Primeira Onda Feminista. Foi o momento em que o movimento se consolidou em torno da luta pela igualdade de direitos para homens e mulheres. As mulheres se organizaram e protestaram contra as diferenças contratuais, a diferença na capacidade de conquistar propriedades e contra os casamentos arranjados que ignoravam os direitos de escolha e os sentimentos das mulheres.
Já as décadas de 60 e 70 do século XX foram marcadas por inúmeras revoluções que tomaram conta do cenário mundial, como o movimento hippie, as manifestações estudantis, os manifestos contra a guerra do Vietnã e, na América Latina, os movimentos de resistência contra as Ditaduras Militares. Tudo isso influenciou a necessidade de avançar nas reivindicações pelos direitos das mulheres.
A Segunda Onda Feminista surge, especialmente nos EUA e na França, cuja maior bandeira é a discriminação de gênero. Entretanto, no Brasil a Segunda Onda é marcada pela busca de respeito às diferenças e de igualdade de direitos onde tivemos importantes conquistas como o direito de ter CPF, o surgimento da pílula anticoncepcional e a Lei do Divórcio que concedeu às mulheres a possibilidade de um novo casamento (ainda que uma única vez e todo o preconceito que envolvia ser uma mulher divorciada).
Por fim, a Terceira Onda, situado a partir da década de 1990, é marcado pelo amadurecimento do movimento feminista onde há um questionamento do padrão branco de classe média-alta das feministas, abrindo espaço para as mulheres negras se destacarem e também pensar a diversidade existente em nós mulheres em função das diversas camadas às quais somos atravessadas: orientação sexual, cor, idade, geografia, se possui deficiência ou não, se é mãe ou não e diversos outros marcadores.
Ainda temos muito o que avançar sem dúvidas. No campo social, empresarial, político, cultural, econômico, nas academias, em todos os espaços de poder. A sociedade carece da energia feminina para a regeneração dos sistemas: mais empatia, colaboração, inovação, criatividade e resiliência.
E para mudarmos o mundo precisamos começar por nós. Qual compromisso você pode realizar hoje para ser uma melhor pessoa aliada das mulheres na sociedade?
O problema de gênero é um problema de todos e deve ser olhado de maneira sistêmica e estrutural em nossa sociedade. Eu quero no fim da vida saber que de alguma forma estou contribuindo para termos um mundo mais justo e igualitário para todas as pessoas. Você vem junto?